Princess Peach: Showtime! – Review

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É bizarro pensar que, em quase 40 anos de existência, a Princesa Peach recebeu apenas dois jogos como protagonista. Mais absurdo ainda é lembrar que já faz quase 20 anos que isso aconteceu pela primeira vez – lá em 2005, quando Super Princess Peach foi lançado para o Nintendo DS no Japão (e posteriormente no resto do mundo em 2006). Já estava mais do que na hora da grande monarca do Reino dos Cogumelos receber os holofotes novamente.

Princess Peach: Showtime! traz uma proposta bem diferente do que vimos em sua primeira aventura no DS. Ao invés de apenas replicar o clássico formato de plataforma dos inúmeros jogos do Mario, a Nintendo optou por criar algo mais autêntico, que explorasse melhor o potencial da personagem. Apesar de não fugir do gênero, não dá para negar que este título esbanja personalidade em cada detalhe das suas entrelinhas.

A hora dela chegou!

Em Princess Peach: Showtime!, acompanhamos a visita da princesa ao Teatro Esplendor, um lugar mágico com apresentações no mínimo surpreendentes. O problema é que, bem no momento da sua chegada, o local acaba sendo invadido por uma figura vilanesca chamada Rubi, que junto da sua Trupe Uvaparsas, toma o controle do espetáculo. Como toda boa protagonista, Peach se vê obrigada a derrotar a vilã para conseguir salvar os Ribaltinos daquela ameaça.

Neste jogo, não veremos o Mario, Luigi, Bowser ou qualquer outro personagem do “Marioverso” – com exceção do Toad, que faz um pequeno cameo. O espetáculo é todo da Peach e ela recebe destaque do início ao fim, com direito a uma parceira exclusiva para seu game: Estela, a guardiã do Teatro Esplendor que, além de acompanhá-la, também fornece habilidades inéditas para a princesa.

O jogo segue o formato de plataforma misturando 3D com 2.5D. O teatro é dividido em cinco andares com quatro fases cada e um subsolo com uma quantidade maior de níveis. Dentro do prédio, podemos nos locomover livremente como em um Mario 3D, enquanto a maioria das fases adota a câmera mais tradicional em sidescroll (mas ainda mantendo uma camada de profundidade no cenário).

Cada fase é baseada em uma peça do teatro, proporcionando à princesa algum poder único que envolve suas próprias mecânicas e desafios. Ao todo, são 10 transformações incluindo Peach detetive, Peach sereia, Peach confeiteira, Peach do kung-fu e muito mais. É divertido explorar as possibilidades de cada roupa, principalmente porque as fases envolvem minigames condizentes com as habilidades dos trajes.

Um exemplo: nas fases da Peach confeiteira não há combates, sendo necessário apenas cozinhar vários doces dentro de um limite de tempo e com desafios variados. Já nos níveis da Peach kung-fu, passamos a maior parte deles enfrentando várias hordas de inimigos e, eventualmente, algum mini-chefe que envolve Quick Time Events. Cada roupinha oferece um jeito engenhoso de mudar a dinâmica do jogo, impedindo que fique enjoativo ou repetitivo.

Brincadeira de criança

O jogo é bastante curto e pode ser finalizado em menos de 10 horas – mas os apressadinhos provavelmente nem chegarão à metade disso. A campanha em si é bem objetiva, mas a dificuldade baixa também colabora com esse tempo reduzido. O nível de desafio de Princess Peach: Showtime! é praticamente nulo, sendo um jogo claramente direcionado para o público infantil. Se você tem mais de 10 anos de idade, dá para terminar esse de olhos fechados.

É fato que todo jogo da Nintendo é direcionado para crianças, mas também costumar trazer desafios adicionais que contemplam gamers mais velhos ou que buscam uma dificuldade mais elevada. Todo título do Mario traz fases de arrancar os cabelos no pós-game, enquanto completar cada nível com 100% dos colecionáveis também pode ser considerado um objetivo adicional. Senti falta disso em Princess Peach: Showtime!, que peca bastante nesse aspecto.

A parte mais “difícil” aqui é coletar todos os esplendores espalhados em cada fase, o que de primeira pode soar complicado, mas basta completar o nível uma vez para conseguir encontrar o que ficou para trás em uma segunda tentativa. Ao terminar a campanha, o jogo adiciona alguns ninjas escondidos em todas as fases e possibilita enfrentar os chefes novamente com objetivos adicionais, o que até pode acrescentar um grau diferente de dificuldade. No final, esse é o pós-game, sendo muito fraco no geral.

Ainda é possível tirar total proveito da campanha enquanto ela durar, pois mesmo sendo muito fáceis, as fases conseguem ser divertidas. Aqui vai muito do gosto pessoal de cada um, pois nem todo tipo de traje vai agradar todo mundo, por exemplo: os níveis que menos gostei foram os de detetive, porque envolvem uma investigação extremamente fácil e monótona para adultos. Apesar da variedade de mecânicas e minigames ser alta, tudo é muito superficial, o que acaba tirando um pouco da graça.

O mesmo vale para o mundinho que criaram para o game. Os Ribaltinos, como são chamadas as criaturas narigudas que habitam o teatro, são extremamente genéricos e sem sal, consistindo apenas em criaturinhas muito redondas. O mesmo vale para os vilões, que são literalmente uvas mascaradas. Nem mesmo o design da Rubi me agradou, mas no geral gostei do estilo dos chefes, que trazem aquele ar mais autêntico de um jogo da Nintendo.

Por último e não menos importante, Princess Peach: Showtime! está 100% localizado em português brasileiro! Aqui o acerto foi imenso, pois é um jogo com bastante texto e totalmente direcionado para crianças. Nas fases de investigação, onde devemos seguir algumas dicas postas em tela para solucionar os puzzles, acaba sendo um fator crucial para o bom entendimento dos pequenos. Ponto para a Big N e espero que continuem assim!

No demais, Princess Peach: Showtime! é um bom jogo – divertidinho e nada mais. É importante entender que nós, adultos, não somos o público alvo dele. Esse é aquele tipo de game que compramos para nossos filhos, sobrinhos ou até mesmo para pessoas próximas que não tem tanto costume de jogar videogame. O título tem charme de sobra e com certeza abre espaço para que Peach tenha mais protagonismo no futuro.