Ghost of Tsushima – Review

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*Este review foi realizado com uma cópia antecipada, disponibilizada pela PlayStation Brasil

Jogos com temática samurai voltaram a ganhar força nos últimos anos com o lançamento de títulos como Sekiro: Shadows Die Twice, Nioh e pelo anúncio de Ghost of Tsushima. Desenvolvido pela Sucker Punch, Ghost of Tsushima foi revelado oficialmente em 2017 durante a Paris Games Week, trazendo um RPG mundo aberto dentro de um marco na cultura japonesa que foi a invasão Mongol de 1274.

Marco Histórico

Ghost of Tsushima tem como base a primeira invasão mongol nas ilhas de Tsushima e de Iki nos períodos de 1274 a 1281, a invasão ficou marcada pela grande força mongol em terras japonesas, trazendo uma forma de combate e armas diferente da qual os samurais estavam acostumados, uma força brutal e extramente violenta, fazendo com que a ilha de Tsushima fosse tomada de forma rápida, estima-se que a ilha foi tomada em 7 dias, muitos foram escravizados e mortos pelos mongóis.

A origem do fantasma

O clã Sakai era o clã dominante e mais importante presente na ilha, foi um dos diversos clãs que lutaram contra a grande invasão mongol em Ghost of Tsushima, nos trazendo ate nosso protagonista Jin Sakai, onde lutou na linha de frente para defender suas terras, junto ao seu tio Lorde Shimura, assim como os fatos históricos dizem, os mongóis e sua forma devastadora de luta, massacraram todos os samurais do clã Sakai em uma batalha sangrenta. Jin Sakai se torna um dos únicos sobreviventes do seu clã em busca de vingança contra o líder mongol Khotun Khan, representado pelo ator Patrick Gallagher.

Com essa sede de vingança implacável Jin se depara com diversos dilemas ensinados pelo seu tio Shimura, ele ensina o caminho Bushido, o caminho do guerreiro, o código moral dos samurais onde eles poderiam viver e morrer com honra. Mas para seguir esse caminho Jin precisara quebrar esses códigos para obter a sua vingança, e assim ficar conhecido com o fantasma de Tsushima.

Explorando Tsushima

A Sucker Punch, conseguiu representar um japão feudal de forma incrível, você realmente se sente dentro de Tsushima, toda sua fauna e flora são espetaculares, as gramas são renderizadas de forma separada, não é apenas um PNG de mato em cima, você nota vida por cada ambiente que você passa, o time de desenvolvedores fizeram diversas visitas à ilha de Tsushima para fazer uma representação bastante fiel ao período do japão feudal. A propria Sucker Punch revelou que Ghost of Tsushima é o maior e mais ambicioso jogo feito por eles.

A ilha de Tsushima é dividida em três partes, cada uma contendo biomas e climas diferentes, você pode percorrer por vastos campos, paisagens montanhosas, santuários, florestas antigas, vilas, castelos enormes e floresta clássica com bambus –  infelizmente não é possível corta-las em combate.

Já o clima, funciona de forma dinâmica, vai nevar em determinadas partes, chover muito como uma tempestade, terão ventanias que levarão as flores e plantas da vegetação pelo mapa, seus trajes sentirão o impacto do clima, você ficara sujo de lama, seu traje ficará encharcado de água. O cenário é tão imersivos que em determinado momento me pegava apenas caminhando pela ilha de Tsushima sem rumo nenhum, apenas contemplando toda aquele cenário vivo que estava a minha frente, sentimento parecido que tive ao jogar Red Dead Redemption 2, e Ghost of Tsushima conseguiu trazer essa experiência de volta.

A locomoção pelo mapa é diferente do convencional, seguir uma trilha pelo chão como Assassin’s Creed ou ter um ponto marcando onde deve ir ao meio da tela não está presente em Ghost of Tsushima, nele, nos somos obrigados a explorar de acordo como a natureza mandar – literalmente. Para seguirmos ao ponto desejado, devemos marca-lo no mapa e depois seguir a direção que o vento de forma sutil, o vento vai nos levar até lá, no meio do caminho podem aparecer animais como pássaros e raposas que nos levarão até outro lugar para explorar, basta segui-los e deixar a curiosidade te guiar.

