O Melhor Está Por Vir – Crítica

LMRAV Mika Cotellon Chapter2 1930

A comédia dramática francesa “O melhor está por vir” gira em torno de dois amigos, Arthur (Fabrice Luchini) e César (Patrick Bruel), que depois de um mal entendido em um hospital, vão em busca de aproveitar os últimos momentos que ainda têm juntos. Por mais que o filme tenha um tema relativamente simples, a dupla de diretores Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte consegue criar bons momentos de quebra de expectativa, executando uma direção bem rítmica e aconchegante, ao ponto de deixar seu público imerso na aventura dos dois amigos. 

Os dois diretores partem de um roteiro relativamente básico, e fazem um filme simples em sua totalidade. Com um clima fluido, coloração mais próxima com a realidade e uma trilha sonora instrumental básica, o filme constrói uma viagem linear, hilária e aconchegante em diversos momentos, fazendo com que o público se sinta parte da aventura dos dois personagens. 

O filme “O melhor está por vir” funciona como uma ótima comédia dramática, e tem como peça chave o fato de um dos amigos estar com um câncer de pulmão. O filme mostra bem o que um melhor amigo pode fazer em prol do outro, a fim de lhe proporcionar dias incríveis em seus últimos momentos de vida. Porém, como nem tudo são flores, determinadas consequências podem vir a tona, devido certas atitudes escolhidas por um dos amigos.

Portanto, por mais que o filme trate o câncer como o principal pilar para o desenvolvimento da história, não espere algo muito profundo ou dramático, uma vez que os diretores optam por quebrar o clima de tensão muito rápido, geralmente com uso de piadas muito imediatas. Os diretores criam um filme leve, e por mais que tenham esse assunto sendo abordado, eles mostram para o público o outro lado da moeda, o lado mais humano e sensível que um amigo pode fazer para o outro. Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte apostam no tradicional roteiro clássico, aonde a história caminha linearmente para uma conclusão, que para os olhares mais atentos, com pouco tempo de tela, já dá para sacar o que vai acontecer com um dos personagens principais ao final do filme. 

A amizade que Arthur e César constroem chega a ser hipnotizante e engraçada. A forma como cada um constrói seu timing para as piadas é algo bem divertido, e é construído baseado nas características de cada um. Os personagens possuem características bem estereotipadas, onde Cézar faz o papel de descolado, sendo um homem extrovertido e cheio de si, porém fracassado; ao mesmo tempo temos Arthur, um pai solteiro, bem sucedido, mas que segue bem o padrão do cara certinho e que não faz mal a ninguém. Ambos os personagens se completam bastante, e em muitos momentos eles conseguem trazer boas risadas do público apenas com situações simples. 

Ambos os personagens partem de um ponto A para um ponto B, isto é, cada um tem sua jornada própria de descobrimento e libertação, fazendo um grande percurso sobre seus medos e enfrentamentos de pendências com o passado. Arthur é o personagem que mais evolui em relação a César, porém, não tiro o mérito da evolução de César, afinal, devemos levar em conta o estado em que o personagem se encontra. Devido a um roteiro um tanto quanto previsível, não teria como o personagem ter uma evolução muito grande.

Por fim, quando o espectador tem quase certeza para onde a história está se encaminhando, os dois diretores colocam uma “pitadinha” a mais na história, e quebram a expectativa do rumo de um dos personagens (nada que afete muito o final dele, mas que gera um espanto por parte do público). “O melhor está por vir” não é uma obra mega elaborada que tem como objetivo trazer grandes reviravoltas, mas sim um filme que tem como papel entregar um produto de entretenimento para lhe causar boas risadas, e te fazer refletir sobre a importância de aproveitar a vida, além de não deixar que algo de ruim aconteça para que você comece a agir.