A review de Borderlands 4 foi realizada com uma cópia cedida pela 2K.
A Gearbox Software traz de volta sua franquia mais emblemática em 2025 com Borderlands 4, um título que carrega tanto o peso da tradição quanto a ousadia de aumentar o preço por um jogo que não traz tantas novidades se comparado com seus antecessores. Ambientado em Kairos, um planeta inédito, o jogo aposta em uma narrativa independente, um novo vilão central e um conjunto de sistemas reformulados, mas sem abrir mão do DNA que fez da série um marco no gênero looter-shooter, e talvez por isso o jogo peca em trazer algo realmente novo e empolgante. Mas enfim, vamos nessa.
Uma revolução moderada

Borderlands 4 surpreende ao não se prender às histórias e locais dos jogos anteriores. Kairos é introduzido de forma brutal e memorável, com uma sequência inicial que mistura humor e violência em doses equilibradas, estabelecendo logo de início o tom da aventura, mas é o mesmo tom que já estamos acostumados e convenhamos que nem parece ser um outro planeta. O jogador se vê inserido em uma resistência incipiente contra o vilão Guardião do Tempo, auxiliado por três tenentes que controlam diferentes regiões do planeta.
Embora se passe em outro planeta a estrutura ainda é a mesma dos outros jogos o que traz consigo certa previsibilidade. Ainda assim, a narrativa é sustentada por diálogos espirituosos, personagens carismáticos e humor típico da franquia, mas aqui está mais dosado. A ausência quase constante de Claptrap é sentida, mas dá espaço para que outros personagens brilhem. A campanha, com suas mais de 30 horas, pode soar longa demais, mas ganha força em momentos chave, especialmente nas cinemáticas bem dirigidas e nos confrontos mais épicos.
Bem-vindo a Kairos

O grande triunfo da série Borderlands sempre foi a direção de arte. Aqui o visual cel-shaded foi refinado, ganhando contornos mais realistas, mas sem perder sua identidade estilizada. Já em Kairos, temos aqui um planeta diverso, com biomas que variam de desertos hostis a florestas bioluminescentes, passando por cidades industriais caóticas. Cada região tem uma atmosfera própria, ajudando a reforçar a sensação de descoberta.
No entanto, ao abraçar a fórmula de mundo aberto, a Gearbox enfrenta um dilema. O mapa de Kairos é vasto, mas não é rico. Ele tem pontos de interesse, mas a quantidade nem sempre se traduz em qualidade. A influência clara de jogos da Ubisoft, como Far Cry e Assassin’s Creed, é visível, tanto nas atividades de coleta quanto na repetição de desafios. Além disso, o mundo é vazio, não parece orgânico.
A essência do looter-shooter

A franquia sempre brilhou em dois pontos: combate e loot. Em Borderlands 4, ambos continuam sendo o coração da experiência, mas sem nada muito novo que justifique o aumento do preço. A jogabilidade foi renovada com mecânicas como gancho de escalada e a habilidade de planar, mas acaba aqui.
O sistema de loot continua vasto e viciante. Armas, escudos, modificadores e habilidades se multiplicam em variedade quase infinita. É verdade que muitos itens acabam sendo redundantes, mas a Gearbox equilibra isso ao transformar cada grande descoberta em um momento de conquista genuína. O sistema de classes, mais flexível do que nunca, permite combinações criativas e estilos de jogo variados, reforçando o aspecto RPG que sempre sustentou a franquia.
Um outro grande problema é em desempenho. Se você jogar no modo desempenho, irá perder boa parte da beleza do gráfico do jogo, prejudicando o drawn distance. Mas se você quiser jogar no modo qualidade, terá gráficos um pouco mais refinados, mas com quedas constantes de fps o que prejudica na imersão.
Embora totalmente jogável sozinho, Borderlands 4 também pode ser jogado online. Quatro jogadores podem explorar Kairos juntos, compartilhando missões, itens e descobertas. O cross-play entre PC, PlayStation e Xbox é um ponto positivo, eliminando barreiras entre plataformas e fortalecendo a comunidade.
Fôlego além da campanha

Ao concluir a história principal, os jogadores encontram no Ultimate Vault Hunter Mode o principal atrativo para o endgame. São cinco níveis de dificuldade progressivos, com modificadores semanais que reformulam missões e batalhas contra chefes. O sistema de Firmwares, que permite transferir melhorias exclusivas entre itens, adiciona uma camada estratégica interessante.
Embora esse conteúdo adicional não seja tão profundo quanto os fãs mais hardcore poderiam desejar, ele ainda oferece horas de desafio e incentiva o retorno regular ao jogo.
Considerações finais

Borderlands 4 não é uma reinvenção, mas sim mais do mesmo, repetindo a fórmula que consolidou a série, mas agora com um gancho e jetpack. Mesmo com uma boa campanha e loot viciante, o jogo acaba tropeçando fortemente na estrutura de mundo aberto repetitiva, desempenho ruim no console e em um vilão que poderia ter sido mais memorável.
Distribuidora: 2K
Desenvolvedor: Gearbox Software
Gênero: FPS, looter shooter
Disponível para: PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC
Data de lançamento inicial: 11 de setembro de 2025
