Starfield – Review

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Starfield tem sido esperado por anos. Mesmo não sendo o primeiro jogo desse gênero com essa temática, pois existem outros jogos de ficção científica no espaço, assim como títulos de mundo aberto, mas ainda parecia trazer um ar de inovação. Entretanto, o que mais animava os jogadores era que a Bethesda, o estúdio por trás de franquias icônicas como The Elder Scrolls e Fallout, criou seu primeiro universo novo depois de vários anos, e que universo incrível, mas será que ele se sustenta como jogo?

Seja o que quiser, mas aprenda sozinho

Starfield traz uma grande questão que é: ele corresponde às expectativas? Como todo jogo da Bethesda, eu diria que isso depende. O resultado final é que Starfield é um jogo com uma campanha épica e jogabilidade que você pode moldar ao seu gosto. Se você quer uma jornada heróica, você pode criar essa narrativa por conta própria. Se quiser explorar novos mundos, construir bases avançadas e governar um pequeno império, você também pode fazer isso. Ou se você preferir apenas vagar e assumir missões como desejar, como um renegado armado, essa também é uma opção. Mas se você está em busca de um jogo que vai te ensinar as mecânicas ao pé de letra, construção de builds, mineração de itens, este não é o caso e isso pode ser um problema.

Muito o que fazer

O título em poucos minutos de gameplay já te deixa a opção de explorar e seguir seu caminho. No entanto, se você não está familiarizado com a abordagem da Bethesda de “crie sua própria diversão”, Starfield pode parecer sem propósito. Após iniciar a campanha principal ao falar com o grupo Constelação, uma série de missões secundárias vão ficando disponíveis se você conversar com algum NPC ou se simplesmente ouvir alguma coisa enquanto caminha por alguma cidade.

Com tantas missões disponíveis, o jogo facilita o acesso a elas ao organizá-las em um menu bem intuitivo. Já o mapa, bem, ele fica no canto inferior esquerdo e vai levar um tempo até você se acostumar com a quantidade de informação que ele carrega em tão pouco espaço, e seguir seu caminho por ele é bem complicado inicialmente e me fez sentir falta dos indicadores de Fallout e The Elder Scrolls.

Montando seu personagem

A criação de personagem está muito mais aprimorada, claro, poderia te rmais opções de cabelo, mas ao que se refere as características físicas, é possível montar personagens com características únicas. Além disso, é necessário escolher um histórico que moldará o passado do seu personagem e influenciará as reações dos outros personagens em relação a ele. Além do plano de fundo, você também seleciona três traços de personalidade. Seu histórico e características iniciais desbloqueiam opções específicas de diálogo, embora muitas vezes escolher diálogos alternativos possa levar à mesma conclusão, mas em algumas ocasiões, essas escolhas são bem vantajosas.

Outras habilidades são divididas em cinco categorias: Físico, Social, Combate, Ciência e Tecnologia. Cada habilidade possui quatro níveis desbloqueáveis, cada um com desafios progressivamente mais difíceis. Após concluir esses desafios, você pode gastar pontos de habilidade para aprimorar ainda mais a habilidade escolhida. Há uma variedade considerável de habilidades, e aprimorá-las desbloqueia vantagens adicionais que são cruciais para expandir sua tripulação e as opções de combate. Além disso, isso possibilita a aquisição de naves espaciais e postos avançados mais sofisticados.

A inteligência artificial, contudo, permanece tão limitada quanto em jogos anteriores da Bethesda. Os personagens frequentemente colidem entre si sem reações adequadas e, em algumas situações, reagem exageradamente. Os companheiros muitas vezes entram nas cenas ou bloqueiam as passagens, olhando para você com expressões vazias. Os inimigos muitas vezes demonstram comportamento pouco realista e agressivo, às vezes até arriscando a própria vida. O mesmo se aplica à vida alienígena que você ocasionalmente encontra durante suas explorações espaciais.

Pronto para ir ao espaço!

Se falarmos da Bethesda, Starfield é uma conquista técnica, com gráficos impressionantes que realmente brilham no PC. Apesar de ter ouvido falar de alguns bugs hilários, não encontrei muitos dos famosos bugs da Bethesda, no máximo algum NPC companheiro flutuando em cima de um objeto onde a caixa de colisão falhou, ou alguns gráficos carregando, o que é impressionante se levarmos em consideração o tamanho cósmico do jogo e o histórico da desenvolvedora.

