Cult of the Lamb – Review

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Imagine um joguinho fofo de gerenciar comunidades, como Animal Crossing ou Stardew Valley, e então adicione um pouco de roguelite e seitas religiosas bizarras a essa fórmula. Assim nasceu Cult of the Lamb, jogo do estúdio Massive Monster que se junta à família atípica da Devolver Digital. A proposta é simples: você assume um cordeirinho que deve liderar uma seita satânica e angariar fieis para ficar mais poderoso. Pois é, é isso mesmo que você leu.

Entre explorar dungeons geradas aleatoriamente e gerenciar recursos para garantir que seu culto prospere, Cult of the Lamb consegue nos viciar do seu próprio jeitinho. A parte do combate não traz nada que já não tenhamos visto em outros jogos do gênero, mas o que realmente prende aqui é o sistema de gerenciamento de seita. Ninguém nunca imaginou o quão divertido seria ministrar sua própria religião até jogar este jogo.

Que comece a ceifa

O foco do jogo está longe de ser a história, mas ainda temos um enredo singelo para deixar as coisas um pouquinho mais divertidas. Nosso protagonista é um pobre cordeiro que foi sacrificado por uma seita de adoradores dos chamados Antigos, um quarteto de deuses que desejam impedir o retorno de uma entidade ainda mais poderosa conhecida como Aquele que Espera.

Reza a lenda que Aquele que Espera ressuscitaria no corpo de um cordeiro e por isso esses deuses estão acabando com todos que encontram pela frente, mas eles não esperavam que o nosso cordeiro em especial acabaria sendo salvo pelo próprio deus que eles querem tanto destruir. Ao ganhar parte dos seus poderes diabólicos, nosso protagonista recebe a árdua tarefa de ganhar adoradores para Aquele que Espera e destruir todos os quatro Antigos, para que assim seu novo mestre possa voltar à vida em toda a sua glória.

O jogo começa nesse climinha leve e amigável, onde no começo nosso culto está literalmente vazio e precisamos adentrar as dungeons para ir encontrando os animais que vivem na floresta, recrutá-los para a seita e assim fazer com que eles construam novas coisas para nossa comunidade. Além de recrutar, seu papel como líder religioso também envolve manter a fé dos fieis em dia, então será necessário pregar a palavra, distribuir bençãos, realizar rituais macabros e tudo que envolve uma rotina religiosa básica.

Isso definitivamente é a coisa mais legal de Cult of the Lamb. Apesar do seu culto ser majoritariamente sombrio, você tem a liberdade de ser um líder mais bonzinho ou um verdadeiro tirano. Seu cordeiro pode muito bem distribuir bençãos para todos e manter sua comunidade feliz e tranquila, assim como sacrificar qualquer um que se oponha a sua fé – e acredite, seus fieis podem virar a casaca. Caso você não se atente aos seus deveres devocionais, a fé dos bichinhos será abalada e muitos começarão a criticar seu deus, então ou você faz de tudo para evitar que chegue a tal ponto ou faz deles um exemplo (caso contrário, eles podem sim desviar outros fieis e iniciar uma rebelião).

Um bom líder cuida dos seus

Podemos dizer que tudo aqui funciona como uma barganha. Quanto mais fieis satisfeitos você tiver em sua comunidade, mais forte seu personagem fica para encarar as dungeons; quanto mais preparado seu cordeiro estiver, mais recursos ele conseguirá e, dessa forma, todo mundo sai ganhando. A mineração de itens ao longo das masmorras é essencial para que os fieis se mantenham saudáveis e felizes, assim como também é necessária para que eles consigam construir algumas coisas úteis.

O combate em si é satisfatório, mas como já enfatizado no início desta análise, não impressiona em nada. Você possui diversas armas que surgem de forma aleatória no início da dungeon, então é necessário se adaptar ao combate de acordo com que o jogo lhe oferecer, o que pode ser bom ou ruim. Assim como todo roguelite, aqui você não depende exclusivamente de habilidade, mas também precisa de um pouquinho de sorte.

A maioria dos inimigos utiliza apenas um ataque padrão de atirar projéteis, então com o tempo as batalhas começam a ficar repetitivas e previsíveis. Até mesmo os chefes seguem esse esquema, então a impressão que tive é de que o combate não recebeu tanto capricho quanto o sistema de gerenciamento. Contudo, quem busca um bom desafio não sairá decepcionado, pois aqui todos os inimigos são rápidos e vão exigir reflexos à altura para conseguir se salvar no meio das milhões de coisas que estão acontecendo ao mesmo tempo. Muitas vezes chega a ser confuso, mas não ao ponto de incomodar.

Cult of the Lamb não é feito somente de batalhas e comunidades, mas também esconde algumas cartas na manga. O jogo possui minigames como sidequests, pescaria e até um joguinho próprio de cartas. São ótimas atividades para quebrar um pouco a rotina de brigar e orar, mas ainda assim, os holofotes continuam no gerenciamento da seita.

Para quem gosta de joguinhos fofinhos, mas também não dispensa algo mais sinistro, Cult of the Lamb é para você! Ele não impressiona no assunto roguelite, mas também não falha em ser divertido em tudo que oferece – principalmente naquilo que dá nome ao jogo, que é justamente a ideia de ser um líder religioso na íntegra. Sacrificar animaizinhos e realizar rituais bizarros faz parte do ofício, então está tudo certo.