Yakuza: Like a Dragon – Review

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Muitas franquias consagradas dos videogames estão sentindo a necessidade de mudar da água para o vinho. Já vimos grandes jogos como Resident Evil, Assassin’s Creed e God of War se renovarem de tal modo que não só deu uma cara nova ao jogo, mas também abriu as portas para uma nova fase de muito sucesso. Agora chegou a vez de Yakuza, uma das franquias mais peculiares dos games que conta com milhares de fãs ao redor do globo, tentar sua sorte nas mudanças.

Tratando de assuntos muito realísticos relacionados ao mundo do crime e todos os podres da sociedade contemporânea, ao mesmo tempo que tira sarro de tudo, Yakuza já construiu um vasto universo ao longo de seis jogos, todos protagonizados por um homem: Kazuma Kiryu. Dá para imaginar o choque que foi saber que a sétima entrada da série, Yakuza: Like a Dragon, teria um protagonista diferente e iria ainda mais além: deixaria o beat ‘em up de lado para aderir ao bom e velho RPG de turnos.

Não dá para negar, a Sega foi bem ousada nessa, e o mais impressionante é que deu tudo muito certo! Agora que o jogo foi lançado no PS5, finalmente temos a oportunidade de adentrar Yokohama na pele de Ichiban Kasuga da melhor forma possível.

Herói do povo

Pode ser um tanto bizarro jogar um Yakuza na pele de outro criminoso que não seja Kiryu, mas pode acreditar que não vai demorar muito para você simpatizar com Kasuga. Temos aqui um homem que já passou maus bocados na vida, foi preso por um crime que não cometeu e passou quase a vida inteira em cana, mas nunca deixou esses pesares mudarem quem ele é. Sim, ele ainda é um criminoso e trabalha para a Família Arakawa, mas ele não deixa seu lado fora-da-lei interferir em seu verdadeiro caráter e tudo que ele deseja é se tornar um herói algum dia.

Como sempre, a construção dos personagens continua espetacular. Todo o elenco principal é muito profundo e recheado de personalidade, então é impossível não gostar de cada membro da sua party, por mais maluca que ela seja. Cada um possui suas próprias qualidades, defeitos e motivações, além de serem muito diferentes um do outro. Isso já era uma característica marcante dos outros Yakuza, mas caiu como uma luva nessa nova fase “RPG” da série.

A maior mudança ficou a cargo do combate, que trocou toda a ação e pancadaria de antes por um sistema muito manjado e totalmente estratégico. Porém, mesmo sendo clichê, o jogo ainda traz suas próprias particularidades e isso é incrível! Um exemplo: os inimigos se dispõem em camadas e, se você quiser atacar alguém que está atrás de outro oponente, vai acabar levando um belo sopapo e perdendo o turno. Não é possível atacar inimigos quando existem outros no seu caminho e isso muda tudo, pois exige que você tenha o mínimo de estratégia.

A tão famosa zoeira e humor nonsense da franquia também estão mais que presentes aqui, tanto nos diálogos e situações inusitadas que o jogo te coloca como no combate. Um dos nossos companheiros de equipe é um bêbado que pode invocar pombos para atacar os inimigos, então por aí você já consegue imaginar o resto. Mas não é só de humor que é feito Yakuza e o jogo também aborda temas muito sérios como vício em drogas, prostituição e muitas críticas sociais. Like a Dragon consegue alcançar o equilíbrio perfeito, então tem hora para rir e hora para chorar.

Explorando a nova geração

Agora vamos focar nas particularidades do port de PlayStation 5, que é a novidade aqui, afinal. Como todos os títulos que receberam upgrade para o console, Yakuza: Like a Dragon dispõe de duas opções de jogo: performance ou gráficos. Todos oferecem um visual consideravelmente melhor que a versão de PS4, mas com algumas diferenças: o modo performance roda a 60fps com leves melhorias nas texturas enquanto o modo gráficos traz um upgrade maior, porém limitado a 30fps.

Para ser sincero, até hoje não vi nenhum port de PS5 que traz melhorias tão boas a ponto de sacrificarmos os 60fps, que dão toda uma cara nova para o gameplay. Mesmo jogando no modo gráficos, é nítido que a diferença entre ambas as versões não é muito grande, então no final acaba valendo mais a pena curtir a jornada em 60 frames. Quem ainda não jogou saiu na vantagem, pois terá a oportunidade de testar pela primeira vez em sua melhor versão, mas aqueles que já jogaram nos consoles antigos tem mais um motivo para jogar novamente.

Infelizmente, trago más notícias para quem já jogou no PS4 e pretende jogar novamente no PS5: não é possível transferir seu save da geração passada, o que é um baita tiro no pé. Dificilmente alguém que já começou a jogar e não terminou vai querer começar tudo do zero somente para curtir gráficos e um desempenho melhor, então esse foi o maior erro deste port.

Quanto ao resto, acho que já ficou muito claro que Like a Dragon é um excelente RPG e ainda honra o legado da franquia. Quem já é fã com certeza vai curtir e quem nunca jogou nenhum Yakuza vai curtir do mesmo jeito, sendo esse o título definitivo para veteranos e novatos.