Fire Emblem Warriors: Three Hopes – Review

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A Nintendo segue a todo vapor com a série Warriors e, cinco anos depois do primeiro Fire Emblem musou, temos a oportunidade de explorar a franquia novamente de uma ótica totalmente diferente do combate tático que estamos acostumados. Agora se passando dentro do universo de Fire Emblem: Three Houses, lançado para o Switch em 2019, Three Hopes segue a mesma linha de raciocínio de Hyrule Warriors: Age of Calamity, buscando explorar a lore de um baita jogo de formas inusitadas.

Como o primeiro Fire Emblem Warriors já era excelente em termos de musou, a Omega Force investiu mais no que o antecessor tinha de mais fraco, que no caso era a narrativa. Agora ambientado em uma realidade paralela de Three Houses, assumiremos um novo personagem que terá a oportunidade de se juntar a uma das três casas do jogo, fazer diversos aliados pelo caminho e também tomar algumas decisões cruciais para o destino de seu povo. Agora sim temos o melhor dos dois mundos, pois esse é o casamento perfeito do gênero com o que faz Fire Emblem ser tão bom.

Musou também tem história

Fire Emblem Warriors: Three Hopes nos coloca na pele de Shez, um guerreiro (ou guerreira) que se vê diante de um confronto suicida no campo de batalha, sendo forçado a enfrentar no mano a mano ninguém mais ninguém menos que Byleth – isso mesmo, o protagonista de Three Houses. Após levar uma bela de uma surra, Shez fará uma aliança com forças místicas e deverá escolher bem a qual casa se aliar para enfrentar este grande mal. Cabe ao jogador decidir entre os Black Eagles, os Blue Lions ou os Golden Deer, cada um oferecendo uma campanha diferente (todas durando em torno de 30 horas).

Independente do lado escolhido, cada um oferecerá suas próprias ramificações de caminhos e uma boa dose de tretas políticas, para nenhum fã de Game of Thrones botar defeito! A campanha está bem robusta e mantém o jogador interessado do início ao fim, uma virtude que os fãs de Fire Emblem já devem conhecer muito bem. Isso já não era algo que tínhamos no primeiro Warriors da série, que focou mais em fazer uma boa adaptação dos poderes e mecânicas da franquia para a ação frenética do musou do que em oferecer uma história imersiva.

Outro ponto aprimorado são os relacionamentos que construímos no caminho. Em quase toda cutscene teremos diálogos interativos que têm peso em todos os personagens envolvidos, então ser legal com todo mundo vai te render boas amizades e aliados mais fortes no campo de batalha. Quem escolher jogar no modo clássico ainda terá aquele velho recurso da série onde os personagens caídos em batalha morrem para sempre, sem chance de serem revividos. É bem punitivo, mas certamente deixará a história muito mais dramática (nem tanto em questões narrativas, mas sim por causa do seu próprio desespero).

Exército de um homem só

Se você é um fã de Fire Emblem e, por alguma razão, nunca ouviu falar da série Warriors, vamos contextualizar um pouco antes de entrar na parte técnica. Tratando-se de um musou, este é um jogo de ação contínua e intensa, onde você literalmente enfrenta exércitos inteiros com um único personagem. É basicamente um esmaga botão frenético, mas aqui eles ainda tentam resgatar as origens com uma pitadinha de estratégia, a fim de agradar gregos e troianos.

Você pode escolher jogar com um fluxo mais estratégico ou mais contínuo. A primeira opção te dá mais respiros para avaliar a situação, posicionar personagens, dar ordens mais direcionadas e planejar seus próximos passos. A segunda já faz mais jus a um musou raiz, onde você só entra na fase e começa a massacrar tudo que vê pela frente, tomando atitudes no calor da batalha. Ambas as alternativas funcionam perfeitamente, então quem prefere um jogo mais rápido não precisa ficar se culpando, mas também não poderá deixar a estratégia de lado.

Independente do modo escolhido, a estratégia também entra na escolha da party. Conforme você joga, vai desbloqueando novos aliados e cada um deve ser especializado em um tipo de arma e estilo de combate. Cabe ao jogador escolher a equipe certa de acordo com o desafio que irá enfrentar – e a boa notícia é que o jogo te ajudará com isso, indicando em que áreas do mapa em questão aquele personagem será útil. A rotatividade é alta, pois é essencial escolher uma party equilibrada para cada missão; caso contrário, você vai apanhar muito! Outro detalhe legal é que, como no seu antecessor, você pode decidir a classe de cada um, então o jogo dá bastante liberdade para jogarmos como quisermos.

É no seu acampamento que você administra toda essa galera e, por incrível que pareça, essa base é um dos pontos altos do jogo. Ela já retorna do primeiro Fire Emblem Warriors, mas aqui está mais requintada e cheia de conteúdo. Você pode expandir seu acampamento com itens coletados nas missões principais e sidequests, além de treinar novos personagens, mudar classes, cozinhar para suas tropas e fazer diversas atividades que, a princípio, podem parecer bobagem, mas acabam tornando o jogo mais divertido. A melhor parte é ver todo o seu esforço realizado aqui tomando forma e rendendo frutos na guerra, então não tenha preguiça de passar um bom tempo na sua base.

Está rodando bem?

Como nem tudo são flores, é claro que Three Hopes não se safa das limitações técnicas que os musous sempre precisam encarar no console híbrido da Nintendo. Felizmente, é o melhor jogo do gênero para a plataforma, tanto em termos técnicos como no restante do pacote, então mesmo com uma qualidade gráfica levemente inferior para dar conta de tantos inimigos na tela, as quedas de framerate são bem contidas aqui (apesar de ainda se fazerem presentes). Outra coisa que incomoda é o excesso de informações na tela. Tem horas que tem tanto texto, bonecos e animações que eu me sentia jogando um MMO.

Fire Emblem Warriors: Three Hopes não é apenas mais um musou ambientado na franquia tática da Nintendo, pois entrega até mais do que promete. É um jogo com uma baita história (principalmente para quem chegou a jogar o Three Houses), excelente combate (tanto em ação, quanto em estratégia) e atividades secundárias surpreendentemente divertidas. Por ser um título de nicho, acabou sendo um dos lançamentos da Nintendo mais discretos deste ano, mas quem é fã precisa dar uma chance. Você não vai se arrepender!