Strange Brigade – Review

Strange Brigade 1

A Rebellion Developments, já consagrada pela saga Sniper Elite, resolveu expandir seus horizontes e sair um pouco da zona de conforto de atiradores de elite e zumbis nazistas. Foi se inspirando em diversos títulos multiplayer e usando toda a sua experiência já adquirida em Zombie Army Trilogy que nasceu Strange Brigade – um jogo que traz consigo toda a fórmula de sucesso dos demais títulos do gênero.

Strange Brigade é um third-person shooter que coloca quatro jogadores para se aventurarem em selvas, ruínas e templos antigos, enfrentando muitas hordas de múmias e criaturas sobrenaturais e representando tudo isso da melhor maneira que já vimos em filmes como A Múmia e Indiana Jones. Repleto de ação e puzzles, o título consegue ser um bom respiro no meio de tantos Battle Royales e Roguelikes que estão sendo lançados recentemente.

Isso parece um trabalho para a Strange Brigade

Apesar de ter um foco em multiplayer, o game possui uma campanha com história e tudo, mas que não foi muito caprichada, então não espere um enredo excepcional com personagens marcantes e reviravoltas. A Strange Brigade é uma equipe formada por agentes secretos britânicos que tem como missão destruir o espírito maligno da rainha Seteki – essa que foi uma tirana que governou em solo africano há milhares de anos atrás, até que seu povo, indignado com sua crueldade, selaram-na em uma tumba. Seu espírito foi liberto após um arqueólogo encontrar e abrir essa tumba, e é exatamente nessa área de escavação que nossa jornada começa.

O primeiro passo no jogo é escolher um personagem, tendo uma variedade de quatro. Cada um possui uma habilidade específica e começa com determinados tipos de armas, mas podemos equipar quaisquer armas independente do personagem que escolhermos – o que muda é apenas a skill exclusiva de cada um. Seu personagem também carregará consigo um amuleto que te permite usar um ataque especial quando o mesmo estiver carregado por completo, e todos tem disponíveis os mesmos amuletos.

O visual realmente impressiona.

Apesar de toda a propaganda do game ter sido no multiplayer cooperativo em quatro pessoas, você pode sim jogar sozinho do início ao fim sem passar grandes apuros. A dificuldade é extremamente balanceada e você consegue tirar a campanha de letra tanto jogando sozinho quanto jogando com amigos. O único problema em jogar sem companhia é que Strange Brigade realmente foi produzido para ser jogado em times, e esse fator é um dos detalhes que acaba menosprezando os jogadores solitários.

Todas as fases são longas demais e possuem hordas quase intermináveis de inimigos, justamente porque os desenvolvedores presumiram que você estaria jogando com mais pessoas. Jogar sozinho acaba tornando essa aventura muito maçante, pois logo você notará que é muito comum passar de 40 minutos a 1 hora em uma única fase, e mesmo que os combates sejam fáceis, ainda assim se torna cansativo enfrentar tantas hordas de inimigos sozinho.

Mas existem algumas vantagens nisso, pois todas as fases são repletas de caminhos secretos e opcionais que te recompensarão com relíquias e colecionáveis, e estando sozinho você terá mais liberdade de exploração, sem se preocupar com aquele outro jogador apressado que só quer matar os inimigos e seguir em frente. Se tratando de itens para se caçar, Strange Brigade não decepciona – contaremos com diversas relíquias que nos recompensam com novos amuletos (caso coletamos todas de uma sessão), documentos que complementam o enredo do game e artefatos mágicos que devemos encontrar e destruir para obter uma recompensam no final da fase.

O gato dourado é a recompensa por destruir todas as estátuas de gato da fase.

A grande maioria dessa caça ao tesouro é acompanhada por diversos puzzles bem preguiçosos, que se resumem apenas à procurar símbolos bem mal escondidos pelo cenário e reproduzi-los na ordem correta para liberar passagens. Salvo algumas poucas variedades, todos os puzzles giram em torno desse método que além de ser fácil demais mal exige algum raciocínio do jogador, basta explorar bem seus arredores.

