Moonlighter – Review

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Se o battle royale está sendo a sensação do momento no cenário atual de jogos multiplayer, podemos afirmar com toda certeza que o roguelike está tendo o mesmo papel nos jogos singleplayer. De uns tempos pra cá foi espantoso a enxurrada de jogos do gênero que foram lançados, principalmente no meio indie. Mas é válido fazer uma breve observação e saber distinguir o gênero roguelike do roguelite, que apesar de não parecer, tem sim suas diferenças.

O roguelike é um gênero derivado do jogo Rogue, lançado em 1980 exclusivamente para computadores. O game era bem simples, mas possuía três fatores que tornavam seu fator replay basicamente infinito: mapas gerados aleatoriamente, batalhas em turno e mortes definitivas. Ou seja, você nunca jogava a mesma sequência de mapas duas vezes, o combate era bem semelhante aos RPGs da época e caso você morresse, seu personagem era perdido para sempre e você começaria literalmente do zero.

O acampamento de um aventureiro caído.

Para um jogo ser classificado como roguelike ele precisa ter essas três características, e isso vem confundindo muita gente – inclusive muitos desenvolvedores que classificam seus jogos como roguelike sem ter tudo isso incluído nas mecânicas. Quando um game possui alguma dessas características mas não as três juntas, chamamos de roguelite, um jogo com traços do gênero mas que não é um roguelike completo, e esse é o caso de Moonlighter.

Mercador hardcore

Você é Will, um jovem mercador que conduz o negócio da família: uma loja de tesouros chamada Moonlighter. Nesse universo, diversos portais foram descobertos em algumas escavações, esses que levam à masmorras repletas de perigos e tesouros a serem descobertos. Uma vila de mercadores foi erguida próximo a esses portais, chamada de Rynoka, e é lá que nosso protagonista vive. Como Will é o único membro restante de sua família e a única pessoa que pode cuidar da loja, ele se vê obrigado a encarar as masmorras sozinho, para assim obter mais tesouros que possam ser vendidos. Mas tem um porém: essas masmorras são mágicas e nunca são iguais; toda vez que entramos nelas, elas alteram suas salas, se tornando imprevisíveis.

“É 3 por 10, tio!”

O jogo não é unicamente baseado em explorar masmorras, mas sim na vida de Will. Os dias passam, você deve conduzir seu negócio e ainda lutar para chegar na última masmorra e concluir o jogo, então ele te dá objetivos bem definidos além de é claro, explorar muito cada dungeon gerada ali. Cuidar da sua loja é um diferencial bem legal desse jogo, pois os tesouros encontrados nas explorações podem ser colocados à venda com o preço que você desejar, e quando você abrir a sua loja, vários viajantes irão entrando e comprando seus itens. Mas não abuse nos preços, caso eles vejam que você está cobrando mais do que o item realmente vale, todos vão embora sem levar nada. Também é importante não abaixar a guarda na sua loja, pois vez ou outra algum ladrão pode tentar surrupiar uma mercadoria.

Você pode interagir com todos os habitantes de Rynoka e investir na cidade, abrindo lojas que venderão itens para te auxiliar na aventura e um ferreiro para te criar equipamentos novos. Infelizmente, tudo gira em torno de ouro nesse jogo (assim como na vida real), e a grande maioria de aprimoramentos e coisas legais a se adquirir é bem caro, então você terá que jogar muito e pegar o jeito da coisa para ir acumulando bastante dinheiro. Afinal, caso você morra na dungeon você perde tudo que coletou naquela rodada, pois é assim que funciona um roguelite.

Essa é uma dungeon para poucos…

Aprenda com seus erros

O jogo possui um total de cinco masmorras com três andares cada uma, e para liberar as outras, você deve primeiro vencer a anterior. Como já dito, os mapas são gerados aleatoriamente, mas não pense que será sempre uma experiência nova a cada jogada. Os layouts se repetem bastante e muitas vezes até o grupo de monstros encontrados em cada cenário, o que torna tudo bem repetitivo e por diversas vezes enjoativo.

Uma pausa pra relaxar.

Sua missão é encontrar os outros portais dentro da dungeon para que assim consiga subir um andar, até chegar no chefe. Sempre haverão alguns cenários iguais espalhados em cada piso, como uma fonte que recupera seu HP, um acampamento com um diário de alguém que já se aventurou naquela masmorra antes e as vezes algum portal extra que te leva para uma dungeon diferente com monstros muito mais fortes.

É importante sempre se equipar muito bem para encarar qualquer dungeon, porque quanto mais se avança, mais forte os inimigos vão ficando, e é bem complicado (pra não dizer impossível) vencer todos com a espadinha e o escudo inicial que te é dado. O maior problema nisso é que vai te custar bastante ouro e recursos para forjar uma arma nova, ou até mesmo uma armadura para diminuir o dano, e isso vai exigir que você jogue bastante e farme bastante recursos e dinheiro. Sempre que seu inventário ficar cheio você pode optar por usar um amuleto para escapar da masmorra, mas lembre-se: seu objetivo é chegar na masmorra final e vencer o chefe para terminar o game, então ficar fugindo não vai te ajudar a progredir, muito pelo contrário.

Agora ferrou…

O jogo tem uma variedade considerável de armas para se usar, indo desde espadas até lanças e soqueiras, e daí vai do jogador ir testando todas e descobrir qual a sua favorita. Essa será uma pergunta difícil de responder, porque o combate do game não é dos melhores; é muito comum você levar mais dano atacando os inimigos do que quando você é atacado, pois é sempre necessário chegar muito perto para acertar, e nisso seu personagem toma dano contínuo só de encostar neles. A hit box do game também não é algo muito concreto, onde em certos momentos você precisa ser muito específico na hora de atacar um ponto do inimigo, e nos outros basta se posicionar de qualquer jeito que você consegue vencê-lo com facilidade.

A arte do game é pixelada, mas eu não diria que é retrô. Ela segue um estilo bem moderno e as animações tanto dos personagens quanto dos inimigos são muito fluídas e bem feitas, tornando o jogo muito agradável de se olhar. A trilha sonora não é muito presente, aparecendo mais na cidade e nas batalhas contra os chefes, então não espere nada memorável vindo das músicas.

A Digital Sun fez um bom trabalho com Moonlighter e não é à toa que ele recebeu tantos prêmios, como podemos ver na sua página da Steam. Admito que ele poderia ser melhor, ainda mais se tratando de um roguelite, onde os mapas sempre devem te passar uma sensação de desconhecido, o que não acontece aqui por se repetirem demais. O combate também é bem chato de se adaptar, o que pode acabar afastando mais jogadores. Ainda assim, é um indie que merece atenção e reconhecimento, e ele não deixará os amantes de roguelite na mão.