Dispatch é o tipo de jogo que parece ter sido feito sob medida para quem sente falta das aventuras narrativas da era Telltale. Com dublagens de peso (Aaron Paul, Erin Yvette, Laura Bailey e Jeffery Wright) e uma direção que sabe equilibrar humor, ação e emoção, o primeiro projeto da AdHoc Studio já chega mostrando personalidade, muito coração, mas talvez pouca interação.
A premissa de Dispatch é simples, mas carregada de potencial: você acompanha a vida do ex-super-herói Homem-Meca que, após pendurar a capa (ou a armadura), precisa se reinventar como despachante em uma central de emergências para heróis. É uma mistura da animação Invencível (até o momento sem o gore e a violência dela) com a série The Office, e surpreendentemente, tudo funciona muito bem nesses dois primeiros episódios.
Episódio 1 – Transição

O episódio de estreia faz o que toda boa introdução deve fazer: apresenta o universo, os personagens e o tom da série com estilo. Há um equilíbrio curioso entre momentos de adrenalina e introspecção, com cenas que misturam heroísmo e vulnerabilidade de um jeito natural.
Logo nos primeiros minutos, Dispatch deixa claro que não é sobre “salvar o mundo”, e sim sobre o que acontece quando o mundo segue em frente e o herói precisa se adaptar. O jogo alterna entre momentos de ação interativa , com sequências rápidas e cinematográficas, e trechos de diálogo que parecem tirados de uma boa série de TV.

O destaque vai para as interações entre o protagonista e uma colega de trabalho cheia de carisma, a Loira Luminar. A química entre os dois é instantânea, e o roteiro faz um ótimo trabalho em criar conversas que parecem genuínas, com um toque leve de humor e constrangimento.
Já o sistema de despacho, apresentado no fim do episódio, é uma das grandes surpresas. É uma mecânica simples, mas engenhosa, que adiciona um toque de estratégia sem quebrar o ritmo narrativo. Tudo isso embalado por uma direção de arte elegante e uma trilha sonora que acerta o tom entre melancolia e ação.
Episódio2 – Integração

O segundo episódio de Dispatch expande tudo o que o primeiro construiu, especialmente o elenco e gameplay. Novos personagens chegam para movimentar o ambiente de trabalho do protagonista, cada um com sua excentricidade e estilo, criando uma dinâmica digna de uma sitcom de heróis escrita por James Gunn.
O humor aqui é mais presente, mas sem deixar de lado a parte humana da história. O jogo brinca com situações constrangedoras, dilemas éticos e conflitos de ego de uma forma leve, mas cheia de personalidade. O destaque vai para as dublagens, todas impecáveis, transmitindo emoção e humor com naturalidade.

A parte de gameplay em Dispatch também ganha mais importância. O sistema de despacho se torna o coração do episódio, com pequenas decisões que afetam as missões e geram boas doses de tensão e improviso. Não é o tipo de mecânica que exige reflexos, mas sim raciocínio, lógica e empatia, o que combina perfeitamente com o tom narrativo da série. Com elas podemos evoluir os atributos do nosso grupo que poderão ajudar em outras missões, não é nada muito elaborado. Caso um herói se machuque em uma missão ele poderá ser abatido, e ficará sem participar das próximas missões.
Mesmo com um ritmo mais calmo, o episódio mantém o interesse do jogador graças à escrita afiada e ao carisma dos personagens. Pequenas reviravoltas e detalhes do mundo deixam claro que há muito mais por vir nos próximos capítulos.
Poderia ser melhor

Aqui vou citar alguns probleminhas de Dispatch que não devem ser resolvidos. Um deles é que tudo aqui é muito simples. No menu poderíamos acessar os perfis dos personagens que já interagimos, até para entender mais do universo. Temos os Extras, com artes conceituais e alguns quadrinhos daquele universo, mas são apenas para a edição de luxo do jogo.
Além do mais, mesmo legendado, uma dublagem em português ajudaria bastante, pois tem momentos que você acaba lendo a legenda e tem que ler os textos das missões de despache antes do tempo acabar.
Considerações finais

Dispatch é uma aventura narrativa que mistura humor, drama e cotidiano de super-heróis aposentados. Nos dois primeiros episódios, o jogo se destaca pelos personagens carismáticos, dublagens de alto nível e um roteiro que equilibra ação e emoção com leveza. Apesar da simplicidade e da pouca interação, a história e o sistema de despacho mantêm o interesse do jogador, oferecendo uma experiência envolvente e bem escrita. Mesmo com a falta de dublagem em português e menus limitados, Dispatch se firma como uma das surpresas mais criativas e humanas do ano.
A review de Dispatch foi realizada com uma cópia cedida pela AdHoc Studio.
Distribuidora: AdHoc Studio
Desenvolvedor: AdHoc Studio
Gênero: Narrativa visual
Disponível para: PlayStation 5, XBox Series e PC.
Data de lançamento inicial: 30 de outubro de 2025