Quebrando a rotina de exploração, paralelamente enfrentaremos diversas hordas de inimigos que aparecem casualmente ou em eventos pré-determinados. A variedade de monstros é bem legal e, mesmo que todos eles se pareçam muito no visual, teremos inimigos com todo tipo de habilidade possível, o que torna tudo mais atrativo e desafiador. A mira pesada do jogo vai dificultar bastante sua vida na hora de meter chumbo em todos eles – ainda mais pelo fato de que eles não param de se mexer nem 1 segundo sequer, então errar tiros aqui é mais comum do que parece. Mesmo com essas desvantagens, os inimigos são tão lentos e sua inteligência artificial é tão limitada que se torna extremamente fácil enfrentar muitos deles sozinho sem suar.

Modos para todos os gostos

Os jogadores contarão com um arsenal bem interessante ao seu dispor, mas as armas fixas acabam sendo a grande minoria. Temos disponível uma pistola, uma shotgun, um rifle e uma metralhadora e apenas um modelo diferente de cada uma dessas armas para comprar (com exceção das pistolas, que possuem quatro modelos). O que salva essa falta de opções são as pedras mágicas que encontramos explorando e que garantem atributos exclusivos nas armas que as mesmas forem equipadas, dando bastante singularidade para o armamento de nossa preferência.

Também existe uma série de armas especiais que desbloqueamos durante as partidas, comprando com o ouro que coletamos ao longo do jogo. Essas armas são aleatórias e são automaticamente descartadas após a munição acabar, mas são elas que possuem o poder de fogo mais destrutivo do jogo, e a maior variedade também, indo desde shotguns com tiros incendiários até bestas com dardos explosivos. O fato delas serem aleatórias contribui bastante com a imprevisibilidade das partidas e exige um raciocínio rápido do jogador para adaptar sua estratégia de acordo com a arma recebida, o que é um ponto positivo do game.

Burn baby!

Se jogar o modo história já não é a sua praia, não tema, pois Strange Brigade conta com mais modos para todos os apetecimentos. No modo Horda (que dispensa comentários) será você e seu time contra hordas infinitas de monstros, e apesar de ser um modo padrão de quase todos os jogos multiplayer, não deixa de ser divertido e desafiador. Já no modo Ataque por Pontos você revive as fases da campanha re-imaginadas em corridas contra o tempo, onde você deve criar sequências de matança insanas para pontuar muito e garantir um lugar nos placares mundiais.

Se tratando de toda a parte técnica, o visual do game segue uma arte levemente cartunizada sem fugir muito do realista, usando cores muito fortes e vivas, o que contribui bastante com a beleza dos cenários, que quase sempre são abundantes em natureza e possuem muito verde. A trilha sonora segue o padrão genérico dos filmes de aventura que inspiraram este jogo, então é tudo bem esquecível e muito provavelmente nenhuma faixa irá te marcar.

O modo Horda é uma boa maneira de testar suas habilidades.

Existem apenas duas coisas que realmente incomodam neste jogo: a primeira são as legendas, que são exageradamente minúsculas na tela e impossíveis de se ler; mesmo com o jogo legendado em português, o único meio de entender o que se passa é tendo um bom entendimento de inglês e prestando atenção no que o narrador fala ao decorrer das fases, porque é simplesmente um desafio enxergar aquelas letrinhas. A segunda coisa que muito provavelmente vai te tirar do sério é o narrador, que não para de falar em nenhum momento – ele literalmente vai narrar toda a história e tudo que você faz dentro das fases, encaixando piadinhas péssimas em toda situação e te obrigando a mutar a TV depois de algumas horas de jogatina. Somente os mais pacientes conseguirão aguentar esse cara sem perder a cabeça.

Strange Brigade é um título que não traz nada de novo, mas consegue se sustentar dentre os demais jogos do gênero e é uma boa pedida pra quem curte jogar um co-op com os amigos. Tendo com quem jogar com frequência, é uma compra mais que recomendada, mas para se jogar sozinho não é um bom negócio, pois além de enjoar rápido você não estará tirando todo o proveito da proposta do game. É claro que você sempre pode jogar online com pessoas aleatórias, mas a graça deste tipo de jogo sempre foi e sempre será montar o seu próprio esquadrão e viver grandes aventuras ao lado de seus companheiros.