Yesterday – Crítica

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Imagine um dia acordar e ninguém nunca ter ouvido falar de Beatles, exceto você? A premissa de Yesterday é instigante por si só. Dirigido por Danny Boyle, o filme promete alcançar não só os fãs de The Beatles, como todo público que curte um filme divertido com uma boa e nostálgica trilha sonora.

Jack Malik (Himesh Patel) é um músico desconhecido que tenta fazer sucesso a todo custo, mas seu entusiasmo é ignorado por todos, com exceção de sua melhor amiga Ellie Appleton (Lily James). Quando está prestes a desistir da carreira de músico, numa noite, um fenômeno incomum acontece. No mundo inteiro, durante 12 segundos, as luzes se apagam. Nesse curto espaço de tempo, Jack é acertado por um ônibus cujo motorista teve a visão comprometida com o apagar das luzes.

Quando se recupera, Ellie está no hospital e Jack acha esquisito quando sua amiga não compreende a referência que faz à música When I’m Sixty-four durante uma piada. Jack havia desconsiderado esse fato isolado até o momento em que, numa mesa, com seus amigos, Jack toca e canta Yesterday. Enquanto seus amigos aparentam estar emocionados e surpreendidos, Jack fica intrigado e irritado por todos estarem agindo como se nunca tivessem escutado essa música na vida, e pior, nunca tivessem ouvido falar de Beatles.

Depois de uma pesquisa rápida na internet, Jack descobre que, para o Google, um Beatle não é nada mais que um besouro. E outras coisas como Coca-Cola, cigarros, Oasis e Harry Potter nunca foram inventadas nesse universo paralelo para o qual ele fora transportado.

É então que Jack percebe uma oportunidade. Em vez de deixar de lado a carreira na música, se apropria das canções dos Beatles e começa a fazer um sucesso estrondoso com as composições. Jack vai tentando se lembrar das letras do máximo de composições possíveis da banda. Algumas surgem em sua mente de forma mais fluida do que outras. Jack vai se lembrando enquanto ouve palavras-chave em diálogos aleatórios com as pessoas ao seu redor, o que traz uma dinâmica muito divertida para o longa.

A participação de Ed Sheeran é um charme e um marketing a parte. O ruivo tem uma atuação ainda mais presente do que o trailer promete, e seus palpites de composição nas músicas de Jack são hilários.

O sucesso se acirra graças às investidas da empresária musical Debra (Kate McKinnon), e o filme brinca com as ironias das medidas e palpites que Debra toma nas letras e estilo de Jack para torná-lo um músico mais rentável. Depois de muita repercussão, os amigos de Jack e especialmente Ellie vão se distanciando, o que faz o jovem começar a se questionar até onde vale a pena continuar carregando o peso de compor as músicas mais brilhantes da história para conseguir o sucesso que sempre almejou com a música. Sem contar que começa a se preocupar com sua integridade e se tudo o que está vivendo é uma grande mentira.

Yesterday explorou bastante o romance de Jack com sua amiga Ellie, que quase a vida toda nutriu uma paixão platônica.

Os roteiristas, no entanto, perderam a oportunidade de correlacionar as músicas cantadas com o momento do filme. Assim como em Across the Universe, filme de Julie Taymor, musical baseado na discografia dos Beatles, em que as músicas são orquestradas e encaixadas no momento certo do enredo, se relacionando com os momentos vividos e pelos nomes de cada um dos personagens.

A beira do clímax da história, Jack conhece um casal que aparentemente não se esqueceu como os demais. O que eles lhe revelam marca uma das cenas mais simpáticas do filme. Logo depois, recebemos uma surpresa, a cereja do filme. Uma linda homenagem a um dos Beatles, com o diálogo mais significativo do longa.

Com uma trilha sonora de trazer arrepios, Yesterday é um belo tributo a banda inglesa, emociona e faz seu público rir. O roteiro peca algumas vezes, mas é simpático do início ao fim, e traz a perspectiva de que um mundo com The Beatles é infinitamente melhor.