Notebook N.A.V.E. Supernova – Review

Pilotando a N.A.V.E.

Pra amenizar nosso distanciamento social, tivemos uma companhia muito bacana durante os últimos vinte dias: A nova marca brasileira de computadores gamers N.A.V.E. nos enviou um notebook top de linha pra testarmos e darmos nossos humildes pitacos.

E ah… os gamers de PC.

Onde vivem, do que se alimentam?

Com quantas cores eles querem ver o teclado piscar enquanto jogam?

Foi em busca de respostas para perguntas como essas que a equipe da N.A.V.E. fez pesquisas e estudos a respeito do perfil de jogadores e influenciadores brasileiros do segmento gamer – suas necessidades, motivações, e angústias – com o objetivo de desenvolver uma linha de computadores e notebooks gamers de altíssima performance que fosse unicamente brasileira e moldada à identidade do gamer brasileiro.

É algo bastante pertinente de se se fazer bem feito, por vários motivos.

Primeiro porque não é fácil pro brasileiro conseguir informações confiáveis que o ajudem a montar um equipamento decente sozinho e, quando você encontra, te garanto que não vai sair barato.

Segundo que, depois de montado seu equipamento mais caro do que você queria que fosse, cruze os dedos pra que não dê nenhum problema, meu amigo. Porque assistência técnica e garantia adequada não são exatamente pontos fortes desse mercado, especialmente pro consumidor que decidiu cortar algumas curvas pra melhorar um pouquinho seu custo por performance (ou seja, todo mundo).

Mas é uma quest especialmente bacana de ser abraçada por uma marca como N.A.V.E. que apesar de iniciante, na verdade nasce de dentro de uma gigante da tecnologia brasileira, já com 19 anos de experiência no mercado de computação empresarial, uma extensa rede pré-estabelecida de atendimento, assistências técnicas no país todo e que desenvolve e fabrica partes do seu hardware localmente, no pólo tecnológico de Ilhéus.

Curiosamente, a própria N.A.V.E. não detalha essa expertise no website nem no material de divulgação. O consumidor receoso a respeito de onde investir seu suado dinheirinho e preocupado com suporte e assistência, não sabe desse diferencial. E consigo presumir perfeitamente o motivo:

Porque ao mesmo tempo que essa qualificação no mercado traz uma confiabilidade enorme pra marca, aumenta sua consideração de compra e dá até um ar de humildade a uma empresa que não se considera nem acima nem abaixo do gamer brasileiro, mas se coloca lado a lado com a gente, aprendendo junto num mundo always beta… também aumenta muito o risco de que a marca seja percebida como “antiquada” por aquele consumidor que tem alergia só de pensar em algum hardware que não seja parecido com um carro alienígena de corrida que pisca colorido.

Ou seja, culpa minha e sua que estamos lendo isso agora, que precisamos responder com muito mais carinho as pesquisas brasileiras sobre games. Lembre-se disso da próxima vez que passar algum apuro com a garantia do seu computador gringo que custou o olho da cara.

 

Mas vamos às especificações:

Notebook N.A.V.E. Supernova

– CPU Intel Core i7  9ª geração (9750H)

– GPU NVIDIA GTX 1660 Ti (1500MHz / 1770MHz Turbo) 6Gb GDDR6 – 12Gbps

– 32GB DDR4 2666MHz

– SSD 256GB SATA3/ M.2

– HD 1TB SATA3 6.0Gb/s

– Tela IPS 15.6’’ Full HD 1920×1080

– Teclado mecânico RGB com teclado numérico


Os modelos que a N.A.V.E. oferece abaixo desse são visualmente muito mais sóbrios e se misturam melhor a ambientes profissionais do que o Supernova. Essa é uma máquina que, apesar de bastante fina (e até discreta se comparado com outros notebooks disponíveis no mercado voltados ao mesmo público) é mais próximo da caricatura de um notebook gamer.

A construção do chassi é bastante boa, com umas cedidas aqui e ali, mas no geral bastante firme, bem-acabado, sem fatores que façam o equipamento parecer barato, mas nem que o façam parecer premium também. É um meio termo curioso.

O teclado mecânico é muito confortável e competente, com uma ação um pouco mais alta do que notebooks normalmente oferecem e mais próxima a um teclado mecânico de um PC, mas bastante compacto e silencioso. E pisca da cor que você quiser, tem um monte de animação também… já vamos falar sobre isso. Calma, relaxa. Pisca sim.

O trackpad – um dos poucos features que não interessam tanto aos gamers, ironicamente – me surpreendeu bastante e é muito melhor e mais preciso do que alguns que já fui obrigado a utilizar em notebooks windows de marcas internacionais gigantescas. Nenhum clique enganoso, rejeição de palma certinha, multi-gestos e rolagens sem falha. Muito bom!

O painel IPS não tem refresh rate alto nem respostas super baixas, o que talvez fosse algo a se esperar em uma máquina no topo da linha, pra gamers exigentes.

Não é uma tela super brilhante também e se o seu lance é produzir conteúdo, ela também não é nenhuma obra-prima da calibragem de cor.

