It Takes Two – Review

it takes two

Josef Fares, também conhecido como “F*ck the Oscars!”, não ficou famoso somente por falar essa icônica frase em um evento ao vivo, mas também por ser o autor de excelentes jogos multiplayer. Só que não estamos falando de títulos em que muitos jogadores jogam simultaneamente e sim aventuras planejadas para serem aproveitadas entre duas pessoas, experiências em co-op realmente únicas.

Depois do belíssimo Brothers: A Tale of Two Sons e do incrível A Way Out, dificilmente It Takes Two seria um jogo decepcionante, mas definitivamente ninguém esperava que ele fosse tão bom! Sem sombra de dúvidas é a melhor e mais memorável obra de Fares até aqui.

Um é pouco, dois é bom

Apesar de trazer um visual todo cartunesco e digno de animações da Pixar, It Takes Two possui um enredo bastante dramático e até emocionante. Tudo começa com um casal em crise e um casamento chegando ao fim, um momento difícil para os dois, mas ainda pior para a filha deles, que se vê desamparada e disposta a fazer de tudo para garantir a reconciliação dos pais. Após derramar suas lágrimas em dois bonequinhos, a mente do casal é magicamente transferida para os brinquedos e agora eles se encontram presos dentro de corpinhos artesanais.

Sem muita saída, eles se veem obrigados a cooperar entre si para recuperar seus corpos humanos. Toda essa jornada é acompanhada por um livro um tanto irritante que aparece de vez em quando para dar conselhos amorosos e tenta desesperadamente ser um alívio cômico. Acho que todos já conseguem imaginar o rumo dessa história, mas ninguém é capaz de prever como essa jornada será divertida.

No mesmo estilo de A Way Out, o jogo segue o tempo todo em tela dividida (mesmo jogando online) com alguns momentos específicos em que ambos os lados se fundem. Não existe singleplayer, ou seja, é impossível jogar sozinho. A proposta é exatamente o que o nome do jogo já entrega: se juntar com uma pessoa, seja em co-op local ou online, para que cada um assuma um personagem e faça sua parte na aventura.

A primeira coisa que é impossível não elogiar são os gráficos. Esse é o primeiro lançamento do ano que realmente faz jus a next-gen, pois o visual está simplesmente de cair o queixo. Todas as texturas, as partículas, os efeitos de iluminação – é tudo perfeito! O jogo possui uma boa diversidade de cenários e fases diferentes, então pode se preparar para ficar impressionado mais de uma vez, principalmente se você estiver jogando nos consoles da nova geração.

Salvando um casamento

A segunda coisa que deve ser elogiada é o level design. A campanha dura entre oito e 10 horas, mas em nenhum momento o jogo se torna enjoativo. Cada capítulo introduz novas mecânicas que serão utilizadas somente dentro daquele trecho, além de momentos únicos de gameplay que enriquecem muito o fator diversão. Se não bastasse tudo isso, existem diversos minigames que estão lá somente para promover uma competiçãozinha saudável entre os jogadores.

As fases são todas lineares e se passam dentro dos terrenos da casa, mas ainda assim a variedade é imensa. Em um momento estamos dentro de uma árvore no meio de uma guerra civil entre esquilos e vespas, enquanto em outro vamos parar no espaço sem mais nem menos. Não espere muito sentido nos acontecimentos do jogo, afinal os próprios protagonistas são humanos que viraram bonequinhos!

Todas as fases são compostas por puzzles que fazem bom uso das mecânicas inseridas naquele capítulo e, principalmente, do fator co-op! É indispensável conversar bastante com sua dupla para conseguir resolver os quebra-cabeças e alcançar a sincronia ideal na jogatina. Ao fim de cada parte, sempre enfrentaremos um chefe que também não deixa a desejar.

É até difícil conseguir encontrar defeitos neste jogo, pois eu sinceramente não consegui achar nada que prejudique sua experiência. Tirando o fato do livro falante ser meio chato e nem tão divertido quanto o jogo o força a parecer (o que definitivamente não estraga o game em nada), o único elemento negativo que percebi foi algo mais técnico, como o fato da criança que protagoniza quase todas as cutscenes ter uma movimentação estranha e pouco suave. Por isso reforço novamente: não existe nada que deixe sua jornada menos divertida!

It Takes Two é uma experiência em co-op inesquecível que deve ser jogada uma, duas, três ou dez vezes! Esse é um daqueles jogos que terminamos a primeira vez e convidamos outras pessoas para jogar novamente, pois é isso que o renova e torna cada jogada única! Este game consagrou de vez nosso amigo Josef “F*ck the Oscars” Fares como um criador de jogos de altíssima qualidade.