A review de FBC: Firebreak foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela Remedy Entertainment.
Se em Control nós éramos uma protagonista poderosa enfrentando o paranormal em meio a salas de escritórios e corredores cheios de coisas estranhas, em FBC: Firebreak somos… faxineiros. Faxineiros descartáveis, enviados repetidas vezes aos confins da realidade arquitetônica da Oldest House para limpar gosmas, apagar incêndios e consertar fornalhas, enquanto hordas de monstros interdimensionais tentam nos transformar em poeira cósmica.
E, curiosamente, essa mudança de perspectiva funciona — até quando não funciona.
O que diabos é Firebreak?

Firebreak é um spin-off cooperativo de Control, que troca a campanha linear por missões em equipe com estrutura roguelike, onde três jogadores enfrentam tarefas quase mundanas em meio a caos sobrenatural. A proposta: missões geradas aleatoriamente com variações de dificuldade, focadas em consertar, limpar, carregar ou ativar algo. Tudo isso enquanto monstros surgem do nada e ameaçam acabar com sua equipe.
Você tem um kit de habilidades específico: pode apagar incêndios com água, dar choques elétricos para energizar máquinas, ou usar uma chave inglesa para consertar equipamentos (e espancar inimigos). Mas o charme do jogo está nos combos entre esses kits: molhe os inimigos, e seu parceiro eletrifica tudo com uma descarga brutal. A física elemental vira um jogo de estratégia improvisada, onde a criatividade compensa mais do que a pontaria.
De volta à Antiga Casa

A Antiga Casa continua extremamente hostil: salas de conferência em vidro, minas lovecraftianas com tetos de ardósia, ambientes infestados de Post-its com vontade própria. Locais que antes eram apenas piadas visuais agora viram missões completas. Lembra da fornalha que parecia estar viva? Aqui, você entra nela pra consertar a estrutura. Aquela sala soterrada por Post-its? Agora tem um monstro feito de papeis.
Tudo isso reforça a sensação de que Firebreak é um jogo que nasceu do cenário, e não da jogabilidade. Como se a equipe tivesse pensado: “E se fizéssemos um jogo inteiro só com as piadas internas do departamento de manutenção do Control?”
Entre o caos e a monotonia

Quando Firebreak acerta, é glorioso, trazendo missões curtas, com ação constante, exigindo cooperação ágil e decisões táticas. Você e dois estranhos jogados numa missão impossível, dividindo tarefas ingratas, salvando uns aos outros do fogo, da gosma rosa e da morte certa. É um caos recompensador, e mais divertido se você jogar com amigos.
Mas o outro lado, quando o jogo erra, ele faz completamente o oposto, com missões longas demais, pouca ação, e a sensação de estar preso num expediente sem fim (perdido na fase). Consertar a mesma máquina por quinze minutos sem um único inimigo à vista é o oposto do frenesi que o jogo às vezes entrega tão bem.
Apesar da natureza repetitiva de algumas tarefas, a comunidade que se formou em Firebreak é um de seus maiores trunfos. Jogadores se ajudam sem falar uma palavra. Marcam caminhos no chão, esperam companheiros no elevador de extração, se sacrificam pelo time. É quase comovente ver tanta colaboração num jogo onde apagar incêndios é mais importante do que matar inimigos… mas repito, jogar com amigos é mais divertido.
Considerações Finais

FBC: Firebreak é um jogo estranho (e isso é um elogio). Ele inverte expectativas de um jogo de serviço, transformando tarefas banais em combate criativo e imprevisível. Funciona melhor quando não tenta alongar artificialmente a duração das missões e quando abraça o caos como parte do processo. Ele exige um pouco de paciência, muito trabalho em equipe e um gosto peculiar por momentos estranhos e inusitados.
Distribuidora: Remedy Entertainment
Desenvolvedor: Remedy Entertainment
Gênero: Ação
Disponível para: PlayStation 5, Xbox Series X / S e PCs.
Data de lançamento inicial: 17 de junho de 2025