Monster Harvest – Review

Monster Harvest

Monster Harvest é um jogo ousado o bastante para misturar duas coisas extremamente clichês na indústria de games: simuladores de fazenda e Pokémon. Praticamente toda semana a gente vê um clone dos monstrinhos de bolso sendo lançado por aí, então os desenvolvedores precisam se virar para garantir diferenciais que a Game Freak jamais vai oferecer em sua consagrada franquia. Neste caso aqui, além de criarmos nosso próprio exército de monstros, nós também temos que cuidar de uma fazendinha.

O jogo chama atenção pelo simpático visual retro e sua proposta certamente ganhou fácil o interesse dos fãs de Pokémon e Stardew Valley (com todo respeito aos veteranos de Harvest Moon, é claro), mas infelizmente a execução dessa ideia foi péssima. Eu mesmo fiquei um tanto decepcionado logo nas primeiras horas de jogo e, no geral, nada conseguiu me tirar essa sensação ao longo da minha jogatina.

Colhendo monotonia

Já não dá para esperar nenhum enredo mirabolante em um jogo como este, mas a história de Monster Harvest é digna de um besteirol. Tudo começa quando seu personagem se muda para uma pacata cidadezinha para visitar um parente distante, que na verdade é um cientista maluco que estuda o que ele chama de Planimais, criaturas que podem ser cultivadas como uma planta – e aqui temos os nossos Pokémon. Meio que assim do nada ele te dá uma fazenda para cuidar e de uma hora para a outra ganhamos a responsabilidade de salvar a cidade de uma corporação perversa que está degradando o meio ambiente.

Quando o jogo finalmente começa, o ritmo dele é tão exageradamente lento que fica difícil se sentir motivado a jogar. Naturalmente começamos com nossa rotina de fazendinha, acordando cedo, plantando, regando, arrancando o mato da propriedade, coletando recursos e coisas do tipo. O problema é que tudo isso consome energia do personagem e, depois de mais ou menos 5 minutos, ele já está morto e enterrado. Com isso, somos forçados a dormir para se recuperar e repetir essa rotina gradativamente.

As coisas eventualmente acabam fluindo mais, mas a paciência necessária para ver isso acontecer já é um grande ponto negativo. Nada contra jogos com um ritmo mais lento, afinal eu mesmo sou um grande fã de Animal Crossing, mas aqui as coisas passam dos limites. Outro problema é a interface do jogo, que na versão de PC provavelmente não oferecerá problemas, já que ela claramente foi projetada para teclado e mouse. No Nintendo Switch a falta de praticidade para selecionar as coisas é só uma das consequências de uma interface muito mal adaptada para consoles.

Se você estiver jogando no Switch, outro problema que perceberá logo de cara é o tamanho das letras do jogo no modo portátil. É praticamente impossível conseguir ler qualquer box de diálogo se você não estiver com o console ligado no dock, pois além das letras serem extremamente pequenas, elas possuem uma sombra que acaba misturando tudo e complicando ainda mais a leitura. Isso é definitivamente uma das coisas mais frustrantes de Monster Harvest.

Plantando monstrinhos

Agora vem a parte mais legalzinha deste título, que é a nossa velha compulsão por treinar monstros e fazer eles darem uma surra em outras criaturas inocentes. Em Monster Harvest, você cria Planimais ao plantar vegetais e misturá-los com certos elementos químicos que coletamos por aí, onde cada combinação resulta em uma criaturinha única.

Com esses aliados ao nosso lado, podemos entrar em dungeons geradas aleatoriamente para coletar diversos recursos raros, mas é claro que elas estão repletas de inimigos sedentos por sangue. Aos poucos vamos acompanhando nossos Planimais evoluírem e se tornarem criaturas mais fortes, deixando as coisas bem mais interessantes – mas tome cuidado! Quando nossos bichinhos caem em batalha, eles morrem definitivamente, não dá para trazê-los de volta. Isso eu achei a maior sacanagem, já que em nenhum momento o jogo te explica sobre esse detalhe.

A parte boa é que, se aquela dungeon estiver dura demais de aguentar, é possível abandoná-la a qualquer momento e ainda manter os recursos coletados até aquele ponto. Dessa forma, você consegue ir evoluindo sua fazenda, melhorando seus equipamentos e adquirindo pequenas coisas que ajudam a refrescar seu interesse pelo jogo, mas ainda é pouco diante de todos os contras.

Com isso, você acaba definindo sua rotina dentro do game, algo que é de lei em simuladores de fazenda. Porém, não demora muito para você enjoar de tal modo que nada mais consegue te fazer voltar a querer passar tempo naquele mundinho – o que é simplesmente bizarro já que Stardew Valley e Harvest Moon/Story of Seasons, que serviram de inspiração para Monster Harvest, oferecem bem menos recursos que ele e ainda assim demoram infinitas vezes mais para perderem seu brilho.

O pior de tudo é que essa proposta nem é tão original assim e hoje já contamos com jogos como a série Rune Factory, que mistura as duas coisas de uma forma incontáveis vezes superior, então Monster Harvest acaba sendo um título fadado ao esquecimento. Não que ele seja péssimo, longe disso; contudo, o tempo que leva para começarmos a sentir o mínimo de prazer nesta aventura acaba não valendo tanto a pena. Quem sabe com futuros updates muitos desses problemas sejam corrigidos, mas agora eu sinceramente não vejo muitos motivos em investir neste joguinho.