Thronebraker: The Witcher Tales – Review

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Depois do grande sucesso de The Witcher III: Wild Hunt, é difícil imaginar que um grandioso universo como o que foi construído nos três jogos principais da série tenha mais elementos a serem explorados, e que a forma de expandi-lo não seja com algum outro game, com os mesmos moldes e mecânicas. A CD Projekt Red, responsável por esta obra prima dos games diretamente baseada nos livros de Andrzej Sapkowski, mostrou que é possível sim trazer outros elementos desse universo em novos formatos.

Assim nasceu o Gwent, jogo de cartas que compõe o universo de The Witcher e tomou corpo e forma fora do jogo, tendo um título exclusivo para si. Se não bastasse um jogo com mecânicas completamente novas, expandindo e enriquecendo ainda mais a marca, os produtores trabalharam numa incrível campanha singleplayer para o jogo de cartas: Thronebreaker – The Witcher Tales, um interessante RPG ambientado no mundo de The Witcher com mecânicas de batalha de Gwent.

Pareceu estranho, impossível ou muito confuso? Acredite, faz todo sentido e é muito divertido!

A história introduz Meve, a protagonista, rainha de Lyria e Rívia. É com ela que a jornada começa, apontando uma iminente ameaça ao seu reino por parte de poderosos inimigos, praticamente uma guerra declarada ao Império de Nilfgaard. Muitos monstros e conflitos com os próprios súditos surgem ao longo do jogo, construindo uma trama cheia de traições, surpresas e a entrada de outros personagens – alguns já velhos conhecidos do universo The Witcher, outros exclusivos dessa campanha.

A narrativa se dá pelas explicações do narrador e pelos diálogos que podemos travar com os personagens ao longo da jornada. Alguns diálogos simples podem ser feitos ao longo da exploração do cenário, com camponeses, artesãos e outros súditos; outros são diálogos da aventura, com personagens específicos, que acontecem em determinados momentos marcantes para a história. Em algumas situações, abre-se a possibilidade de escolha das respostas e atitudes que Meve tomará, impactando diretamente ações futuras.

Tudo se desenrola nos mais diversos ambientes, desde campos à pequenas cidades, ruínas e castelos, até cenários devastados pela guerra. Neste sentido, a arte do jogo se destaca, trazendo a impressão de pinturas interativas. Os gráficos conseguem valorizar essa arte, por isso os cenários são bem detalhados e a vontade de explorar o mapa aumenta a cada área encontrada.

É muito difícil pensar em um RPG sem exploração e Thonebreaker consegue fazer isso muito bem. A interação com o ambiente acontece por meio de diálogos com NPCs, busca por recursos, procura por tesouros e exploração de casas e ambientes. Todos os pontos de exploração estão destacados no cenário, mas é preciso cuidado para não perder nenhum detalhe. Alguns mapas são encontrados para que se busque o paradeiro de tesouros perdidos, como dinheiro e cartas de Gwent que são adicionadas ao seu baralho.

Ainda no quesito exploração, também é por meio dela que você adquire recursos para gerir suas tropas e melhorar seu acampamento. Os recursos que podem ser adquiridos são madeira, dinheiro e recrutas para seu exército. No acampamento, montado em qualquer ponto do mapa, podemos gerenciar melhorias nas instalações e no baralho de Gwent, habilitando novas ferramentas para exploração do mapa e melhorando as tropas para as batalhas.

Com o desenrolar do jogo é possível encontrar marcadores no cenário com um ícone de peça de quebra-cabeças: trata-se de uma interação estratégica que usa as mecânicas de Gwent, mas não chega a ser uma batalha de história. São pequenos puzzles que seguem a lógica das batalhas com as cartas, mas têm um objetivo específico e se encerram em uma única rodada.

As batalhas de história são formadas por rodadas em que o melhor de três vence. A mecânica do Gwent é mantida, porém agora com as novidades da atualização batizada de Homecoming: ao invés de três, duas fileiras para o posicionamento das cartas, o que altera o alcance delas e muda a estratégia a ser utilizada com cada inimigo, além das habilidades do seu exército e o uso de habilidades da Meve. No início pode parecer complicado para quem não está acostumado a jogar Gwent, mas aos poucos o jogador pega o ritmo e as batalhas passam a ficar mais divertidas e desafiadoras.

Todas as passagens de batalhas e narrativas são acompanhadas de uma trilha sonora que faz jus ao universo de The Witcher, porém não é tão marcante quanto a dos jogos anteriores e você facilmente se percebe absorto em tantas tarefas que mal percebe a música se desenrolar, o que é uma pena. Isso não tira o mérito da trilha, somente não é um dos pontos mais fortes do jogo.

O que se destaca mesmo é a mecânica; a possibilidade de jogar um RPG com as batalhas fundamentadas nos elementos de Gwent deixa o jogo bastante diversificado e pouco repetitivo. Há muito conteúdo a ser explorado, muitas batalhas e puzzles, criaturas bizarras e uma trama política que faz o jogador querer acompanhar cada passo da história. Com certeza o objetivo da CD Projekt Red foi alcançado: ampliar o universo de The Witcher mesclando a já conhecida mecânica de Gwent com uma nova forma de exploração desse mundo.

Thronebreaker é um jogo muito divertido para quem já conhece a série, para os amantes de Gwent e para quem quer começar a aventurar-se nesse grandioso universo de The Witcher.