Notebook N.A.V.E. Supernova

Durante o uso, confesso que entendi a escolha da fabricante. Um painel muito mais brilhante ou com refresh rate muito mais alto gastaria bateria pra caramba. Uma resolução maior não afetaria tanto o uso pra games dentro de 15 polegadas… e todas essas opções encareceriam pra caramba o equipamento. Francamente prefiro jogar por mais tempo fora da tomada e ter uma configuração que me permita espetar o notebook no monitor externo que eu quiser depois, no refresh rate que for, sabendo que vou ter a performance. Mas… talvez fosse legal ter a opção!

Webcam e auto-falantes não são pontos fortes mas também não comprometem. Poderiam ser melhores pelo preço talvez, mas a altura do som é bom (você vai usar o computador de fone de ouvido 95% do tempo) e a imagem da câmera é muito aceitável pra fazer chamadas de vídeo, mas dificilmente vai ser tão boa quanto a os 4k que a maioria dos celulares já oferece até na câmera de selfie.

Se você leu as configurações, já sabe que o Supernova nem sente os games que rodam bem em configurações mais simples, ou que são otimizados pra rodar decentemente em qualquer máquina e vender skins, como títulos de eSports. Esse notebook vai rodar Fortnite com todos os shaders ativados no seus skins, numa boa, com todos os fps do mundo. Talvez dê até pra renderizar um vídeo enquanto isso, se você assoprar bem.

Por isso eu resolvi instalar o jogo com o pior port, a pior otimização gráfica pra PC, o que mais dá problema mesmo em equipamentos bons… e tentar rodar tudo no full.

Instalei Red Dead Redemption 2.

E aí veio a surpresa:

O N.A.V.E. Supernova foi valente e, tanto plugado na tomada quanto só na bateria, ficou a uma ou duas configurações de rodar o jogo na configuração máxima a 60fps sem soluço algum! Na máxima MESMO, dá uma soluçadinha e uns frame drops abaixo dos 30fps.

Mas se você fizer um lifehack polêmico que vou mostrar mais pra frente num vídeo dos nossos parceiros do canalzebra.com, dá SIM pra jogar Red Dead Redemption 2, Control e outros jogos recentes que são graficamente muito exigentes na configuração máxima, chegando muito próximo da experiência de um PC de última geração, com certeza num frame rate muito melhor do que os dos consoles mais parrudos, sem gaguejar!

E a máquina é silenciosa também. A um clique de distância (o chassi tem um botão físico de acesso ao lado do botão liga/desliga) você pode abrir o N.A.V.E. Game Center, pra configurar velocidade da ventoinha – que vai de inaudível até fazer o notebook parecer um drone em decolagem – animações RGB do teclado e da barrinha led abaixo do trackpad, preferências de calibragem do monitor e muitos outros aspectos da performance do notebook.

Renders de vídeo no Premier e no DaVinci Resolve vão voar, você pode abrir infinitas abas do Chrome devorador de RAM, enfim… tudo que se espera de uma configuração desse calibre.

Notebook N.A.V.E. Supernova

É claro que nem tudo são flores. O preço da brincadeira é mais acessível do que os notebooks de algumas outras marcas do segmento gamer, mas ainda tá longe de ser barato.

A depender de quanto armazenamento você quer na sua customização, o Supernova pode sair entre  R$7.980 apenas com um SSD de 256GB, até R$8.600 com um SSD maior de 512GB e mais um HD de 1TB. Tem parcelamento em 10x, desconto à vista, mas não é pra qualquer um.

Há algo a ser provado sobre a eficácia do suporte da marca, durabilidade do hardware de fabricação própria, compatibilidade, expansão com hardwares novos que surjam no mercado (como RAMs e SSDs) valor de revenda em médio prazo e outros pontos que só o tempo pode nos esclarecer e é seu papel como consumidor entrar em contato com a marca, trocar uma idéia e avaliar bem antes de bater o martelo e investir uma pequena fortuna.

Mas já não é excelente poder fazer isso? Poder ter alguém com quem falar que esteja interessado no que você pensa porque é bom negócio pra eles entenderem isso? Eu acho.

Existe também uma discussão que acho bastante necessária a respeito de quanta performance gráfica você realmente precisa ficar carregando por aí e porque, já que você também não vai usar uma máquina desse preço só pra ser gamer …. mas também vou deixar isso pro vídeo.

 

No geral, minha experiência com o N.A.V.E. Supernova foi surpreendentemente positiva.

Não há nada de extraordinário da máquina além da pura e destilada performance, mas entenda isso como um elogio. É exatamente essa objetividade que eu buscaria como gamer se eu não quisesse perder meu tempo nem meu dinheiro com nada além da minha imersão no jogo que eu gosto de jogar, com o meu vídeo editado rapidinho e renderizado no tempo que eu preciso, onde eu quiser trabalhar.

Fico bastante empolgado a respeito do futuro da marca no país e torço muito pra que a indústria local se desenvolva. Ficou claro que a N.A.V.E. sabe fazer as entranhas do computador. Agora cabe à marca provar ao consumidor gamer brasileiro que não tem vergonha da própria origem, ter a humildade de deitar na trincheira com a gente, sujando o joelho na lama enquanto vamos descobrindo juntos quem é o gamer brasileiro, sem que ninguém queira vir nos explicar.

 

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