Missão: Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 – Crítica

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Por mais que Hollywood continue insistindo em espremer velhas franquias até o limite, os números das bilheterias de 2023 vêm provando que o público já não está tão interessado em acompanhar personagens conhecidos das telonas. Dos três maiores sucessos do ano, dois são animações (Super Mario Bros. – O Filme e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso) e um pertence ao todo poderoso Marvel Studios (Guardiões da Galáxia Vol. 3). Nesse primeiro semestre, grandes blockbusters como Indiana Jones e Transformers já deixaram a desejar.

Diante dessa grande crise da velha guarda, apenas um homem tem chances de fazer diferente: Tom Cruise – ou melhor, Ethan Hunt. Em 2022 ele já conseguiu o feito com Top Gun: Maverick, mas agora o veterano terá a oportunidade de consolidar a franquia Missão: Impossível como uma das mais consistentes dos últimos tempos. Missão: Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 está chegando aos cinemas e já conquistou seu espacinho como um dos melhores filmes de ação do ano (e se não fosse por John Wick 4, talvez ficasse com o ouro do pódio).

A nova entrada sob o comando de Christopher McQuarrie não chega a ser o melhor capítulo desde que o diretor assumiu em 2015, mas mantém uma qualidade altíssima do início ao fim. O fato de terem dividido o filme em duas partes prejudica um pouco o peso dos acontecimentos, então a ausência de uma conclusão pode deixar o longa consideravelmente menos impactante. Ainda assim, com certeza ele não falha em ser um entretenimento de primeira e deixar um gostinho de “quero mais” no final.

Nesta que supostamente será sua última missão, Ethan Hunt (Tom Cruise) se vê forçado a enfrentar o maior inimigo da sua carreira no IMF: uma inteligência artificial conhecida como Entidade. Em um mundo totalmente conectado e dependente de recursos digitais, o espião precisará enfrentar uma ameaça sem precedentes, que é praticamente onipresente e possui recursos ilimitados. Se não bastasse tudo isso, Hunt ainda se vê forçado a lidar com seu passado constantemente, o que justifica o tal do “acerto de contas” que dá nome ao filme.

A estrutura do longa lembra bastante o primeiro filme de 1996, dirigido por Brian de Palma. Acompanharemos Ethan e seus fieis companheiros em uma busca implacável pela chave responsável por controlar a Entidade – tudo isso ao mesmo tempo que enfrenta o governo norte-americano, autoridades locais, terroristas e tudo que se pode imaginar. É basicamente meia dúzia de pessoas contra o mundo, assim como nos primórdios da franquia.

Contudo, não podemos deixar de destacar as novidades no elenco, principalmente a ladra Grace (Hayley Atwell), que divide o protagonismo com Ethan. Até um certo ponto da história, o excesso de personagens pode deixar as coisas meio confusas, especialmente porque Grace acaba disputando (não literalmente) o cargo de “principal interesse romântico do galã” com a já conhecida Ilsa (Rebecca Ferguson). Felizmente, o filme tenta resolver a maior quantidade possível de pontas soltas para deixar tudo mais encaminhado no final.

Já as cenas de ação são excelentes, todas de tirar o fôlego. Ao mesmo tempo que estão ali para empolgar o espectador, também servem para dispersar nossa atenção das diversas falhas no roteiro. Não que seja de todo ruim, mas não tem como negar que Missão: Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 possui alguns momentos de qualidade bem duvidosa, que partem do mais clichê para a completa falta de noção.

A ação incorpora o filme do início ao fim, com sequências muito intensas e até mesmo nostálgicas. Não podemos deixar de citar o fato de Tom Cruise, no auge dos seus 61 anos de idade, ter gravado várias dessas cenas sem dublê – o cara está em forma! Tudo isso dá uma certa credibilidade adicional aos absurdos que estamos assistindo, por mais mentirosos e surreais que possam ser.

Foram quase três horas de muitas conspirações e ação desenfreada, então no fim, saí do cinema bem satisfeito e já pensando na sequência, que tem estreia prevista para daqui um ano. Acerto de Contas – Parte 1 pode não ser revolucionário ou trazer a complexidade que poderia, mas certamente é um excelente entretenimento e tem tudo para ser mais um grande sucesso de bilheteria do ano.