Prepare-se para viajar no tempo e acompanhar a jornada de quatro irmãos na busca para reencontrar os pais desaparecidos após o bombardeio atômico em Hiroshima. Quase 80 anos depois do crime de guerra cometido pelos Estados Unidos ontra civis em Hiroshima e Nagasaki, o escritor brasileiro Renan Carvalho se inspira em histórias que utilizam a imaginação para superar traumas em seu livro Dez mil sóis.
Lançado em agosto pelo selo Outro Planeta, a trama se passa justamente nesse período trágico no qual as personagens Kazuo, Kenji, Michiko e Shiro são enviados para um internato logo depois de Hiroshima ser atingida pela bomba que devastou a cidade. O calor que varreu da existência casas, prédios, carros e milhares de pessoas foi tão forte e brutal que partiu o céu ao meio, forçando os japoneses a se equilibrarem sobre a fina linha que separava o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Uma porta se abriu entre aqueles dois lugares, permitindo que criaturas demoníacas se espalhassem pela cidade, alimentando-se da tragédia, dos corpos dos que morreram e da esperança dos que ainda lutavam para sobreviver.
Amante de animes, HQs, mangás, games e livros, Renan criou uma história em Dez mil sóis que mescla realidade e fantasia para rapresentar uma família despedaçada, cujas crianças enfrentarão desafios muito mais assustadores do que o fogo e a destruição da guerra. Em meio aos escombros da cidade devastada, Kazuo, Kenji, Michiko e Shiro precisarão unir forças para sobreviverem às criaturas e os perigos na esperança de reencontrarem aqueles que tanto amam.
“Eu sempre quis escrever sobre o Japão. Minhas outras obras já contém inúmeras referências da cultura pop japonesa, mas Dez mil sóis me deu a oportunidade de mergulhar mais fundo nos dilemas desse país, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial. A ideia era fazer uma aventura com inspirações nos animes, mas que trouxesse uma discussão mais profunda a respeito do valor da vida durante a guerra em uma cultura cheia de tradições e tabus”, conta o autor.
Visivelmente traumatizados pela guerra, os irmãos Kurumoto atravessam um mundo fantástico e descobrem habilidades especiais. Com uma katana mágica, um amuleto tokusatsu, um espelho repleto de energia espiritual e um robô mecha, os quatro terão que enfrentar youkais, criaturas sobrenaturais do folclore japonês; monstros gigantes e desafiar a própria morte encarnada em um Shinigami para escaparem do internato, voltarem para Hiroshima e, finalmente, encontrarem os pais perdidos.
“Estou bastante animado em lançar com a Editora Planeta, que é uma das maiores casas editoriais na América Latina. No Brasil, eles têm um portfólio infanto juvenil forte e uma excelente distribuição nacional. Além disso, eles são muito caprichosos no cuidado editorial com os livros. Eu amei a versão final de Dez mil sóis”, afirma Renan.
Para o autor, a obra é uma homenagem à cultura japonesa e é uma forma de relembrar que a bomba atômica foi uma das coisas mais terríveis já criadas pela humanidade.