Crítica – Sequestro relâmpago

Tangerina Entretenimento Sequestro Relampago de Tata Amaral Sidney Santiago Kuanza Marina Ruy Barbosa Daniel Rocha Foto Carlos Zalasik

No novo filme de Tata Amaral, Isabel (Marina Rui Barbosa), da classe média paulistana, é vitima de um sequestro relâmpago ao sair de um bar. Os dois inexperientes criminosos, Matheus e Japonês, (Sidney Santiago e Daniel Rocha respectivamente) percebem que não conseguirão chegar a um caixa eletrônico aberto antes das 22h e decidem ficar rodando em São Paulo com a jovem até o amanhecer, quando poderão voltar ao banco.  A história é baseada em fatos reais e estará nos cinemas dia 22 de novembro.

Os personagens compõe um dos trios mais explorados na história do cinema: a vítima, o bom e o mau. Na primeiro momento do filme, até dar de cara com o último caixa fechado, se constrói a relação dos três com um clima de thriller, estabelecendo-se a dualidade de “bom e mau policial” entre os dois sequestradores, Matheus sendo o bom, enquanto Japonês é o mau, sendo imoral e gozando da sensação de poder que ele não conquista.

Na outra parte do filme, quando eles vão parar em um bar na periferia, a proposta do filme se modifica. Esgotados e impotentes, os sequestradores vêem as horas passar lentamente e começam a criar dificultosos laços com Isabel, que poderiam se estreitarem se não existisse o grande abismo social na construção dos jovens no país.

Livrando-se da obrigação de construir um filme de suspense, a narrativa se transforma, e o longa convenceria mais como um retrato social se os diálogos e a temática – de machismo, desigualdade social e vulnerabilidade da mulher – não fossem tratados de forma tão rasa. Os três se comportando como clichês, literalmente, ambulantes, as discussões que os personagens  trazem são tão forçadas e superficiais que a jovem, em um momento, tenta provar que os três são iguais só porque comem glúten ou porque ela sabe jogar bilhar. Se tem alguma excessão, é Matheus, que é um personagem melhor estabelecido em suas complexidades; do resto, o longa não empolga.