Homem-Aranha: No Aranhaverso – Crítica

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Lá em dezembro de 2017, quando eu vi o primeiro teaser de Aranhaverso, eu me apaixonei. Sério, não tinha como eu ter outra reação com um clipe desses. A música, a cidade, o final, TUDO. TUDO indicava que esse filme seria O Filme que o Homem-Aranha Merece.

De lá pra cá, muito coisa aconteceu, muito trailer saiu e, conforme mais detalhes do filme iam sendo revelados, admito: fiquei apreensivo. Quer dizer, Porco-Aranha? Sério? Um filme com aquele teaser teria o Porco-Aranha? Será, que no fim das contas, Aranhaverso não passaria de Mais Um Daqueles Filmes da Sony.mp4?

Meus bebês… Ufa! O filme é BEM mais do que isso.

Um filme que faz bem pras vistas

Vou começar chutando o balde e dizendo que eu nunca vi uma animação tão bonita quanto a de Aranhaverso. Eu assisti o filme inteiro com a constante impressão de que cada santo frame dele poderia ser impresso, emoldurado, e colocado na minha sala. (Estou aceitando mimos, inclusive).

É claro que temos visto muitas animações impressionante nos últimos anos. Os Incríveis 2, por exemplo, quebrou a internet com o tamanho do realismo que tinha naquela animação. Plmdds, dava pra ver os pelinhos da camisa polo do Sr. Incrível! É ou não é… (hehehe) INCRÍVEL?

Acontece que Aranhaverso vem pra mostrar que animação não precisa ser realista pra ser boa. Ela até pode, se quiser e, nesse sentido, as obras da Disney sempre dão um show à parte! Mas ver um filme usando toda a tecnologia que temos hoje para criar algo que não é uma megalomania do realismo… Dá gosto de ver.

Sério: quem não quer um quadro desses na sala?

Aranhaverso tem uma animação que transborda quadrinhos. Mais do que real, é artístico. É impecável visualmente, além de saber mesclar elementos das HQs como nenhum outro filme da Marvel soube fazer. É quando você percebe que quadrinhos são muito mais do que histórias de herói. Trata-se de uma arte própria, com seu próprio charme, sua própria linguagem. Uma arte que Aranhaverso demonstrou ter uma paixão imensa.

Mas já que falamos de história…

Eu bem queria dizer pra você que o texto de Aranhaverso é tão bom quanto a imagem. Se fosse o caso, seria o filme perfeito. Bem, não é o caso. Estamos diante de um filme espetacular, de fato. Mas não perfeito.

Não é que a história seja ruim, longe disso! Acontece que ela é incapaz de te surpreender. Toda virada que o filme guarda é possível ser vista a quilômetros de distância. Você sabe exatamente quando as coisas vão dar certo e quando vão dar errado. Tudo tim tim por tim tim, como manda o livro.

Um humor saído das interwebs

Já o humor é bastante afiado e tem uma originalidade que faz qualquer piada pastelão passar vergonha. As piadas tem plena noção do mundo em que vivemos e conhecem bem os tais dos ~~memes que compartilhamos por aí. Nesse sentido, o humor do filme soa quase como uma piada interna que todo mundo entende.

Pô, e se a gente botasse o Nicolas Cage no Aranhaverso?

Por outro lado, às vezes a comédia se faz presente em momentos que talvez ela não fosse bem-vinda. Isso, inclusive, foi justamente o que mais me incomodou no Aranhaverso: sua falta de senso de oportunidade na hora de emocionar. Há diversos momentos do filme que teriam sido capazes de arrancar uma lágrima ou outra dos mais chorões da sala. Entretanto, a obra prefere desarmar cada um desses momentos com uma piadoca.

Qualquer um pode vestir uma máscara

Contudo, apesar dessas críticas, não se deixe enganar: temos sim uma boa história aqui. Talvez não a mais surpreendente, tão pouco a mais emocionante. Entretanto, sua premissa já é, por si só, merecida: Aqui, Miles Morales é o personagem principal. Não o sidekick, não o substituto negro: o protagonista.

Aranhaverso dá ao personagem o seu merecido lugar no protagonismo. Miles é o Homem-Aranha moleque que Peter já não é há muito tempo, carregando consigo suas próprias questões, lutas e motivações. Um herói atual, que faz todo o sentido nos dias de hoje.

O Homem-Aranha que a gente precisa.

Peter, por outro lado, está em seu merecido lugar, tanto de mentor quanto de mártir. O filme sabe reconhecer a importância e grandiosidade do herói e usa isso muito bem. Ao mesmo tempo, o personagem é usado para gerar identificação no adulto que passou a infância com uma máscara do cabeça de teia, mas que hoje é, bem… Um adulto.

No fim do dia, Homem-Aranha: No Aranhaverso é uma enorme declaração de amor aos quadrinhos e ao amigão da vizinhança. Obrigatório a todo fã, especialmente a quem clama há tanto tempo por algo diferente. É o filme que o Homem-Aranha merece com o Homem-Aranha que precisamos. Além de ser lindo de morrer.