Ponto Cego – Crítica

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Em Ponto Cego, Collin (Daveed Diggs) está nos últimos dias de liberdade condicional para ganhar a chance de ter um novo começo em sua cidade natal, Oakland. Ele e seu amigo de infância problemático, Miles (Rafael Casal), trabalham como mensageiros e, quando Collin testemunha um tiroteio policial, a amizade dos dois homens é testada à medida que lidam com suas identidades e diferentes realidades no bairro em que cresceram.

 

Esse é um filme de estreias. Diggs e Casal, amigos de longa data na vida real, não apenas protagonizam a obra (com atuações excelentes), como, pela primeira vez, assinam o roteiro e a produção (ao lado de Jess Calder e Keith Calder) de um longa. A direção também é nova. Carlos López Estrada é famoso por fazer videoclipes e comerciais, mas nunca havia conduzido um longa-metragem antes da oportunidade dada pelo projeto. E os “novatos” surpreenderam.  

 

Para começar, o ritmo é um ponto muito forte na construção fílmica de Ponto Cego. Isso acontece por dois motivos principais: uma união de som/edição muito bem executada e uma narrativa equilibradamente contrastada. Seguindo pelo primeiro ponto, a trilha sonora coloca o rap também como protagonista na história. Ao invés da música acompanhar o desenrolar das cenas, como de costume, é a edição que se molda à trilha, em boa parte do longa. Os poucos momentos de silêncio trazem o impacto certo, no momento certo.

 

Sobre a narrativa, a dupla protagonista passou nove anos escrevendo o que viria a se tornar o longa, por conta de compromisso e trabalhos paralelos que surgiram ao longo do tempo.  O contraste acontece da mesma maneira que vemos no trailer. Os dois vivem muitos momentos engraçados, mas a tensão de Collin por conta do assassinato que testemunhou (além do fim da condicional) e a cabeça quente e inconsequente de Miles são elementos suficientes para a trama conseguir passar a ter um clima mais sério ou acalorado. 

 

Há momentos memoráveis na obra, que traz diversas críticas relacionadas a preconceito racial e social, sem deixar de passar pelo armamento. Pode acontecer que o momento em que o filme se encerra, não seja, exatamente o esperado – o que pode ser algo negativo ou positivo, a depender do espectador. Por ser o fim e, para evitar qualquer spoiler, não há muito como entrar em detalhes.De qualquer maneira, é um impactante, com temas importantes e estímulos visuais vibrantes. Vale muito a pena assistir.