Review: Os Defensores – 1º Temporada

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Os Defensores da Marvel finalmente chegaram à Nova York e ao Netflix na última sexta (18) e nós, que somos fãs de carteirinha de cada personagem retratado ali e estamos acompanhando suas trajetórias desde abril de 2015 com a estreia da primeira temporada de Demolidor, pudemos ver a união dos quatro justiceiros nova yorkinos na luta contra o terrível clã do Tentáculo.

A qualidade da série é muito relativa para cada telespectador, pois, como era de se esperar, ela é uma grande mistura dos quatro heróis batidos em um liquidificador; é como se você estivesse assistindo a série de cada um deles, porém todas ao mesmo tempo! Com base nisso, quem assistiu as quatro séries solos de cada um e gostou de todas provavelmente vai se divertir horrores, enquanto outros que não gostaram do Punho de Ferro, ou da Jessica Jones, ou de seja lá quem for, provavelmente irão apreciar apenas os momentos em que seus heróis preferidos aparecem, e odiar outros em que o foco não está neles.

A série conta com oito episódios que acontecem após os eventos de todas as séries juntas, e contará como nossos vigilantes preferidos se conheceram e uniram suas forças. O antagonista principal retorna da série do Demolidor e do Punho de Ferro, novamente teremos o Tentáculo importunando a vida dos moradores de Nova York, mas dessa vez ele está mais perigoso do que nunca. Pela primeira vez conheceremos os cinco “dedos” da mão do Tentáculo, ou seja, os cinco líderes da organização que manipula tudo ao redor do mundo, em que a cabeça da operação é representada pela ilustre Sigourney Weaver no papel de Alexandra Reid.

Por conter menos episódios, o ritmo da série é bem mais rápido se comparado com as anteriores, que possuíam 13 episódios cada. Isso com certeza foi um fator principal para manter a atenção dos fãs por mais tempo sem precisar exagerar em diálogos inúteis e momentos descontraídos que, além de não divertirem, não acrescentam nada na trama, como foi no caso da série do Punho de Ferro. O modo como os heróis são introduzidos nas vidas uns dos outros também é algo a se elogiar. Não vemos uma cooperação imediata entre eles, mas sim encontros ao acaso por conta de seus objetivos coincidirem, e o fato deles não se entenderem tão bem logo de início deixa tudo com um tom mais natural e mais agradável de ser visto. Ver o Luke Cage (Mike Colter) e o Punho de Ferro (Finn Jones) trocarem socos no seu primeiro encontro não tem preço, assim como é ver o modo “gentil e simpático” que Jessica Jones (Krysten Ritter) trata Matt Murdock (Charlie Cox), quando ele se apresenta como seu advogado.

Os primeiros três episódios funcionam como um prólogo que apresenta melhor os personagens envolvidos na trama da vez e vão apontando o caminho que cada herói toma até enfim todos os quatro se encontrarem por ironia do destino e, devo dizer, o primeiro combate envolvendo todos os Defensores é algo muito legal de se ver. Quando os quatro estão envolvidos em uma luta, muitas vezes cada take é gravado com o estilo da série de cada um, incluindo uma trilha sonora que caracteriza cada herói, como, por exemplo, no terceiro episódio, quando eles enfrentam os empresários ninjas, assim que começa a tocar o Hip-Hop já sabemos que Luke Cage entrará em cena, e quando o take muda para o Demolidor a música, assim como o enquadramento, é alterado completamente, e assim por diante com cada um deles. É um detalhe interessante que ajuda a manter a singularidade de cada personagem retratado ali, mas infelizmente esse método não é bem explorado ao longo de todos os episódios.

Em determinado ponto da história parece que todas as cenas de lutas foram contaminadas pelo mal que assola as cenas de ação de Punho de Ferro. Takes ridiculamente rápidos, enquadramentos que não fazem o mínimo sentido e uma coreografia mais do que manjada que torna tudo artificial demais. Até seria perdoável se usassem isso apenas nas cenas do Punho de Ferro, mas parece que a partir de um certo momento todas as cenas de ação passaram a seguir esse método e as lutas passaram a ficar muito maçantes. Em certo ponto da história é bem capaz que você irá torcer para ver apenas cenas de luta com foco no Demolidor, que possui os golpes mais variados, porque os movimentos dos outros serão sempre os mesmos: Luke arremessando capangas para todo lado, Jessica dando um super soco em alguém, Punho de Ferro dando aquele pulinho 360 no ar, sempre em um círculo vicioso.

O enredo da série consegue se manter com o pé no chão até o final e não possui desvios absurdos de roteiro, mas em compensação a necessidade dos roteiristas de ficarem colocando plot-twists em todos os episódios finais acaba deixando tudo muito previsível, afinal, certas ações dos nossos heróis e até mesmo dos vilões são tão estúpidas e clichês que podem irritar o telespectador de tão obvias que as consequências se tornam. Para piorar a situação, em certos momentos os justiceiros simplesmente parecem tomar suas decisões sem juízo algum, o que não faz nenhum sentindo se pararmos para analisar a personalidade e o senso moral de cada um. Em um momento eles condenam seus aliados que tiram uma vida por um bem maior e no outro eles estão querendo explodir um prédio! É realmente bizarro.

Apesar da série falhar em manter um roteiro decente em cada episódio, o capítulo final é surpreendentemente bom demais em comparação com o resto da série. Carregado de ação, drama e muito fan service, veremos cenas de luta melhor elaboradas, incluindo uma semelhante as famosas cenas da série do Demolidor (em que ele enfrenta muitos inimigos de forma direta, sem trocar de take). Não parando por aí, a ponte que é deixada para as vindouras temporadas de suas respectivas séries solo também é muito boa, e certos acontecimentos podem deixar os fãs dos quadrinhos satisfeitos.

Os Defensores não foi feito para as pessoas que acompanham apenas uma ou duas séries da Marvel no Netflix, foi feito para os fãs que realmente assistem tudo e além disso gostam da maioria do que assistem. Apesar dos seus pontos negativos, a série consegue entreter e por não ter muitos episódios, é fácil de ser maratonada e qualquer ponto negativo pode ser facilmente ignorado por conta disso. Se você é fã de cada um dos quatro heróis provavelmente ficará satisfeito com o resultado final, mas se você não gosta de um ou outro, muito provavelmente abandonará o barco no meio da viagem.