Combate e o caminho samurai

Em Ghost of Tsushima, Jin Sakai enfrenta um dilema, entre seguir o caminho samurai ou seguir o caminho da vingança a todo custo. O combate mistura furtividade com uma luta frente a frente, o interessante é que há a possibilidade do jogador escolher a forma de combate que você quiser. Mas isso não interfere no seu caminho como fantasma, pois, terão algumas missões que você precisará manchar a honra samurai e matar inimigos de maneira furtiva, causando ainda mais peso nas decisões de Jin para o enredo.

Diferente dos jogos RPG’s tradicionais Ghost of Tsushima não tem um esquema numeral de nível, e sim um sistema de evolução da “lenda” e é possível evoluir essa lenda cumprindo requisitos básicos e ganhando pontos de habilidade. Com os pontos de habilidade você pode distribuir em 3 tipos diferentes de técnicas: Samurai, Postura e Fantasma, ambas são primordiais para seu gameplay e vão fazer parte da sua árvore de habilidades.

Ghost of Tushima pega elementos que há de melhor em diversos jogos, como Batman Arkham Knight, Assassin’s Creed, The Witcher 3 e os mistura de maneira deslumbrante. Há inimigos com lanças, flechas, espadas, brutamontes e outros, Jin possui uma técnica e especial para cada um deles, mudar sua técnica durante o gameplay é primordial para obter sucesso em batalha, mas não porque Jin é um ótimo samurai, mongóis costumam atacar em bando e às vezes podem dificultar a vida do jogador, quando há muitos deles de uma vez, o sistema stealth funciona bem para esses casos, há sinos de distração, bombas de fumaça, arco e flecha, e muito mais para derrotar os mongóis.

A Sucker Punch fez um belíssimo trabalho na captura de movimentos de combate, consultando mestres samurais reais, para que os movimentos do Jin no jogo ficassem bem fieis e uma luta de espada. Jin movimenta sua katana com maestria e fluidez, movimentos muito bem coreografados, fazendo com que você realmente se sinta um mestre samurai, assim como uma opção boba porem bastante interessante e imersiva, é limpar e guardar a sua katana apos um combate sangrento.

Os contos de Tsushima

Em Ghost of Tsushima, as missões são chamadas de contos, sejam eles contos principais ou secundários, cada personagem que tem relação com Jin tem seu próprio conto, todos tem suas ambições e motivações dentro da história e cabe você ajuda-los. Ghost of Tsushima possui diversos contos secundários, porem é incrível como a Sucker Punch conseguiu criar uma atmosfera perfeita para cada uma delas, me sentia motivado a cada conto secundário, sem parecerem repetitivas ou com um enredo arrastado. Os contos secundários são a cereja do bolo nesse universo incrível, consegui me prender por horas apenas com esses contos sem pensar “a não, de novo isso”.

Os contos secundários são a cereja do bolo nesse universo incrível

Homenagem ao Diretor Akira Kurosawa

Não podia deixar de falar sobre a grande homenagem que Ghost of Tsushima faz ao diretor Akira Kurosawa, a Sucker Punch adicionou o Kurosawa mode, onde o jogo ganha um filtro preto e branco, todo o som é modificado para parecer como os filmes numa tela antiga, é possível jogar toda a campanha do jogo no Kurosawa mode, a ideia é fazer com que o jogador se sinta dentro dos filmes de samurai do cineasta.

Problemas?

Infelizmente nem tudo são flores de lótus não é mesmo? algo que me deixou bastante incomodado foi sobre a captura de fala do jogo, ter sido feita toda em inglês, caso você opte pela voz que você considera “original” em japonês, estará apenas jogando uma versão dublada, assim como a versão brasileira. Acredito que isso possa a dar uma desanimada, onde o jogo totalmente focado em uma cultura os personagens não estão falando a lingua daquele lugar.

Uma curiosidade sobre o dublador japonês é que é o mesmo ator que da a voz a Roronoa Zoro do One Piece, o mais curioso é que ambos são grandes mestres com a katana.

Vale a pena?

Sem sombras de dúvidas Ghost of Tsushima encerra com chave de ouro o siclo do PlayStation 4, o jogo estará concorrendo entre os melhores jogos do ano e não fica para trás de nenhum dos lançamentos desse ano, tive uma experiência incrível nesse mundo criado pela Sucker Punch, o jogo é altamente viciante, não é chato ou repetitivo, todos os personagens têm seus sentimentos e motivações, combate extremamente bem feito com muitas finalizações e estilos. Ghost of Tsushima é uma verdadeira aula de cultura japonesa e ficará marcado em meu coração.

 

 

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