A review de Ninja Gaiden 4 foi realizada com uma cópia cedida pelo Xbox Game Studios.
Depois de mais de uma década em silêncio, Ryu Hayabusa retorna, quero dizer, mas dessa vez, dividindo o palco com um novo herói. Ninja Gaiden 4, desenvolvido em conjunto pela Team Ninja e PlatinumGames, e publicado pela Xbox Game Studios, marca não apenas o retorno de uma das franquias mais lendárias do gênero hack’n slash, mas também um ousado passo em direção a um novo público.
Treze anos após Ninja Gaiden 3, a série reaparece reinventada, misturando ritmo insano de ação, estilo cinematográfico e um mundo distorcido pelo caos, onde o aço das katanas encontra o neon do cyberpunk.
A tradição sob neon

A história se passa em uma Tóquio futurista, chuvosa e decadente, mergulhada em sombras, demônios e hologramas. A cidade foi corrompida pelo retorno do Dragão Negro, uma entidade demoníaca já vista nos clássicos Ninja Gaiden e Dragon Sword .
O protagonista da vez é Yakumo, um jovem ninja com habilidades sanguinárias conhecidas como Bloodraven Form, simboliza a transição da série para uma nova geração. Sua técnica de manipular o próprio sangue e o dos inimigos para forjar armas temporárias traz um frescor visual e mecânico que combina perfeitamente com o DNA estilizado da PlatinumGames.
Ryu Hayabusa não foi esquecido, ele retorna jogável em missões específicas. O contraste entre a agilidade bruta de Yakumo e a precisão técnica de Ryu oferece um equilíbrio interessante entre novidade e nostalgia.
A narrativa, no entanto, não é o ponto forte. O enredo serve mais como pano de fundo para as explosões visuais e as lutas coreografadas. O tom melodramático e os diálogos expositivos enfraquecem a imersão, tornando a trama um simples fio condutor para a verdadeira estrela do jogo: a ação brutal e desenfreada!
Sangue, aço e precisão

O casamento entre Team Ninja e PlatinumGames é, de fato, o coração pulsante do jogo. O combate de Ninja Gaiden 4 combina o peso e a letalidade clássicos da série com a fluidez e a exuberância cinematográfica de títulos como Bayonetta e Metal Gear Rising: Revengeance.
Os controles permanecem complexos, recompensando reflexos e domínio das técnicas. Cada golpe, esquiva ou defesa exige sincronia milimétrica, e os inimigos não perdoam erros. O sistema de combos é extenso e brutal, e mesmo quem prefere “esmagar botões” ainda vai se deliciar com os desmembramentos e execuções viscerais que parecem saltar da tela.
As técnicas clássicas, como o Izuna Drop e o Flying Swallow, retornam com o mesmo impacto, agora acompanhadas pelo Ninjutsu do Laço Sanguíneo, que permite criar lâminas vivas e ataques devastadores usando o sangue dos inimigos. O resultado é um balé sangrento de pura adrenalina.
A curva de dificuldade também segue o legado da série: o modo “Normal” já é um desafio digno de veteranos, exigindo atenção total, paciência e reflexos apurados. Contudo, há uma suavização sutil — o jogo é intenso, mas menos punitivo que os anteriores, buscando atrair novos jogadores sem alienar os fãs de longa data.
Progredindo no combate

O jogo traz um sistema de evolução dividido entre os dois protagonistas: com Yakumo, a progressão vem do uso das armas. Quanto mais ele luta com uma arma específica, mais habilidades desbloqueia, um incentivo à variedade e experimentação; com Ryu, o jogador desbloqueia “estilos de arte”, funcionando como escolas de combate.
Entre as missões, o jogador pode acessar o Terminal DarkNest para comprar itens (Elixires, Bebidas Bélicas, etc.), aceitar missões secundárias e treinar novas habilidades com o mestre Tyran.
No caso de Ryu, o sistema é mais contido: ele interage com pequenas estátuas para acessar as mesmas funções, evocando o espírito solitário e tradicional do ninja veterano.
Run ninja, run!

Apesar do foco quase ininterrupto em combate, o jogo introduz sequências de fuga como correr por trilhos, planar com uma asa delta tecnológica ou surfar pelos esgotos. Esses momentos quebram a repetição e dão fôlego entre os confrontos, mesmo que o núcleo do jogo continue sendo a carnificina estilizada.
Os inimigos são variados: demônios, ciborgues, ninjas e unidades militares. Os chefes, por sua vez, impressionam mais pelo espetáculo do que pela profundidade estratégica, enfrentá-los ainda é algo divertido, mas sem grandes momentos icônicos que marquem a memória do jogador.
O ninja cyberpunk

Visualmente, Ninja Gaiden 4 não é algo excepcional, mas mesmo assim consegue trazer um cenário cyberpunk é denso, chuvoso e pulsante, iluminado por reflexos de néon e pelo vermelho do sangue. A direção de arte combina tradição japonesa e distopia tecnológica.
O único deslize notável é técnico: as roupas e aparências não mudam nas cutscenes, o que pode quebrar um pouco a imersão, especialmente em um jogo tão cinematográfico.
A trilha mistura instrumentos orientais com sintetizadores futuristas, acompanhando perfeitamente o contraste entre o velho e o novo. O som das espadas, o impacto dos golpes e os gritos de batalha mantêm a intensidade.
Considerações finais

Ninja Gaiden 4 marca o retorno triunfante da franquia, resgatando a dificuldade e brutalidade clássicas com uma nova energia estilizada. Apesar da história simples e alguns deslizes técnicos, entrega ação frenética e combates viscerais dignos do legado do dragão.
Distribuidora: Xbox Game Studios
Desenvolvedor: PlatinumGames, Team NINJA, KOEI TECMO GAMES
Gênero: hack and slash
Disponível para: PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC.
Data de lançamento inicial: 21 de outubro de 2025
