Baseado originalmente na série de livros da Cressida Cowell e na amada animação de 2010, o novo filme revisita a história de Soluço, o viking mais desajeitado de Berk, que troca o machado pela empatia e ensina um mundo inteiro a ver os dragões com outros olhos. Mas por trás da roupagem nova, o que mais chama atenção é que o longa entende que seu maior trunfo não é o dragão, nem a nostalgia mas sim a sensibilidade.

Desde o início, fica claro que essa não é só mais uma história de superação, mas uma jornada de transformação. Soluço (Mason Thames), apesar da pressão de seguir os passos do pai, o temido matador de dragões “Stoico, o Imenso” (Gerard Butler), escolhe um caminho diferente: o do diálogo, da curiosidade, da compaixão. E isso muda tudo! Aqui, na adaptação em live action, a amizade entre ele e Banguela ainda é o coração da história, e continua pulsando forte.
Assim como na animação, o filme acerta quando mergulha nesse conflito entre tradição e descoberta. Soluço não quer ser o que esperam dele, a relação entre pai e filho é tratada com honestidade, sem apelar pra grandes dramatizações, mas deixando claro que crescer também é aprender a discordar de quem a gente ama e aqui tanto Mason Thames e Gerard Butler conseguem entregar boas atuações entre diálogos e brigas entre pai e filho, quero dizer filho e pai respectivamente.

Visualmente, o filme entrega o esperado: cenas aéreas lindas, voos com sensação de liberdade e uma fotografia que sabe equilibrar fantasia e emoção. Além disso, trilha sonora repete a mágica da animação original, e isso não é demérito. Se tem uma coisa que a DreamWorks entendeu bem aqui, foi que emoção, quando bem feita, não precisa ser reinventada.
Além do mais, o que funcionou extremamente no live-action, foi o redesing dos dragões, que agora além de serem mais “críveis” também conseguem ser mais ameaçadores.
Em alguns momentos, o filme parece preso demais à sombra da animação, tentando emular expressões, piadas e até cenas quadro a quadro. Nesses trechos, as cenas podem soar um pouco mecânica, como se a produção tivesse medo de ousar demais e “mexer no que já funcionava”. Não é grave, e no fim é até melhor assim, já que temos vários outros exemplos de adaptações que ousaram mudar de mais e decepcionaram.

Como Treinar o Seu Dragão continua sendo uma história que inspira. Assim como a animação, o novo filme entende que a verdadeira força não está no grito viking mais alto ou no golpe da espada mais afiada, mas na compaixão e na compreensão.
Visualmente encantador, o live-action de Como Treinar o Seu Dragão respeita o que veio antes, entrega emoção com sinceridade e atuações sólidas e sensíveis, especialmente de Mason Thames e Gerard Butler, que dão força ao drama central entre pai e filho. O filme acerta ao lembrar que a verdadeira coragem está na empatia e na capacidade de mudar.