Por trás dos seus olhos – Crítica

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Dirigido por Marc Forster, o longa-metragem foi lançado em 27 de outubro de 2017 nos Estados Unidos e chega agora aos nossos cinemas em 22 de março. Escrito por Sean Conway, juntamente com o diretor, podemos observar um filme de drama psicológico que traz várias emoções em poucos minutos.

A história gira em torno do casamento de Gina (Blake Lively) e de James (Jason Clarke), em Bangkok. Durante a infância, Gina sofreu um acidente de carro com a sua família que tirou a vida dos seus pais e que também comprometeu a sua visão. Anos depois, já acostumada com incapacidade de ver, Gina se agarra ao seu relacionamento com James para poder atravessar os seus dias.

O casamento pode ser dividido em três partes ao longo do filme. A primeira delas mostra o casal feliz, ainda que exista uma nítida dependência da esposa com o seu marido devido a deficiência visual. James, todavia, não demonstra se importar em ter que ajudá-la e, com isso, é sempre solícito às necessidades de Gina.

As coisas mudam drasticamente quando, após um transplante de córnea em um dos seus olhos menos afetado, Gina recupera sua visão – de forma gradual – e redescobre o mundo. Podemos definir como segunda parte esse momento, focando no fato de James não se sentir especial como antes na vida de sua mulher.

É importante ressaltar, antes de chegarmos à terceira parte, que os recursos visuais utilizados desde o início da trama aproximam o público à visão de Gina juntamente com enfoque nos sons locais. A ampliação dos seus sentidos também é abordada em pequenos cortes de cenas onde atos singelos, como tomar banho, se tornam grandiosos para a mulher.

O conflito do real com o imaginário atordoa a mente de Gina. Sua incapacidade de aceitar as coisas como realmente são traz também conflitos para o seu casamento, visto que até mesmo essa relação se tornou diferente diante o seu olhar.

James, incapacitado de aceitar a conquista da independência de sua mulher, se transforma em um homem angustiado, chato e sem vida durante a história. É nessa terceira parte que o rumo do filme se perde um pouco. Não se sabe ao certo qual era o ponto específico a ser abordado: o casamento, os sentimentos de Gina ou os de James uma vez que todos esses aspectos são colocados em pauta em um curto período.

A tentativa de misturar mistério, drama e leves doses de humor não se encaixam bem. É como se ficasse faltando peças para serem completadas. O mistério é interrompido para dar espaço ao drama que não ocupa tempo o suficiente na tela para emocionar e que apresenta, em certas ocasiões, misturas com o humor.

É um filme com uma história interessante que apresenta algumas falhas de continuidade, entretanto, é capaz de deixar uma pergunta importante para todos: realmente gostamos da vida que levamos ou nos inserimos em uma “cegueira” que transforma nosso comodismo em incapacidade de melhorar o nosso dia a dia?