Spirit of the North 2 dá sequência a um simpático indie lançado em 2019, que na época fez seu sucesso por ser um joguinho de raposa um tanto “cozy”. O estúdio norte-americano Infuse tinha planos maiores para a segunda aventura da sua raposa, expandindo o escopo para um projeto de mundo aberto com o dobro de duração.
Essa mudança de ares certamente dá uma cara nova para o jogo – afinal, o primeiro era bem linear e contemplativo. A parte da contemplação continua neste aqui, mas agora com um mapa gigantesco para ser explorado. O problema é que, muitas vezes, a ideia acaba sendo mil vezes melhor do que a execução.
Na imensidão do vazio
Em Spirit of the North 2, nossa raposa deve libertar os guardiões de uma terra desolada, a fim de derrotar o perigoso xamã Grimnir, que ameaça aquela região. Esse não é um jogo focado em história e tudo sobre aquele mundo é contado através de pequenos registros espalhados pelo mapa como colecionáveis. Dito isso, quem não gosta muito de caçar tesouros pode achar esse detalhe um problema.

O jogo abandona o level design linear para oferecer um mapa surpreendentemente grande. Mais uma vez, há um foco muito grande na natureza da coisa, então somos agraciados com diversas paisagens e biomas a serem contemplados. Contudo, não demora muito para essa experiência se tornar entediante.
O mundo de Spirit of the North 2 é extremamente vazio, mas não de um jeito bom, como vemos em Breath of the Wild, por exemplo. Seu objetivo primário é encontrar itens chamados Spirits Wisps, que estão espalhados em abundância pelo mapa, para liberar o caminho até as dungeons principais. Podemos dizer que 90% do jogo se baseia nisso – e no geral, não há nada interessante o suficiente para nos manter interessados na exploração.

Além de andar sem rumo para todos os cantos, você também precisará solucionar vários puzzles. Essas atividades estão diretamente relacionadas aos Spirits Wisps, mas nem mesmo esse estímulo ajuda a tornar essa jornada menos maçante. Os puzzles são fáceis e, no geral, solucionados antes mesmo de você se dar conta!
Um mundo bugado
Quando você não estiver explorando a natureza selvagem, estará se aventurando em meio a alguma dungeon – que seguindo a clássica premissa dos games, sempre guarda um chefe no final. Não nego que essas batalhas trazem uma mudança bem-vinda no tom da jornada, mas é aqui que os problemas técnicos mais brilham.
Essas dungeons são básicas, mas conseguem oferecer uma experiência decente que combina puzzles com plataforma. O mesmo pode ser dito dos chefes, que até conseguem ser desafiadores (e isso me surpreendeu positivamente). Não esperava tanta emoção em um jogo que outrora tinha fama de ser cozy, mas às vezes a mudança é necessária.

Meu maior problema com Spirit of the North 2 foram os bugs, que prejudicaram muito minha experiência com o jogo. Sou daqueles que gosta de explorar cada cantinho do mapa (por mais chato que seja), então meu tempo de gameplay foi extenso, passando das 15 horas. Em todo esse período, tive que enfrentar bugs horrendos.
Em alguns momentos, a música simplesmente desaparecia (e só voltava quando queria). Em outros, a iluminação no interior das dungeons enlouquecia, ao ponto de ficar impossível de enxergar qualquer coisa. Ainda houve um momento em que um dos chefes bugou e simplesmente se recusou a lutar, me impedindo de avançar naquele trecho e forçando a reiniciar a dungeon.
Muitos podem pensar “era só retornar ao último checkpoint ou reiniciar o jogo”. Tentei fazer isso várias vezes, mas para minha surpresa, o salvamento automático também registrava o bug. Era impossível se livrar daquilo de uma forma prática, restando apenas tentar continuar jogando da forma como for possível até que o jogo voltasse a funcionar.

Já tem quase um mês que Spirit of the North 2 foi lançado e, a essa altura, os devs tiveram algum tempo para corrigir parte dessas falhas – mas eles certamente têm muito trabalho pela frente. A impressão que passa é que lançaram o jogo antes da hora, sacrificando tempo valioso de testes, correções e polimento.
De qualquer forma, Spirit of the North 2 é ambicioso e eu respeito isso. Está muito longe de ser perfeito, mas é uma boa definição de sequência. Ele certamente expande profundamente o primeiro jogo e é esse tipo de ousadia que move a indústria de games.