Patapon é uma das franquias mais marcantes do PSP, mas que infelizmente acabou sendo enterrada junto com o legado do portátil. A Sony até tentou revivê-la no PS4 com alguns remasters, mas esse é o tipo de jogo que foi pensado para se jogar em um console de mão. Jogá-lo na TV definitivamente não parece certo!
Eis que, para a surpresa de todos, os dois primeiros jogos foram anunciados em uma coletânea para Nintendo Switch! Por algum motivo, o terceiro foi deixado de fora da festa, mas só o fato de podermos usufruir dessas belezinhas no portátil mais legal de todos os tempos já é uma excelente notícia.
Retorno rítmico
Patapon 1+2 Replay aprimora os clássicos com refinamentos visuais, novos recursos de acessibilidade e correções de problemas que se faziam presentes nas remasterizações anteriores. Aqui, a essência do ritmo com estratégia está preservada, mas com belas adições: comandos calibráveis, guias visuais, modos de dificuldade e multiplayer local no Switch são alguns exemplos.

Diferente dos remasters lançados anteriormente, ambos os jogos ganharam texturas em alta resolução, com fonte redesenhada e interfaces ajustadas para telas grandes. Agora sim é possível jogá-lo na TV sem aquela sensação de que você está esticando uma imagem de uma telinha de apenas 4 polegadas.
A coletânea corrige diversos problemas deixados pelos ports de PS4: a tipografia já não é gigantesca e nem pixelada, os menus e balões de texto têm proporções adequadas e tudo aparenta ser redesenhado com cuidado. As animações rodam a 60 frames por segundo, com fluidez que faz toda a diferença em um game de ritmo; mesmo os efeitos visuais como chuva, reflexos e partículas receberam um polimento adequado.
Os cânticos ritmados dos Patapons foram regravados com bitrate mais alto e agora recebem mixagem espacial em fones, com graves e agudos separados em camadas; isso traz um efeito imersivo que reforça a sensação de liderar um ritual tribal com tambores ecoando ao redor. A versão Replay também traz menus específicos para calibragem de latência e ajuda a mitigar qualquer descompasso entre áudio e comando.

O gameplay mantém sua fórmula original: usando apenas quatro tambores (Pata, Pon, Don e Chaka), o jogador comanda seu exército respondendo ao ritmo para marchar, atacar, defender ou recuar. Essa interface minimalista é um dos maiores atrativos da série: ensinar um exército a obedecer batidas e comandá-los em confrontos estratégicos é uma experiência única.
Melhorias e novidades na jogabilidade
A coleção adiciona recursos que modernizam a experiência sem alterar drasticamente o material original. Há três modos de dificuldade, permitindo que tanto novatos quanto veteranos ajustem a precisão exigida para manter combos e o Fever Mode.
Agora também é possível tocar uma sequência de ajuste de timing antes de entrar no jogo. Essa calibragem é um “game changer” em TVs modernas, reduzindo atrasos comuns que assombravam as remasterizações anteriores.

Outro recurso legal é a opção de exibir os comandos de tambor na tela. Esse guia visual ajuda demais quem ainda não memorizou os padrões ou esqueceu sequências como “Chaka Chaka Pata Pon” no meio de uma batalha tensa. Você pode ligar ou desligar conforme sua preferência, então ainda é possível jogar da forma mais tradicional.
O sistema de equipamentos, evolução de unidades e interface de inventário também foram simplificados. Navegar por centenas de armas, capacetes e upgrades ficou mais ágil, reduzindo a repetição irritante de mineração de recursos entre fases e tornando a curva de progressão mais fluida.
No Switch, o modo multiplayer local para até quatro jogadores está de volta, remetendo ao cooperativo original do PSP. O único porém é que não há multiplayer online – apenas local, exigindo que os jogadores estejam no mesmo ambiente, cada um com seu console e cópia do jogo. Apesar de bacana, esse é um fator meio limitante.

Apesar dos avanços, a coleção não corrige completamente alguns detalhes frustrantes dos originais. Não existe pausa dentro das fases (apesar de ainda ser possível suspender o jogo pelo menu do sistema) e a ausência de autosave entre missões também é inexplicável. Caso você termine uma missão e saia sem salvar manualmente, todo o seu progresso vai pelo ralo.
Patapon 1+2 Replay entrega dois clássicos retrabalhados com novos recursos e uma apresentação que honra o design original. É o ponto de entrada ideal para quem nunca experimentou Patapon, mas também é uma excelente forma de revisitá-lo. Ainda assim, é impossível não pensar que essa coletânea poderia ter sido perfeita caso tivesse reunido toda a trilogia em um único pacote. 14 anos se passaram e Patapon 3 segue sendo exclusivo do PSP.