A review de Hunter x Hunter: Nen x Impact foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela PlayStation.
Lançar um jogo de luta baseado em Hunter x Hunter em 2025 é, por si só, uma jogada arriscada. Apesar de a obra de Yoshihiro Togashi ainda contar com uma base de fãs apaixonada, a franquia não é mais o fenômeno cultural de outrora. Ainda assim, contra tudo e contra todos, Hunter x Hunter: Nen x Impact surgiu mas com pouco potencial para se destacar dentro do gênero, ainda mais falando de um jogo desenvolvido pela 8ing, responsável por clássicos como Marvel vs. Capcom 3.
Jogabilidade acessível mas sem criatividade
Na essência, Hunter x Hunter: Nen x Impact é um tag fighter fraco. Algumas fórmulas clássicas da 8ing estão presentes: combates em equipes de três personagens e combos acrobáticos, mas só. Esqueça todo o lado frenético e divertido de um jogo de luta com tag fighter.
Para novatos, o jogo oferece acessibilidade com auto-combos, inputs simplificados para especiais e até sistemas defensivos inspirados em Street Fighter 6, como parries. São decisões modernas que suavizam a entrada de iniciantes, sem comprometer por completo a profundidade esperada pelos veteranos.
Hunter x Hunter: Nen x Impact não se arrisca e ele não atualiza a fórmula. A impressão geral é de um jogo incompleto, e prefere viver confortavelmente na sombra da obra que adapta.
Elenco limitado
O universo de Hunter x Hunter é um prato cheio para um jogo de luta. Os personagens são excêntricos, com habilidades variadas: Hisoka e sua “bungee gum”, Morel manipulando fumaça com seu cachimbo, ou Kite com sua arma aleatória. As lutas são visualmente caóticas e deliciosas, principalmente quando se experimenta com diferentes sinergias de equipe.
Infelizmente, o número de personagens jogáveis fica aquém das expectativas: apenas 16 lutadores. Para um jogo que gira em torno de montar trios com sinergia, esse número é baixo. Embora ainda seja possível criar combinações até que divertidas, a diversidade estratégica é rapidamente esgotada, principalmente se compararmos com outros tag fighters, onde elencos maiores são a norma.
Um modo história apenas no papel
Se o número de personagens decepciona, o conteúdo para um jogador frustra ainda mais. O modo história, que cobre a Chimera Ant Arc, é pouco mais do que uma sequência de imagens estáticas retiradas do anime com breves falas e combates didáticos. Serve como um tutorial disfarçado, e não como uma experiência narrativa envolvente. Em menos de uma hora, o jogador já viu tudo que esse modo tem a oferecer.
Outras opções como arcade, survival, time attack e combo trials também deixam a desejar. Os combo trials, por exemplo, não guiam o jogador com sequências fixas, mas lançam desafios vagos (“use assistências para causar X de dano”) e esperam que o jogador descubra sozinho como cumpri-los.
Online desperdiçado
No mundo competitivo, Hunter x Hunter: Nen x Impact poderia até ser divertido se ao menos seu online colaborasse. Mesmo com matchmaking aberto (sem filtros de rank ou região), a busca por partidas é demorada. Quando se consegue entrar, há quedas constantes de frames e retrocessos perceptíveis na sincronização das lutas.
Considerações Finais
Hunter x Hunter: Nen x Impact é uma carta de amor aos fãs, mas escrita por um fã que não entende muito bem de jogos de luta. O jogo sofre com um elenco pequeno, escassez de conteúdo offline e uma experiência online problemática. Para brilhar de verdade, esse jogo precisaria de mais: mais conteúdo, mais ambição e, principalmente, mais tempo de forno. Em 2025, ele precisa de muito mais do que nostalgia para causar impacto real.
Distribuidora: Arc System Works
Desenvolvedor: 8ing
Gênero: Luta
Disponível para: PlayStation 5, Nintendo Switch, PC (Steam)
Data de lançamento inicial: 17 de julho de 2025
