Streets of Rage 4 – Review

streets of rage capa

É até estranho escrever um review de um novo Streets of Rage em pleno 2020, mas este ano anda tão maluco que nada mais me impressiona. Mais estranho ainda é que esse é o melhor jogo da franquia e um dos melhores (se não o melhor) beat ‘em ups modernos que tive o prazer de jogar!

A trilogia Streets of Rage foi um dos carros chefes da SEGA na época do Mega Drive, mas acabou sendo enterrada junto com a era dos consoles da empresa. O último título foi lançado em 1994, então o anúncio do quarto título mais de 20 anos depois foi uma grande surpresa. Felizmente, a Lizardcube, a Guard Crush Games e a Dotemu honraram o passado da franquia e fizeram um excelente trabalho.

10 anos depois…

O tempo de espera entre o terceiro e o quarto título pode ter levado mais de duas décadas, mas no jogo só se passou 10 anos entre um e outro. Com a queda do Mr. X, principal vilão da série, agora quem comanda o crime em Wooden Oak City são seus filhos, os gêmeos Y (que original, não é?). É claro que os detetives Axel e Blaze não vão deixar barato, ainda mais agora que eles contam com a ajuda de novos personagens: Cherry Hunter, filha de Adam Hunter, e Floyd Iraia, aprendiz do Dr. Zan (e cosplay de Jax do Mortal Kombat).

O jogo é carregado de homenagens e fan service do início ao fim. A primeira coisa que você vai notar logo de cara é o visual, que está absurdamente bonito. Ainda que sejam gráficos cartunizados, acho que o único jogo que possui o mesmo estilo artístico que pode ser equiparado com a beleza de Streets of Rage 4 é Dragon Ball FighterZ. Tudo nesse jogo é lindo, incrivelmente bem animado e detalhado. Dá até gosto de ficar olhando para a tela!

No modo campanha, você conta com 12 fases e pode ir alterando os personagens entre uma fase e outra (ou quando perder todas as suas vidas). Cada um tem seus pontos altos e fortes, assim como um especial diferente, mas eles são muito mais profundos do que isso. O jogo traz um sistema de combos semelhante ao de jogos de luta, então você pode usar diferentes ataques ao realizar comandos no seu joystick. Inclusive, alguns desses especiais funcionam como uma espécie de parry, onde você consegue interromper a sequência dos inimigos, mas paga com seu próprio HP (que pode ser recuperado, caso você já emende uma sequência em seguida).

Progredindo na campanha, você pode liberar mais personagens. Adam é o primeiro, sendo o mais balanceado de todos, mas existem outros que só podem ser desbloqueados atingindo requisitos de pontuação. As fases avaliam seu desempenho em tudo: quantas vidas perdeu, quantas porradas levou, quantos especiais usou etc. Isso tudo gera uma nota no final – quanto maior a nota, mais pontos. Ao concluir o jogo você terá uma pontuação final, mas se quiser desbloquear todos os personagens, vai ter que jogar muito bem em todas as fases!

O mais legal é que todos eles são personagens retrô, não só por pertencerem aos títulos clássicos da franquia, mas também no visual. Eles possuem um visual saudoso em pixel art, mas não é uma mera skin, pois cada pixel interage perfeitamente com qualquer efeito gerado pelo ambiente. É muito bem feito!

Regado à nostalgia

A campanha dura em torno de três horas (isso na sua primeira jogada), mas o fator replay é altíssimo, então é claro que você vai querer jogar mais. Esse tempo diminui consideravelmente quando já se conhece o jogo e a estratégia para vencer cada chefe (que são muito diferentes entre si, o que é ótimo), mas existe ao todo cinco níveis de dificuldade diferentes, além de diversos outros modos de jogo, então tem conteúdo de sobra para durar algumas dezenas de horas.

Como de costume na saga, a dificuldade é meio cruel com quem joga sozinho, mas jogar com outras pessoas não só facilita como consegue deixar mil vezes mais divertido. Inclusive, só é possível ter total noção do quão dinâmico é o sistema de combos do jogo ao jogar com outra pessoa, pois só assim você consegue arremessar um inimigo para outro jogador para que ele consiga emendar uma sequência e vice-versa.

Quando você enjoar da campanha, pode tentar sua sorte no modo Arcade, que traz de volta a época das fichas, onde você só tem direito a três vidas e caso dê game over, já era. Também temos o modo Desafio dos Chefes, onde você (ou mais pessoas) enfrentam vários chefes do jogo em sequência sem qualquer tipo de ajuda, apenas algumas comidinhas vez ou outra para recuperar um pouco de vida. Tudo isso já é desafio o bastante para te manter ocupado por mais algumas dezenas de horas.

O mais impressionante disso tudo é que o gênero beat ‘em up já não é novidade há pelo menos três décadas e ainda assim Streets of Rage 4 conseguiu renová-lo de uma forma muito simples. É um jogo muito divertido, com grande fator replay, desafiador na medida certa e lindo de morrer. Uma das maiores surpresas de 2020, sem sombra de dúvidas!