Era Uma Vez Um Deadpool – Crítica

deadpool capa

Não há dúvidas de que Deadpool (2016) e Deadpool 2 (2018) foram um sucesso nos cinemas e conquistaram fãs por possuírem seu estilo único caracterizado por ter litros de sangue e humor ácido, mas o único “problema” desta narrativa foi a classificação indicativa para maiores de 18 anos. Mesmo assim, isso não foi um impedimento para que o filme alavancasse nas bilheterias e tivesse uma excelente repercussão. Apesar disso, a Fox decidiu criar uma versão mais clean do Mercenário Tagarela para que o público-alvo em potencial que ficou de fora também fosse atingido.

Era Uma Vez Um Deadpool (Once Upon a Deadpool) consegue vender bem que é um filme que possui uma nova narrativa e que é atrativo, mas engana. O filme não passa de uma versão mais suave e editada de Deadpool 2, onde há cortes de cenas violentas com sangue, palavrões censurados, uma pequena mudança na narrativa e uma rápida homenagem ao Stan Lee. Para criar uma atmosfera mais suave, o filme acrescentou a referência ao filme A Princesa Prometida (1988) e conta com a participação de Fred Savage, que é sequestrado pelo anti-herói e é obrigado a escutar o desenrolar do filme, que é descrito como se fosse um conto de fadas. As cenas com Savage possuem pouca duração e surgem quando há momentos de tensão para fazer breves comentários que explicam melhor o enredo, até mesmo por causa do excesso de cortes realizados na edição. Alguns dos breves comentários satirizam o filme, fazendo uma brincadeira se o longa-metragem é de fato da Marvel ou não.

Infelizmente todo o processo não funciona muito bem para o Mercenário Tagarela, que nesta edição faz piadinhas sobre Nickelback, Justin Bieber e filmes da Disney. O excesso de piadas suaves faz com que as piadas originais de Deadpool 2 que foram inclusas no roteiro percam o seu efeito, as tornando sem graça. Vale ressaltar que há cenas de lutas que funcionam bem e outras não, no qual os personagens parecem não sofrer muito impacto com a pancadaria. Tal situação pode até ser comparada quando desenhos animados lutam e depois ficam bem, sem nenhum machucado. Um exemplo de que isso não funciona bem no enredo é quando o anti-herói é cortado ao meio em uma luta e não é visível. Logo após o ocorrido há uma cena em que ele está regenerando a outra parte do seu corpo e aparece com perninhas de bebê, o que torna a situação confusa para o telespectador e não tão engraçada como deveria ser. Além disso, a grande quantidade de cortes que foram feitas para a adaptação do filme, o torna rápido e menos dramático.

Contudo, Era Uma Vez Um Deadpool faz com o que o Mercenário perca um pouco da sua identidade. A adaptação funcionaria melhor como um filme para ver em casa e não nas telas no cinema, que é completamente desnecessário.  O filme tem êxito para os menores de idade, mas nem tanto para quem já assistiu ao filme anterior. Pagar um ingresso e gastar tempo no cinema em um filme cheio de cortes e com uma pegada mais leve não é a melhor opção para quem já viu o original. Até mesmo porque rever toda história novamente em uma versão mais fraca é tedioso.