Essa escala cósmica é ao mesmo tempo, a maior qualidade e a maior fraqueza de Starfield. Já joguei por dezenas de horas e sinto que mal arranhei a superfície. Passei quatro horas apenas catalogando e explorando um planeta e isso pode ser entediante, já que muitos planetas são gerados aleatoriamente, e enquanto andamos encontramos vários nadas, e alguma estruturas colocadas em pontos aleatórios. Talvez se tivéssemos algum veículo para ajudar na locomoção, a exploração em partes aleatórias acabaria sendo mais dinâmica, pois a exploração envolve percorrer lentamente paisagens remotas, ocasionalmente fazendo descobertas, procurando minerais e estudando a flora e fauna, até encontrar uma barreira invisível. Além disso, não é possível simplesmente aterrissar em qualquer lugar do planeta. Cada mundo é dividido em seções, com alguns locais onde é permitido aterrissar. Uma vez na superfície, você poderá se deslocar rapidamente entre os pontos descobertos.

Mesmo assim há muito o que ser feito, tantas descobertas a fazer, inúmeras missões a enfrentar, várias facções para descobrir e muitos personagens para conhecer, se você seguir as missões do jogo, sejam elas principais ou não, a experiência nunca parece realmente parar e o jogo vai, sim, te surpreender enquanto viaja pelo espaço.

E por falar em missões, a história da missão principal de Starfield deve surpreender os jogadores em alguns momentos chaves, e ser surpreendido nunca é algo negativo. Além disso, a conclusão da campanha principal cria, de forma brilhante, a possibilidade do New Game+ em Starfield, que permite que o jogador mantenha seu personagem e habilidades ao recomeçar desde o início, de uma maneira que se encaixa perfeitamente na lógica do jogo.

Ao infinito, mas não tão além

Você tem toda uma galáxia para explorar, mas antes disso, você precisa entrar na sua cabine, decolar, consultar o mapa estelar, escolher um destino e, se a sua nave permitir, realizar um salto gravitacional através dos sistemas solares. O problema principal aqui é que você não tem um controle muito direto sobre isso. Por exemplo, você não controla a entrada na atmosfera, você apenas assiste à sua nave executando essa ação.

Da mesma forma, você pode navegar pelo espaço, redistribuindo a energia entre os sistemas da sua nave conforme necessário, mas geralmente não há muitos motivos para permanecer no espaço por mais tempo do que o necessário para cumprir uma tarefa específica. Você fica restrito à órbita de um planeta, interagindo ocasionalmente com comerciantes e inimigos. No entanto, não é possível pilotar manualmente de um planeta para outro. Como resultado, é decepcionante ver que a Bethesda automatizou a maior parte do processo de voo por meio de menus, cenas e telas de loadings (e são muitas).

Seja o criador

Você coleta materiais através da mineração na superfície de um planeta ou construindo postos avançados. A construção de postos avançados em Starfield difere um pouco do método usado em Fallout 4, mas compartilha algumas semelhanças fundamentais. Em resumo, o processo é mais simples e gratificante. Construir estruturas externas e interiores é muito fácil, pois o jogo oferece duas perspectivas distintas. Há uma visão aérea que facilita a administração de estruturas maiores de postos avançados e uma visão em terra que permite ajustar detalhes e fazer decorações. Atribuir membros da tripulação ao seu posto avançado proporciona bônus que melhoram a eficiência do local.

A construção de naves é um novo e aprofundado sistema que permite personalizar sua nave. Adicionar novos motores, armas ou habitats afeta as estatísticas da sua nave, mas também influencia a aparência interior da nave com base nas alterações no layout externo. Cada fabricante de naves oferece uma estética e taxas internas diferentes, tornando divertido combinar diferentes estilos e encontrar um que corresponda ao clima da tripulação da sua nave. Se preferir algo mais simples, é possível comprar uma nova nave ou fazer upgrades nas partes da atual.

Ambos os sistemas certamente agradarão aos jogadores que têm mais interesse na construção do que na exploração. A única desvantagem é que são sistemas com muitos recursos, essencialmente atividades de final de jogo que podem ser exploradas assim que você tiver os recursos financeiros apropriados.

Considerações finais

Starfield desperta sentimentos mistos. Embora apresente um vasto mapa com centenas de planetas para explorar, sua exploração espacial decepciona por se tratar apenas de alguns cliques e não no controle da nave. Porém, o título entrega uma campanha satisfatória, com várias missões secundárias, um tiroteio satisfatório e muitas mecânicas novas para os exploradores espaciais.

Distribuidora: Bethesda
Desenvolvedora:
Bethesda Game Studios
Gênero: 
RPG, ação e aventura espacial
Disponível para: 
Xbox Series S/X e PC
Data de lançamento inicial: 
6 de setembro de 2023

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