Depois de tantos anos focado somente em jogos de ação, parece que o gênero roguelike finalmente voltou para ficar, dessa vez explorando novos estilos de formas criativas e surpreendentes. O sucesso de Balatro no ano passado apenas reforça como esse segmento ainda tem muito a oferecer – e não muito tempo depois, já temos mais um título igualmente magnífico bebendo dessa fonte: Blue Prince.
À primeira instância, Blue Prince não parece ser nada demais. Antes de jogá-lo, pensamos ser apenas um jogo de puzzles comum com um nome bacaninha. Contudo, quando você finalmente se adapta à proposta e começa a jogar para valer, ele certamente vai se tornar sua nova obsessão. De forma totalmente inesperada, temos aqui um dos melhores jogos do ano!
Mistério randomizado
Em Blue Prince, entramos na pele de um garoto que herda uma misteriosa mansão chamada Mt. Holly – mas com uma condição! Para que a propriedade seja oficialmente sua, ele precisa encontrar um quarto chamado apenas de Sala 46. Esse lugar é praticamente uma lenda urbana e não é possível saber exatamente onde ele está, já que a disposição dos cômodos muda todos os dias.

Seu papel aqui é explorar a mansão gradativamente em busca de itens, documentos e tudo que possa ajudar a descobrir mais sobre a trama, assim como avançar na história. Essa é a parte roguelike do jogo: você pode dar apenas uma quantidade limitada de passos por dia. Quando sua energia acabar, será a hora de descansar e resetar seu progresso.
Você sempre tem a possibilidade de escolher o quarto que vai explorar, a partir de algumas opções aleatórias. Nesse momento, é possível apostar em um cômodo já visto anteriormente em busca de coisas novas, ou um local totalmente novo. Cada quarto oferece puzzles com desafios diferentes, trazendo uma dificuldade que flutua do fácil ao moderado.

O único prazo estabelecido pelo jogo está na quantidade de cômodos disponíveis em um único dia. Não existe limite de tempo para encerrar o ciclo e isso é ótimo, pois o que torna Blue Prince tão bom é justamente esse clima de mistério e investigação por trás dos seus puzzles. Cada pequena descoberta é recompensadora!
“Não é um loop, é uma espiral”
Jogos roguelike tendem a ser bem repetitivos, mesmo com o fator aleatório de cada tentativa. Blue Prince não fica de fora dessa equação, mas em nenhum momento ele se torna enjoativo ou maçante. A curiosidade por trás de onde está e do que se trata essa maldita Sala 46 fala muito mais alto, então tudo que conseguimos fazer é jogar compulsivamente.
Muitos dos documentos que encontramos podem não ter serventia naquele momento, mas entregam dicas e respostas sobre puzzles que ainda vamos encontrar em futuras runs. Isso estende a parte de “quebrar a cabeça” para fora do jogo, nos forçando a tirar dezenas de screenshots ou fazer anotações para a posteridade.

Vez ou outra, também podemos encontrar uma sala rara, que rende um progresso maior na nossa investigação. A partir disso, temos a tradicional mecânica de itens de um roguelike: grande parte do que encontramos é perdido no dia seguinte, mas existem itens-chave que são carregados em definitivo. A utilidade deles? Cabe a você descobrir em suas investigações!
O fator randômico pode ser um tanto desanimador para algumas pessoas, principalmente pelo fato do seu progresso depender totalmente disso. A falta de localização em português também acaba sendo um problema de imersão para quem não entende inglês. Ainda assim, nada disso tira o brilho do jogo.
Dito isso, pode-se dizer que Blue Prince é um jogo divertido, relaxante e instigante em iguais proporções. O que era para ser um simples joguinho de puzzles vai se tornar facilmente sua nova obsessão por cerca de 20 horas – o tempo médio de duração da sua campanha. A boa notícia é que os assinantes da PlayStation Plus Extra ou Premium podem jogá-lo sem custos adicionais, assim como no Xbox Game Pass; então fica a dica: jogue o quanto antes e não deixe essa oportunidade passar batido!