Detective Pikachu Returns – Review

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Em 2016, a Nintendo nos surpreendeu ao lançar um dos jogos mais bizarros que já passaram pela franquia Pokémon: Detective Pikachu. A princípio lançado exclusivamente no Japão, o jogo nos colocava na pele de um garoto que precisava investigar mistérios ao lado de um pikachu falante e viciado em café. A ideia já era estranha o suficiente, mas eles ainda foram além e fizeram um filme!

O primeiro jogo do Detective Pikachu acabou passando despercebido por uma série de motivos. Primeiro, ele demorou dois anos para ser lançado no ocidente, chegando por aqui somente em 2018. Nessa época, o 3DS já estava nas últimas e todo mundo só tinha olhos para o Switch. Além disso, ele sempre foi um jogo muito nichado e dedicado ao público infantil, o que certamente afastou ainda mais pessoas.

Diferente do filme, o jogo não teve uma conclusão e deixou muitas brechas para sequência. O momento de dar continuidade à essa aventura finalmente chegou – seja para o bem ou para o mal.

Elementar, meu caro Pikachu

É fato que a maioria aqui não deve ter jogado o primeiro jogo, mas não se preocupe. Assistir ao filme já é o suficiente para te deixar preparado para Detective Pikachu Returns, pois a história é basicamente a mesma. A única diferença é que Tim Goodman, o garoto que acompanha o pikachu, não consegue encontrar seu pai no final, então é a partir deste ponto que esta sequência toma forma.

Detective Pikachu Returns tem início dois anos após a conclusão do primeiro. Tim já está na faculdade e continua investigando o paradeiro do seu pai, o detetive Harry Goodman. Acompanhado por uma nova amiguinha chamada Rachel e por seu leal parceiro Pikachu, eles novamente se meterão em uma grande conspiração, só que agora envolvendo um dispositivo misterioso que consegue controlar os pokémon.

A evolução em relação ao primeiro foi mínima, então quem jogou o anterior vai notar que o jogo ainda parece ser o mesmo. Trata-se de um adventure point and click focado em investigação, então tudo que fazemos é andar por aí, conversar com NPCs, coletar pistas e organizar tudo que foi encontrado em teorias que nos ajudarão a prosseguir nos casos. A boa notícia é que este aqui possui apenas cinco capítulos (um grande alívio, considerando que o anterior tinha nove), mas em compensação, todos eles são bem maiores que de costume.

Ainda que os jogos sejam muito parecidos, Detective Pikachu Returns tem sua parcela de novidades. A primeira foi a adição de sidequests, que trazem pequenos “problemas” para resolvermos em cada capítulo; não existe recompensa alguma em fazer esses pedidos, tirando o fato de que você pode ler uma pequena matéria sobre a missão no jornal do dia seguinte. A segunda novidade é mais legal: agora temos vários personagens jogáveis, sendo a maioria pokémon.

Em diversos momentos, poderemos controlar o Pikachu diretamente ou outros pokémon que auxiliarão na investigação, o que ajuda a sair um pouco da rotina. Cada monstro de bolso possui suas próprias habilidades e será útil de alguma forma, então esses são de longe os trechos mais legais do jogo.

Problemático

Por tudo que foi dito até agora, é de se imaginar que Detective Pikachu Returns não é tão ruim quanto parece, mas ele tem sua parcela de problemas – muitos deles! Para começar, assim como o primeiro, este título tem um público-alvo muito bem definido; se você tem mais de 12 anos de idade, é quase certo que achará o jogo muito chato.

Jogos de investigação costumam ser divertidos e instigantes, mas este aqui é extremamente infantil. Tudo é muito bobo e, na maioria das vezes, os mistérios a serem desvendados são óbvios. Para uma criança, a falta de ação pode ser meio monótono, mas para um adulto não existe desafio algum, então é ainda pior. Esse é um jogo para os pais jogarem com seus filhos – principalmente levando em consideração que ele não tem localização em pt-br, dificultando ainda mais o aproveitamento da criançada.

Além disso, todos os outros problemas que já estão virando rotina nos jogos da franquia Pokémon se fazem presentes aqui. Para começar, os gráficos estão muito feios e super ultrapassados, não condizendo em nada com a capacidade do Switch. A sensação que dá é que estamos jogando um game velho que foi remasterizado, tamanha a falta de capricho. Algumas comparações da internet já até provaram que o título de 3DS era mais bonito e detalhado que este aqui – e olha que ele está bem longe de ser referência de beleza da plataforma!

A falta de beleza deste jogo já é desanimadora o suficiente, mas por algum motivo, ele também segue os mesmos padrões do anterior. Apenas algumas cenas curtinhas são dubladas com voz e a maioria das cutscenes não trazem animações mais elaboradas, focando apenas no básico do básico. Eu ainda não entendo porque tudo relacionado à Pokémon vem sendo tratado com tanta falta de cuidado nos últimos tempos – só sei que isso me entristece.

Detective Pikachu Returns até tem seus momentos de diversão, mas é um título cheio de potencial desperdiçado. Essa era a oportunidade perfeita de atrair todos que não chegaram a jogar o primeiro, principalmente por causa do filme – que por incrível que pareça, é bem legal. A evolução em relação ao primeiro foi mínima e, no final, o jogo deixou muito a desejar.