Star Wars Jedi: Survivor – Review

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*Este review foi realizado com uma cópia do jogo disponibilizada pela EA

Em 2019, a Respawn Entertainment nos mostrou que Star Wars ainda pode fazer sucesso nos jogos singleplayer, algo que ia totalmente contra a maré da enxurrada de Battlefronts que estávamos recebendo. Jedi Fallen Order foi um grande jogo, introduzindo um novo Cavaleiro Jedi ao universo expandido e ainda conseguindo trazer uma campanha digna de qualquer Force Unleashed.

Quatro anos depois, cá estamos com uma sequência que parece ter dado as caras cedo demais, mas que não falhou em melhorar cada aspecto do jogo anterior. Se tratando de um título de Star Wars, Jedi Survivor é eficaz em tudo que propõe: temos um protagonista de peso, uma história interessante, combates intensos e, não menos importante, uma galáxia para ser explorada! Falo com tranquilidade que este provavelmente é o melhor jogo da franquia em décadas.

A guerra ainda não acabou

Para refrescar a memória, Fallen Order se passava exatamente após a execução da Ordem 66, quando Darth Sidious se declarou Imperador de toda a galáxia e assassinou grande parte dos Jedi. Cal Kestis, nosso protagonista, sobreviveu ao atentado e lutou incansavelmente para manter a Ordem Jedi viva de alguma forma. Alguns anos após os eventos do primeiro jogo, temos um Cal mais amargurado e cansado da guerra, já que parece que quanto mais se enfrenta o Império, mais forte eles ficam.

É aqui que começa a história de Survivor, em um ponto onde Cal não está mais andando com sua velha tripulação e arranjou novos aliados. Esse é um detalhe excelente de toda a trama do jogo, pois é nítido a evolução que cada personagem teve nesse intervalo de tempo. Eles claramente não são mais os mesmos e já não compartilham o mesmo papel nessa guerra, então é muito legal ver como cada indivíduo reencontrou seu propósito dentro do caos da galáxia.

O principal objetivo de Cal nesse jogo é encontrar um planeta secreto chamado Tanalorr, uma das últimas descobertas dos Jedi antes da queda da Ordem. Lá, ele enxerga a esperança de uma vida nova para todos que se opõem ao Império Galáctico, assim como a oportunidade de repassar os aprendizados da Força para frente. Contudo, é claro que existem outros grupos mal-intencionados atrás do mesmo objetivo, assim como os Sith, que sempre estão envolvidos de alguma forma.

A história de Jedi Survivor faz jus aos melhores filmes da franquia e eleva Cal Kestis a um novo patamar. Outro ponto a ser elogiado é o excelente level design do jogo, que já era ótimo no primeiro, mas aqui também apresentou grande evolução. Ainda seguindo o raciocínio de um metroidvania, agora temos planetas gigantescos que podem ser explorados em um mundo semi-aberto, todos recheados de segredos. Quem se dedicar a encontrar tudo terá dezenas de horas de jogatina pela frente, pois é realmente muita coisa!

Uma adição que merece destaque é o Bar de Pyloon, uma área totalmente interativa que pode ser expandida gradualmente. Você terá a oportunidade de recrutar diversos NPCs que encontra em suas aventuras e mandá-los para o bar, sendo que cada um possui uma função diferente. Com isso, vai desbloqueando lojas, minigames e até mesmo um jardim totalmente customizável. Para muitos, pode ser um detalhe irrelevante, mas eu achei bem legal poder “investir” em um lugarzinho só nosso.

As missões principais levam em torno de 20 horas para serem totalmente concluídas, caso o jogador foque somente na história. Porém, é claro que você não vai resistir e passará horas explorando cada caminho alternativo presente nos planetas abertos, então esse tempo de jogo tende a dobrar facilmente. Como muitos desses lugares estarão inacessíveis de início, sempre fica o incentivo de retornar ao adquirir certas habilidades (honrando suas inspirações nos metroidvanias).

