It – Capítulo 2 – Crítica

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27 anos após a aventura de horror vivenciada pelos membros do Clube dos Otários, a pequena cidade de Derry recebe novamente o misterioso Pennywise. Mike (Isaiah Mustafa), único dos membros que ainda vive na cidade, agora é um policial e recruta cada um de seus amigos de infância para derrotar a Coisa, relembrando-os do pacto que fizeram ainda na infância.

Há algo fantasioso em Derry que os fez esquecer de suas próprias vivências lá, mas quando recebem o convite de Mike, todos sentem um medo aterrorizante de voltar à cidade, ainda que não compreendam ao certo o porquê.

Na primeira parte do filme, são retratadas as marcas psicológicas deixadas pela Coisa e pelos percalços da infância na vida adulta de cada um dos personagens, ainda que não se aprofunde nisso e apesar da duração de 2h40min da produção. A duração, entretanto, pode ser considerada razoável se ponderarmos as 1099 páginas da obra original do qual ele foi adaptado.

A seleção do elenco para essa fase da vida dos Otários, entretanto, foi impecável. O cuidado na escolha com a semelhança e características físicas é um ponto a se saudar. Com destaque também para a sensacional atuação de Bill Skarsgård, como Pennywise, com seu olhar louco e intimidatório.

As mudanças de linha do tempo (são muitas) poderiam até ser cansativas, se não trouxessem de volta o elenco mirim, sem dúvidas o ponto alto do primeiro filme de It. A dinâmica de inversão de câmeras caiu muito bem, principalmente para um eventual público perdido, que não conseguir relacionar os personagens crianças/adultos de primeira.

Esta sequência vem com fotografias ótimas e estilosas, com destaque para as imagens dos Otários confraternizando, quando não estão vivenciando um perigo iminente. O filme traz também uma participação especial muito bacana para os fãs das obras de Stephen King.

Eddie (James Ransone) e Richie (Bill Hader) são novamente o alívio cômico do filme. A dupla forma uma representação perfeita do trabalho que Jack Dylan Grazer e Finn Wolfhard (Eddie e Richie mirins, respectivamente) começaram, trazendo humor a um filme de horror como ninguém.

O filme, entretanto, fraqueja ao tentar explorar a origem de Pennywise. Uma promessa é dada quando Mike vai em busca de nativos-americanos que já enfrentaram a Coisa no passado. Fica-se na espera de uma explicação para a origem desta figura, mas não há aprofundamento.

Cenas do clímax da história trazem a vida referências de outros filmes adaptados das obras de Stephen King. Os fãs do gênero e do autor vão adorar.

As cenas de susto não são poucas, mas são minoria. O longa trabalha com mais drama e entorno das travas psicológicas dos personagens do que no próprio horror em si. O que não precisaria ser considerado defeito, mas característica, não fosse pelo desfecho, puxado demais para o filosófico, ainda que faça sentido.

Assim como no primeiro filme, algumas cenas não foram adaptadas, como a origem de Pennywise e os eventos que sucedem o confronto final. O que é esperado de uma adaptação cinematográfica, principalmente quando se está trabalhando com tantas páginas.

O filme, numa colocação geral, é bom e tem qualidade, se compararmos a média dos filmes de terror em geral. Muschietti conseguiu misturar um pouco dos gêneros drama, horror e comédia, com uma visão mais otimista que a de King. A história é de horror, mas fala principalmente sobre amizade, sobre ter coragem e ser sincero consigo mesmo.