Alan Wake 2 – Review

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A review de Alan Wake 2 foi realizada por uma cópia disponibilizada pela Epic Games
Alan Wake 2 é uma das maiores surpresas do ano! Sério, é difícil imaginar outra desenvolvedora fazendo um jogo triple A tão maluco quanto Alan Wake 2. O jogo mistura o que tem de melhor na atual geração, criando o que acredito ser o grande jogo desse ano dentro e fora do seu gênero!

Já se passaram 13 anos desde que Alan Wake nos deixou perdidos no primeiro jogo, deixando mais perguntas do que respostas. Agora a Remedy retorna com mudanças significativas na jogabilidade que valeram a espera. Algumas das mudanças na jogabilidade são que os personagens não cansam  após correr alguns passos e seu inventário agora mantém a continuidade entre os capítulos, armas podem ser aprimoradas e recursos gerenciados de forma mais eficaz, além de muitas outras mudanças. Alan Wake 2 é, portanto, uma experiência mais coesa, orientada para sua narrativa e ação, mas sem deixar de lado o suspense e o desafio.

De volta ao jogo

Alan Wake 2 vai fazer o jogador sobreviver em realidades distorcidas, controlando dois personagens que existem em mundos totalmente distintos. Há o romancista desaparecido tentando escrever seu caminho para fora de um pesadelo cíclico e uma agente do FBI investigando uma série de assassinatos ritualísticos nas áreas próximas a Bright Falls. Páginas de uma história de horror esquecida emergem da superfície do Lago Caldron, ameaçando liberar um terrível monstro.

A decisão de desviar o foco da lanterna de Alan e de sua luta para escapar do Lugar Sombrio é corajosa e bem executada. Saga Anderson é uma brilhante adição ao universo conectado da Remedy, com a atriz Melanie Liburd se adaptando com naturalidade às conversas com os excêntricos moradores de Bright Falls, assim como seu parceiro Alex Casey (interpretado por Sam Lake e James McCaffrey, o rosto e a voz de Max Payne respectivamente) ou os agentes da Agência Federal de Controle que monitoram uma Ameaça de Mundo Alternativo recorrente na área. Saga é jogada na campanha sem muito conhecimento do que aconteceu, assim como nós, que passamos 13 anos longe da história de Alan Wake e agora estamos voltando e precisamos lembrar de alguns eventos, com isso a Remedy consegue criar um elo entre a protagonista e o jogador.

Dentro da sua mente

Um tema central do Alan Wake original era a ideia de que obras de ficção que entram em contato com o Lugar Sombrio podem alterar a realidade, e essa ideia é explorada de forma mais direta na sequência. Desde o desaparecimento de Wake, a floresta que cerca o Lago Caldron se tornou o lar de um culto assassino. A investigação de Saga sobre as origens desse culto é o componente central para o desenvolvimento da campanha. Você pode conversar com alguns poucos habitantes da cidade durante o dia e enfrentar encontros perigosos com os monstros ao anoitecer, gradualmente os eventos vão ganhando contexto e você encontra algumas pistas no processo, que você organiza em murais de casos dentro do seu Palácio Mental, acompanhando desde o progresso nas missões até a coleta de itens especiais.

No entanto, suas linhas de pensamento dentro do Palácio Mental nem sempre revelam uma imagem clara quando uma linha de investigação é concluída, o que deixa uma sensação de que é preciso fazer um esforço para entender as intenções dos roteiristas. Ainda falando sobre essa mecânica de investigação, ela é bem interessante e te faz mergulhar ainda mais fundo na campanha, mas pode tornar cansativo sempre ter que voltar lá para ajustar suas pistas.

Saga é uma excelente a gente do FBI, suas deduções funcionam quase como um superpoder capaz de traçar a personalidade dos personagens por meio de uma forma de projeção astral. Se você é fã de Twin Peaks e True Detective, vai se sentir em casa.

Duas realidades

A disposição da Remedy para experimentar a ideia de reescrever a realidade é impressionante, com as perspectivas de Saga mudando sutilmente à medida que você transita entre as florestas sombrias do Lago Caldron, as cabanas ensanguentadas de Bright Falls e os parques de diversões arrepiantes de Watery. A partir de certos pontos de junção espalhados pelo mundo, você tem a capacidade de direcionar sua atenção para o Lugar Sombrio, e a Remedy sempre teve o desafio de manter Saga relevante. Felizmente, sua narrativa é envolvente, com estruturas de missão expansivas que garantem que você nunca fique desesperado por um reencontro com o Alan Wake.

No entanto, por mais incrível que seja a história de Saga Anderson, é impossível resistir ao apelo do Lugar Sombrio para sempre. É nessa realidade de pesadelo que encontramos um Alan Wake em colapso, lutando para manter sua sanidade após uma década de tentativas de fuga fracassadas. O ambiente funciona em loops e rituais, o que significa que você experimentará um tipo estranho de ciclo, pois a morte não é o fim, mas sim uma chance de tentar novamente. A forma como isso é manifestado em Alan Wake 2 é impressionante.

