O Pintassilgo – Crítica

thegoldfinch

Baseado em livro homônimo da autora Donna Tartt, “O Pintassilgo” (The Goldfinch) conta a história de Theodore Decker (Oakes Fegley / Ansel Engort), um menino que perde a mãe num atentado à bomba em uma galeria de arte nova-iorquina. Após se tornar órfão, Theo passa por alguns lares e várias situações complicadas, carregando consigo um segredo: a pintura do “O Pintassilgo”, levada por ele após o atentado. 

 

O elenco da obra dirigida por John Crowley é de peso e chama atenção pela quantidade de nomes promissores em sua lista. Com narrativa não linear, uma dupla divide o papel do protagonista: Oakes Fegley e Ansel Elgort. Assistimos também a Luke Wilson, Sarah Paulson, Finn Wolfhard, Aneurin Barnard, Jeffrey Wright e Nicole Kidman. 

 

Todos entregam performances eficientes, com destaque para Nicole Kidman e Oakes Fegley, que se firmam com louvores em suas respectivas atuações. A personagem de Nicole, sra Barbour, não é de exageros. Então é no olhar e no tom de voz que a atriz mostra seus pensamentos. Fegley não é tão sutil, porém assume o protagonismo e expõe de forma convincente as perturbações de Theo.        

 

A ambientação sonora faz um bom trabalho ao passar ao espectador as emoções sentidas em cena, sejam elas boas ou ruins. E aqui não se diz somente as músicas tocadas na produção. É possível perceber o cuidado tomado para que toda a combinação de ruídos e silêncio tivesse um impacto à altura do que estava sendo mostrado em tela.   

 

A fotografia não ousa nos enquadramentos, mas torna-os um tanto belos, com uso de velas, contraluz e contrastes na iluminação. A imagem salta aos olhos de quem assiste, permitindo que o espectador, novamente, admire as antiguidades que aparecem na história, assim como Theo o faz. Traduz bem o diegético.  

 

Porém todas as qualidades da produção acabam ficando de lado quando a atenção é voltada a outros elementos. Primeiramente, existem algumas “gorduras” de cenas, ou seja, momentos desnecessários. Durante várias vezes percebe-se a sobra de falas ou tempos de take que não servem para nada mais além do que arrastar um pouco a narrativa. 

 

E isso acaba contrastando ainda mais a forma abrupta como a sequência final é apresentada. É como se não houvesse mais tempo para desenvolver a trama dali para frente e, assim fosse necessário correr com os acontecimentos, atropelando a sequência e finalizando o ato rápido demais. Faltou equilíbrio e uma melhor seleção do que entrar ou não na adaptação. 

 

Dessa maneira, pode-se afirmar, em resumo, que “O Pintassilgo” conta com uma grande base de elementos audiovisuais bem pensados e executados, porém todo o mérito positivo da obra é incapaz de sustentar seu maior problema: um roteiro desequilibrado e um tanto confuso. Um filme que poderia ter dado muito certo, mas que não conseguiu.