Apesar de ser um dos rostos mais populares da Nintendo, nosso querido “mamaco” Donkey Kong estava sumido há mais de uma década. Seu último jogo inédito, Donkey Kong Country: Tropical Freeze, foi lançado no Wii U em 2014; desde então, o gorilão recebeu apenas dois míseros relançamentos requentados no Switch, além de participações honorárias em outros títulos – além do filme do Mario!
Parece até injusto pensar que um dos personagens mais importantes desse panteão de lendas perdeu toda a era de sucesso do Switch – que durou incríveis oito anos! Felizmente, a Nintendo sempre esteve ciente disso e tratou de resolver isso em grande estilo. Depois de Mario Kart World, Donkey Kong Bananza é o primeiro lançamento de peso do Switch 2, consolidando uma nova era na carreira do gorila.
Dupla dinâmica
Desde que Super Mario Odyssey foi lançado, bem no comecinho da vida do primeiro Switch, um dos principais pedidos dos fãs da Nintendo foram uma sequência para aquela obra-prima. O jogo conseguiu alcançar um novo patamar de level design e diversão dentro do segmento dos “Mario 3D”, tudo isso com uma ideia bem autêntica: equipando o bigodudo com um chapéu vivo!

Oito anos se passaram e nunca tivemos o tão sonhado Super Mario Odyssey 2, mas mal sabíamos que a Nintendo estava preparando algo tão especial quanto nos bastidores. Donkey Kong Bananza foi desenvolvido pela mesma equipe por trás de Odyssey; por isso, qualquer semelhança não é mera coincidência!
Pela primeira vez desde Donkey Kong 64, temos um jogo 3D do DK que não apenas respeita a essência do personagem, como também enriquece ainda mais o seu legado. Apesar do gorilão ter recebido um tapa no visual, seu novo rosto não deixa para trás todas as suas aventuras passadas. Dessa vez, ele também está muito bem acompanhado de uma personagem que vem ganhando bastante espaço no universo Nintendo: Pauline.
Há mais de 40 anos, Cranky Kong sequestrou essa mesma Pauline e enfrentou Mario em uma batalha mortal de barris e andaimes. Hoje, seu neto DK está se aventurando ao lado de uma versão muito mais jovem da moça, que por razões misteriosas, voltou a ter 13 anos de idade.

O objetivo da aventura é simples: chegar no núcleo da Terra e impedir que o maléfico Void Kong comprometa todos os ecossistemas do mundo subterrâneo. Apesar deste ser um jogo cujo enredo acaba sendo um tanto secundário, pode acreditar quando digo que Donkey Kong Bananza pode te surpreender – especialmente no final!
Para os fãs brasileiros, esse jogo marca mais uma grande conquista. Ele é o primeiro título da Nintendo a ser lançado com localização completa em português – tanto em texto quanto na dublagem. Apenas Pauline fala neste jogo, mas diferente dos últimos Mario Party (que tinha apenas palavras como “VAI” e “FIM”), ela fala o tempo inteiro! Jogar um jogo da Nintendo dublado em português é de explodir cabeças!
Bananza!
Enquanto Mario ganhou um chapéu que lhe permitia se transformar em outras criaturas, DK não precisa ir tão longe para impressionar. O personagem mais forte da Nintendo é capaz de literalmente destruir tudo ao seu redor apenas com os punhos. Essa é a grande graça de Donkey Kong Bananza: criar seu próprio caminho e descobrir segredos através da destruição.

O gorila também é muito ágil, então se locomover por aí é bem fácil e prazeroso. A diferença entre controlar Mario em Super Mario Odyssey e DK em Bananza é nítida: enquanto o encanador é muito ágil, DK é muito pesado, mas compensa com sua força descomunal.
Isso também aprimora o combate do jogo, que não se limita somente a pular nas coisas. Neste jogo, tudo se resolve literalmente na base da porrada – e o DK é tão forte que nem mesmo os chefes oferecem um grande desafio. Não é exagero dizer que a maior parte dos chefes pode ser vencida em um minuto ou dois, então o combate acaba sendo “melzinho na chupeta”.
O maior desafio de Donkey Kong Bananza está na exploração, pois assim como em Odyssey, devemos encontrar tesouros espalhados por mapas sandboxes. A diferença é que, em vez de luas, aqui temos bananas cristalizadas que deixam o macacão mais forte. Coletar bananas nos ajuda a desbloquear novas habilidades, então existe um incentivo adicional em procurá-las.

No subterrâneo, também teremos a ajuda dos lendários Ancestrais, que através da incrível voz de Pauline, consegue fazer DK se transformar em formas animalescas. Esses poderes expandem o leque de movimentos do gorila com habilidades extraordinárias, sempre referentes ao animal em questão. O avestruz, por exemplo, pode voar por curtas distâncias, enquanto a zebra consegue correr bem rápido.
Dito isso, fica fácil de entender que não faltou criatividade para fazer de Donkey Kong Bananza uma obra-prima tão grandiosa quanto Super Mario Odyssey. O level design deste jogo é soberbo e mostra que, em termos de plataforma 3D, não existe time mais competente do que este na ativa.
Mantendo o legado vivo
Para quem acompanha o DK de longa data, Bananza não falha em resgatar pequenos detalhes que enriqueceram nossa história com o personagem. Seja nas fases sidescroll retrô, na aparição de membros icônicos da família Kong ou simplesmente no famoso rap do DK tocando nos abrigos, tudo aqui é uma bela homenagem ao legado da franquia.

Não é exagero dizer que Donkey Kong Bananza é perfeito em tudo que propõe. Para não dizer que ele não tem nenhum defeito, podemos afirmar que a câmera é o maior dos problemas. Quando começamos a quebrar tudo e cair nas profundezas do cenário, muitas vezes a câmera se perde e não conseguimos mais encontrar o personagem. Isso ocorre com frequência e pode ser incômodo, mas não chega a ser um divisor de águas.
Dito isso, que fique bem claro que essa espera de 11 anos valeu a pena! Donkey Kong Bananza é a primeira obra-prima do Switch 2 e marca um início muito promissor para essa nova era da Nintendo. O personagem acaba de entrar no seu ápice e abre portas para um futuro brilhante ao longo desta geração. Resta torcer para que ele não desapareça por mais uma década.