Starkiller tem concorrência

Quanto ao combate, temos aqui mais um fator que conseguiram elevar a outro nível. Cal Kestis já era consideravelmente forte no primeiro, mas aqui ele conseguiria enfrentar o Starkiller em um x1 facilmente. O jogo expande praticamente tudo: uso da Força, uso do sabre de luz, variedade de armas e muito mais.

O principal diferencial fica a cargo das posturas. Agora Cal pode usar diferentes tipos de sabres de luz, cada um com seu próprio estilo de combate e árvore de skills. Além do sabre individual padrão, também podemos usar um duplo no estilo Darth Maul, dois sabres simultaneamente, um gigante igual ao do Kylo Ren e muito mais. Cal pode até mesmo usar blasters no combate, então a variedade de movimentos e táticas envolvidas em cada confronto é realmente impressionante.

Assim como seu antecessor, Survivor ainda tenta ser um soulslike, mas sem exagerar demais na dificuldade. Com a Força representando a stamina, o jogo te obriga a esquivar, aparar e administrar seus status com sabedoria, mas ainda dando bastante espaço para erros. Você não precisa jogar absurdamente bem para ter sucesso aqui, já que ainda é possível apanhar bastante nas lutas antes de acabar morrendo. Contudo, ele também não é melzinho na chupeta, sendo um pouco mais desafiador que o esperado – mas sempre existe a possibilidade de escolher a menor dificuldade e ser feliz, então não deixa de ser um título bem acessível.

Já se tratando do uso da Força, esse foi um dos pontos que menos senti diferença, se comparado com Fallen Order. Cal ainda conta com todas as habilidades de antes como puxar, empurrar e controlar mentes, podendo melhorá-las em vários níveis. Ainda acho que The Force Unleashed continua sendo o melhor jogo nesse aspecto, dando mais liberdade para o jogador usar e abusar da Força como quiser. Não quero dizer que Survivor falha nesses pontos, mas no geral nos sentimos mais estimulados a usar os sabres de luz do que nossos poderes em combate.

Uma experiência quase perfeita

Agora chegamos na pior parte de Star Wars Jedi: Survivor, que seria o seu desempenho técnico. Antes de mais nada, é válido reforçar que os gráficos estão incríveis e quem jogar no modo fidelidade certamente não terá nenhum problema. O nível de detalhes dos ambientes e dos personagens é alto, inclusive para o próprio Cal Kestis: agora é possível customizar profundamente nosso Jedi, podendo equipar diversas peças de roupa, cortes de cabelo e até barba. Tudo é desbloqueado aos poucos, conforme vamos explorando, mas essa liberdade de customização do visual é sensacional.

Entretanto, nem tudo são flores e os principais problemas de Survivor ficam a cargo do desempenho. Apesar de grande parte das críticas estarem concentradas na versão de PC, a do PS5 não fica muito atrás (apesar de estar jogável). Quem decidir jogar no modo desempenho terá que lidar com uma queda de framerate constante, principalmente nos mapas abertos. A taxa de quadros é tão ruim que, nos raros momentos em que alcança os 60fps (que deveria ser o padrão), gera até um estranhamento. Já lançaram alguns patches de correção que melhoraram razoavelmente a performance, mas ainda está longe do ideal.

A pior parte é que o jogo diz que o modo desempenho roda em uma resolução de 1440p, o que é uma mentira descarada. Diversos testes de performance já confirmaram que a qualidade visual chega no máximo a 900p, em alguns momentos podendo cair para 648p! Isso é completamente inaceitável para um jogo da atual geração e é muito nítido que as texturas estão passando longe da resolução prometida. Pode ser que arrumem isso no futuro, mas até o dia da postagem deste review, a coisa está bem feia.

Se não fosse esses problemas de desempenho, Star Wars Jedi: Survivor poderia facilmente ser um jogo nota 10. Ele melhora praticamente tudo do original e traz uma aventura para fã nenhum botar defeito. Eu diria que é um título obrigatório, mas ainda recomendo ter paciência e esperar os devs consertarem essa enxurrada de problemas. Quem decidir encarar agora, só digo uma coisa: que a Força esteja com você.