Pense como seria ler uma HQ que consegue misturar a ação e violência de John Wick com ficção científica sobre espaço-tempo. Agora, prepare-se para conhecer o melhor mangá, quiçá a melhor leitura de 2024, com Yan, de Chang Sheng. Também conhecido como manhua ou T-mangá, o novo lançamento da Comix Zone, impressiona pelo trabalho gráfico, o estilo artístico e a proposta de narrativa.
Completo em três volumes, com o primeiro lançado no finzinho de agosto e o segundo já em pré-venda, você acompanhará a história de Yan Tiehua, uma jovem de 15 anos, que faz parte de uma renomada trupe da Ópera de Pequim. No entanto, quando todos os membros de sua família são brutalmente assassinados, a adolescente é injustamente acusada desse crime bárbaro. Única sobrevivente do massacre, ela é encarcerada por longos anos em um centro de pesquisa secreto. Mas chegou a hora da verdade. De volta entre os vivos, Yan não se esqueceu de nada. Vestida com o tradicional traje teatral que sua família costumava usar, ela embarca em uma espiral de vingança.
A construção narrativa de Chang Sheng consegue crescer e escalar de uma maneira em que você não terá fôlego de parar a leitura desse mangá. Com um assassinato transmitido via live nas primeiras páginas, para uma sequência de lutas, fuga e violência numa sequência frenética, Yan lida muito bem com o virar das páginas ágil e diálogos bem pontuados para evoluir com a história.
Com diversos mistérios sendo apresentados, o leitor aos poucos vai descobrindo sobre a prisão de Yan, os poderes de uma jovem jogadora de Go, as motivações de um velho policial aposentado, o misterioso viajante no tempo e a mulher envolvida com uma poderosa inteligência artificial. Misturando sede de vingança, muita porradaria e com a temática de viagem no tempo sendo introduzida aos poucos.
O traço e a arte de Chang Sheng é simplesmente maravilhosa! Com um traço limpo, o ilustrador taiwanês consegue coreografar muito bem as lutas, fazendo a leitura fluir ao mesmo tempo em que você investe tempo para admirar a belíssima arte sequencial que ele desenvolve. Pitadas de sensualidade pontuam a protagonista numa dicotomia entre a delicadeza trazida pela Ópera de Pequim e sua juventude com a necessidade de lutar pela verdade e sobrevivência.
De dar inveja a qualquer mangá seinen, Yan possui excelentes sequências de luta e aos poucos abre para uma história muito maior e além de uma simples vingança. Com um tom mais sombrio, o autor consegue combinar muito bem questões culturais, a proposta de sua narrativa e suas influências para desenvolver um mangá sobre ficção científica.
Mais uma vez a Editora Comix Zone consegue entregar uma excelente edição nacional, que vem acompanhada de um shikishi exclusivo, criado especialmente para esta edição brasileira além de valorizar a caligrafia feita pelo mestre Hiroshi Hirata para o logo de Yan.
Com acabamento de luxo, capa cartão, sobrecapa, papel pólen bold de alta gramatura e miolo com acabamento colado e costurado, para garantir o melhor manuseio das páginas, este mangá possui um excelente custo benefício para quem gosta de uma excelente leitura.