É simplesmente inacreditável pensar que passamos uma geração inteira sem um título inédito de Mario Kart. É seguro dizer que o todo-poderoso oitavo título da série só alcançou seu verdadeiro potencial no Switch – mas isso não muda o fato de que ele foi lançado em 2014. Sim, há 11 anos!
A boa notícia é que a espera finalmente acabou: Mario Kart World finalmente está entre nós! O grande jogo de estreia do Switch 2 expande a franquia com novos ares, trazendo adições valiosas e mudanças que certamente não vão agradar todo mundo. Pelo menos, ainda é perfeitamente seguro afirmar que continua sendo um jogaço!
Pegando estrada
Depois de passar tantos anos jogando Mario Kart 8, é perfeitamente normal estranhar algumas das novidades de World. O 8 é um jogo tão perfeito e redondinho que é simplesmente impossível de superá-lo, então os devs precisaram quebrar a cabeça para criar uma sequência que realmente tivesse cara de sequência.

A solução que encontraram foi apostar em um mundo aberto com pistas conectadas. O World no título não é meramente ilustrativo – tudo neste jogo está conectado e isso é incrível! As copas são formadas de acordo com a proximidade das pistas no mapa e, diferente de qualquer outro jogo da franquia, existe uma estrada unificada que liga cada um dos trajetos.
Contudo, o foco aqui está no modo Free Roam, onde podemos transitar por esse mapa livremente para realizar algumas atividades secundárias. Ali você pode encontrar colecionáveis, completar desafios ou simplesmente desbloquear roupinhas para os seus personagens – e devo dizer, a quantidade de conteúdo desse mundo aberto é insana!
Há quem pense que o mundo aberto de Mario Kart World é muito vazio e sem graça – e ele é sim, em partes. O foco não está na quantidade de NPCs transitando pelo mapa ou na interação com elementos do cenário, mas sim nas atividades secundárias que você pode realizar ali. São mais de 300 desafios, 200 medalhões para coletar e dezenas de horas de conteúdo para ocupar sua mente.

O verdadeiro problema é que nada disso é indicado no mapa. Você precisa encontrar cada um desses colecionáveis explorando, então pode apostar: é difícil demais! Particularmente, não achei que esse formato pouco instrutivo combinou com o jogo – afinal, isso não é Breath of the Wild.
Ainda assim, longe de querer defender a precificação absurda de 80 dólares (ou R$ 499) deste jogo, mas a Nintendo realmente se preocupou em entregar conteúdo que fizesse jus ao suado dinheirinho investido.
O dobro de caos
As corridas de Mario Kart World também sofreram algumas mudanças notáveis. O jogo tem o maior elenco de personagens já visto na série, com diversas adições de criaturas um tanto inusitadas do universo Mario. Até as vaquinhas Mu Mu são jogáveis aqui, e o mais legal é que todos os personagens principais possuem diferentes skins para desbloquear.

Contudo, se teve uma coisa que me incomodou muito nesse jogo foi a tela de seleção de personagens, pois ela é uma completa bagunça! Cada skin de cada personagem ocupa um espaço separado em meio aos corredores disponíveis, então você passa um tempo desnecessariamente longo tentando encontrar aquele que deseja jogar. Não faz o menor sentido terem feito as coisas dessa maneira.
Já nas corridas, agora temos 24 pilotos disputando o pódio, ao invés de 12 – o dobro de corredores sedentos lançando cascos azuis na sua cara. Nessa versão de lançamento, não temos o infame modo de 200cc, mas 150cc dá bastante conta do recado. Nessa dificuldade elevada, as corridas continuam tão injustas quanto eram no 8; dificilmente você vai conseguir fechar todas as copas com três estrelas (e isso é bom, pois vai te manter jogando).
O esquema de montar seu próprio kart também foi eliminado de Mario Kart World e isso me fez falta. Agora, todos os veículos são pré-definidos e você não tem mais a liberdade de escolher as rodas ou o paraquedas. Resta exclusivamente encontrar as melhores combinações de carrinhos com personagens, visando elevar alguns status específicos (assim como era nos jogos mais antigos da série).

Além das costumeiras copas, também temos a adição de um novo modo: o Eliminatória. Nele, encaramos uma quantidade maior de pistas em sequência; a cada pista concluída, a quantidade de corredores diminui. Seu objetivo é sobreviver até o final e chegar em primeiro na última – praticamente um battle royale de corrida.
Em suma, todas essas mudanças são bacanas e diferenciam bem Mario Kart World dos demais. Elas certamente não vão agradar a todos, mas mudar faz bem! Com o tempo, vamos notando como esse jogo é bom e faz jus ao legado da franquia.
Correndo pelas paredes
Mario Kart World também trouxe algumas novidades no gameplay. Agora podemos equilibrar os carros em corrimões para ganhar velocidade (praticamente um Tony Hawk dos karts), além de correr em paredes ao acertar o timing exato dos saltos. Essa segunda mecânica foi a adição mais apelona do jogo, pois quando pegamos o jeito da coisa, fica difícil para os seus oponentes acompanharem o ritmo – e quem for jogar online certamente vai sofrer com isso.
No demais, não podemos deixar de elogiar a excelente trilha musical do jogo, que aposta alto na nostalgia e traz novas versões de diversos hits da Nintendo. Quem é nintendista de longa data com certeza vai se emocionar com várias faixas, pois é impossível não se comover com músicas tão marcantes.

Os gráficos também estão excelentes, apesar de estarem levemente mais cartunizados que os vistos no 8. O mesmo pode ser dito do desempenho – jogar Mario Kart World no modo portátil é uma delícia! É fato que esse jogo apenas arranha o potencial do Switch 2, mas para uma primeira experiência, ninguém pode negar que está acima das expectativas (ainda mais para quem passou os últimos oito anos jogando Switch).
Dito isso, o veredito é óbvio: Mario Kart World é incrível! Ele pode até ficar atrás do seu antecessor em muitos detalhes, mas isso não tira o seu brilho. É um jogo diferente como deveria ser e tão imersivo quanto de costume. Com certeza podemos esperar a adição de mais conteúdo, seja gratuito ou por DLCs pagos – então pode ter certeza que, em um futuro nem tão distante, ele ficará ainda mais crocante.