Clid the Snail – Review

Clid the snail

É difícil esperar alguma coisa de um jogo cuja proposta é controlar uma lesma com um trabucão e sair atirando em tudo que ver pela frente, mas é justamente aí que Clid the Snail já ganha nossa atenção. Este “Diablolike” é facilmente um dos indies mais inusitados e surpreendentes que joguei este ano, não só pela ideia bizarra, mas também por fazer aquilo que propõe tão bem.

O jogo foi desenvolvido pelo estúdio espanhol Weird Beluga, que é composto por apenas cinco amigos que se conheceram na faculdade. É claro que, como tudo na vida, ele possui seus pesares, mas não dá para ser injusto aqui: Clid (ou Euclides, na íntegra) é disparado a lesma mais maneira que você vai conhecer e seu jogo certamente não vai desapontar aqueles que procuram um bom desafio.

Herói de carapaça

A história de nosso querido Euclides começa em um mundo assolado por uma praga, colocando sua espécie em risco de extinção. Mesmo se esforçando para combater essa ameaça, Clid acaba sendo exilado de sua tribo e, sem muitas opções, se une a outros exilados para formar o grupo Alastor, cujo principal objetivo é erradicar essa praga. Ao contrário da clássica jornada do herói que estamos acostumados, Clid nada totalmente contra a maré. Ele está mais para um anti-herói do que um herói e não tem medo de chutar o balde quando é necessário.

O gameplay é simples e objetivo como deve ser. Como já dito, ele se assemelha a um Diablo da vida, com câmera isométrica e muita ação. Clid conta com um vasto arsenal e diferentes carapaças que lhe garantem novas habilidades, então cabe exclusivamente ao jogador encontrar a combinação que mais lhe agrada conforme for desbloqueando mais recursos. Esse é um ponto importante do jogo, pois acredite: a jornada dessa lesma é osso duro de roer!

Clid the Snail não é impossível, mas também está longe de ser fácil. Um simples deslize, uma habilidade usada na hora errada ou até mesmo a escolha do equipamento podem ser fatais e custar muitas tentativas. Dificuldade jamais será um problema, ainda mais neste caso, que temos um jogo com uma campanha curta. Sem as incontáveis mortes, o jogo mal deve chegar a quatro horas de duração, mas graças ao nível de desafio esse tempo pode dobrar.

Rock na veia

Os gráficos do jogo não são nada exuberantes, mas o capricho dos cenários acaba ofuscando bem esse detalhe. Clid vive em um mundo que é – ou já foi – habitado por humanos, então esbarramos com objetos banais do nosso dia a dia o tempo inteiro. O mais legal é que ele é uma lesma, então tudo está gigante e proporcional ao tamanho desses moluscos. É bem divertido ficar caçando easter eggs e referências pelos mapas, e isso este jogo tem de monte!

A trilha musical é outro fator a ser elogiado e provavelmente é o que mais se destaca no conjunto da obra como um todo. As músicas se encaixam perfeitamente com aquela ação e tiroteios frenéticos, com destaque para um certo momento em que colocaram um belo solo de guitarra de forma soberba. Nem precisa gostar de rock para ficar empolgado com uma coisa dessas.

Dito tudo isso, é de se esperar que Clid the Snail é um jogo bem legal, não é mesmo? Contudo, também é bom ter em mente que ele não busca fugir muito do que tantos outros jogos já ofereceram. Ele definitivamente é eficaz no que propõe, mas acaba caindo na mesmice. Isso pode ser bom para uns e ruim para outros, mas no geral não tem como não simpatizar com essa lesma sisuda.