Reescreva a realidade

Na tentativa de escrever sobre seu retorno à realidade, Alan precisa criar esboços de um novo romance que o permitirá contornar a Presença Sombria. Você fará isso localizando cenas e inspirações que ecoam pelo Lugar Sombrio, as quais, uma vez capturadas, permitem que Alan escreva e crie fisicamente tramas de thrillers policiais sombrios a partir de seu Escritório de Escritor (local parecido com o Palácio da Mental da Saga). Ao reorganizar os elementos da história em um quadro negro, o ambiente responde em tempo real, abrindo novos caminhos de exploração e narrativa.

Você também tem a capacidade de manipular diretamente o ambiente com a Angel Lamp, uma ferramenta que pode absorver certas fontes de luz e transferir as cargas para outras áreas. É com isso que Alan Wake 2 brinca com puzzles interessantes, escondendo caminhos de progresso e segredos de história por trás de uma paisagem em constante mudança. É um conceito interessante que contribui para vender a fantasia de que o Lugar Sombrio está sendo reescrito ao seu redor e a mente de Alan Wake se deteriorando.

Fear of the dark

O que é o medo do escuro senão o medo do desconhecido? É um conceito que a Remedy explora à medida que você mergulha mais fundo. Nessa visão distorcida e noturna de Nova York, você encontrará alguns dos efeitos visuais mais impressionantes desta geração, com uma fidelidade complementada por sequências cinematográficas com atores reais. Vale lembrar que a a Remedy já brincou com live-action no passado, mas nunca de maneira tão coesa ou eficaz como aqui. E não dá para deixar de elogiar a colaboração entre os atores Ilkka Villi e Matthew Porretta, o primeiro emprestou seu rosto e “atuação física” para o nosso querido Alan Wake, já o segundo é o ator de voz do personagem.

De muitas maneiras, Alan Wake 2 trata de mudanças de perspectiva. Tanto na forma como os personagens estão conectados à história de terror em meio a essas realidades sobrepostas quanto na maneira como a câmera em terceira pessoa se mantém mais próxima dos ombros de Saga e Alan. Os inimigos ainda são amplamente imunes a danos até que a sombra seja removida com um feixe de luz, mas o que você pode fazer uma vez que eles ficam vulneráveis é significativamente diferente. Os inimigos se movem em números menores agora, mas são fortalecidos pela presença sombria, exigindo tiros precisos para interromper seu avanço.

Pronto para o combate

Como em um típico jogo de survival horror, munição e espaço no inventário são limitados. A racionalização de cartuchos de espingarda e estojos de rifle é necessária, principalmente porque as pistolas fazem pouco para deter inimigos mais difíceis que surgem no final dos capítulos. Nesse sentido, a exploração é sempre incentivada, tanto no Lugar Sombrio quanto na campanha de Saga. Recursos chave estão escondidos por todo o lugar, bem como pessoas de interesse para encontrar, coisas para ler e assistir e segredos para descobrir. Há um mundo rico lá fora, e Alan Wake 2 é ainda melhor se você se permitir desacelerar e absorver a atmosfera, nada de rushar, mas você tem coragem para explorar?

Se você achar que sabe para onde Alan Wake 2 estava te levando, o jogo vai subverter suas expectativas. É uma sequência inteligente de um clássico cult, levando para um outro nível as história de terror. Também é maravilhosamente galhofada e, em alguns momentos, brilhantemente imaginativa.

O ritmo pode não agradar a todos, já que a narração e a exploração são igualmente valorizadas em relação à ação e à narrativa, mas se você estiver disposto a abraçar o ritmo que permeia toda a experiência, encontrará em Alan Wake 2 uma aventura verdadeiramente única.

Considerações finais

Em resumo, Alan Wake 2 é uma das maiores surpresas do ano, oferecendo uma experiência que combina o que tem de melhor em vários gêneros. Com mudanças significativas na jogabilidade que melhoram a experiência do jogador, como a coesão na narrativa e a capacidade de controlar dois personagens em realidades distintas. Alan Wake 2 leva os jogadores a mergulhar em um mundo sombrio e misterioso. A trama intrigante, a habilidade de reescrever a realidade e o medo do desconhecido mantêm os jogadores imersos, enquanto o combate e a exploração recompensadora enriquecem a jogabilidade. Alan Wake 2 é uma aventura única que supera as expectativas, proporcionando uma experiência memorável.

Distribuidora: Epic Games
Desenvolvedor: Remedy Entertainment
Gênero: Survival horror
Disponível para: PlayStation 5, Xbox Series X e Series S e PCs
Data de lançamento inicial: 27 de outubro de 2023

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