Como Treinar o seu Dragão 3 – Crítica

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Como Treinar o seu Dragão 3 (How to Train Your Dragon: Hidden World), chega nos cinemas nessa quinta-feira (17) para dar fim à trilogia com a representatividade de ciclos da vida, amizade e a sua devida maturidade. Prepare-se, a animação vem à tona para arrancar risos e lágrimas do telespectador.

O enredo se inicia reapresentando os personagens principais, Soluço e Banguela, resgatando dragões e os levando para Berk, que se encontra ainda mais colorida do que antes e com um maior número das criaturas místicas. Mas desta vez, o verdadeiro desafio do longa-metragem é a luta árdua devido ao preconceito de outra povoação que não aceita a boa convivência entre humanos e dragões. Dessa forma, surge Grimmel, o antagonista que é caçador de dragões, que faz o mal-uso das criaturas em batalhas para poder capturar outras mais e tem o principal objetivo de capturar o Banguela, um Fúria da Noite. Soluço, ao perceber que não só a vida de seu melhor amigo corre perigo e sim a vida de outros inúmeros dragões também, toma a sábia atitude de buscar por um lugar que é considerado uma lenda, um lugar místico onde as feras podem viver em plena segurança.

Um ponto da trama que se destaca é que os personagens são apresentados em seus ciclos de vida, no qual o telespectador tem a oportunidade de acompanhar o seu crescimento e o amadurecimento com o decorrer da história. Um exemplo disso é o relacionamento entre Astrid e Soluço, no qual ambos se sentem pressionados para darem um segundo passo no namoro e governarem o reino lado a lado, mas admitem que ainda não se sentem preparados para tal avanço. Ao mesmo tempo, Banguela encontra uma fêmea de sua espécie, a Fúria da Luz. Completamente apaixonado, ele faz de tudo para conquistá-la, garantindo boas risadas com suas ações e com a sua tentativa falha de dança do acasalamento. Soluço o ajuda e demonstra que amizade é sinônimo de querer verdadeiramente a felicidade do outro, sem importar as consequências. Mas também aprende a lidar com a devida liberdade de seu melhor amigo, com o abandono para obter a segurança e sofre com uma crise de identidade por não saber quem é sem seu companheiro. É emocionante, principalmente para o telespectador que convive com um animal de estimação.

Dessa forma, é revelado o assunto principal do longa-metragem em seu terceiro ato, evidenciando que a sua mensagem principal é a relação entre a efemeridade da vida com os seus ciclos que se encerram e se iniciam de forma constante, com a liberdade, com o amadurecimento e com a segurança de si mesmo. É a vida em si com os seus altos e baixos com a presença da incerteza e os seus aprendizados. O que chama a atenção é que o terceiro filme da saga é uma desconstrução do primeiro, algo ousado da parte do diretor do filme, Dean DeBlois. Ora, em Como Treinar o seu Dragão (2010) vemos a insegurança dos personagens principais mediante o tradicionalismo em relação à domesticação e a sua quebra para estreitar laços através da inovação, em Como Treinar o seu Dragão 2 (2014) vemos claramente a construção da relação entre humanos e dragões e Como Treinar o seu Dragão 3 (2019) desconstrói toda a relação feita entre espécies para um bem maior, onde os humanos devem aprender a conviver sem seus companheiros e a insegurança se torna presente. Apesar de ser diferente, funciona muito bem na animação e tem um encerramento fantástico, ensinando que amor e amizade são sinônimo de desejar o bem do próximo.

A animação 3D está bem-feita, com texturas que chamam a atenção, com cenários bonitos representados pela natureza e com uma paleta de cores excelente, principalmente ao ser mostrado o mundo escondido, que tem uma paleta neon que relembra Avatar (2009). As cenas de lutas presentes no longa também estão boas, mas não excepcionais. A iluminação se destaca em diversos momentos, principalmente quando há o uso do fogo com as suas faíscas. Os efeitos de fumaça, nuvens e gotículas de água são bem elaboradas, se destacam. O figurino dos personagens encanta com suas texturas e cores, dando vida para as personalidades que a vestem. A relação entre os personagens é fluida, dando destaque para Banguela e a Fúria da Luz, personagens que não possuem falas e demonstram a sua história de amor de forma encantadora. Vale ressaltar que os personagens secundários surgem para dar mais sustentação ao longa-metragem, em especial os amigos vikings de Soluço com os seus companheiros, que desta vez estão dispostos a encarar o antagonista com bravura. Mas um personagem que ficou de lado foi a mãe de Soluço, Valka, que possui poucos diálogos e conversa com o filho praticamente através de sua nora. É evidente que a relação entre mãe e filho deveria ter sido melhor trabalhada, em especial por causa do último filme. Além disso, a dublagem também está ótima e faz o bom uso das atuais gírias brasileiras.

Como Treinar o seu Dragão 3 mexe com o coração dos telespectadores, faz o bom uso do humor e dá um ótimo encerramento para a trilogia de forma inovadora. A sua conclusão é fluida e apesar de não trazer conteúdos educacionais em si, o longa educa com valores de vida.