Em uma revelação curiosa, o lendário ex-presidente da Nintendo, Satoru Iwata, confidenciou durante o desenvolvimento do primeiro Animal Crossing que considerava a tarefa de localização do jogo para o ocidente impraticável. O comentário destaca a complexidade cultural única do título.
Em entrevista ao Time Extension, o ex-gerente de localização Leslie Swan contou que Animal Crossing continha uma quantidade de texto tão grande que exigiria uma adaptação complexa para diferentes idiomas e culturas. Embora não tenha afirmado que fosse uma missão impossível, a forma como Iwata expressou a dificuldade (rindo, mas com preocupação) revela como o projeto era ousado para os padrões da época.
O título, originalmente lançado para o Nintendo 64 no Japão e depois para o GameCube no resto do mundo, apresentava uma ambientação e narrativa altamente situacionais: festas, diálogos com vizinhos, referências culturais e sistema de calendário em tempo real. Tudo isso demandava que a equipe de localização não apenas traduzisse o conteúdo, mas adaptasse expressões, datas, costumes e piadas para fazer sentido em cada região — um esforço que implicava repensar todo o contexto do jogo.
Curiosamente, essa preocupação inicial não impediu o sucesso global da série. Animal Crossing veio a se tornar uma das franquias mais aclamadas da Nintendo, conquistando milhões de fãs ao redor do mundo — prova de que o investimento na localização valeu o esforço.
Esse episódio serve como lembrete de como o desenvolvimento de jogos vai muito além da programação e arte, envolvendo igualmente escolhas sensíveis sobre como cada cultura receberá o produto. Iwata, com sua visão empática e suporte irrestrito ao processo, ajudou a garantir que títulos como Animal Crossing cruzassem fronteiras e tocassem jogadores de todas as partes.
O ex-presidente da Nintendo faleceu em 2015 em decorrência de um câncer e, infelizmente, não chegou a ver a franquia alcançando seu ápice em Animal Crossing: New Horizons, que vendeu mais de 48 milhões de unidades no Switch.
