As Tartarugas Ninja: Caos Mutante – Crítica

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Todo reboot novo das Tartarugas Ninja me dá um certo friozinho na barriga. Sou fã de longa data dos personagens e posso dizer que acompanhei praticamente todas as suas fases mais relevantes (com exceção das duas últimas, que já são mais voltadas para um público muito infantil). Quando a Nickelodeon decidiu recomeçar novamente a saga dos mutantes, achei bem prudente a decisão de dar o pontapé inicial nos cinemas.

Com grandes animações como Super Mario Bros. – O Filme e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso faturando centenas de milhões na bilheteria global, nada mais justo do que planejar um reboot melhor elaborado para as quatro tartarugas mais simpáticas da cultura pop. Elas merecem algo que vá além de séries episódicas em desenho animado e, tirando os longas baseados em suas respectivas fases na televisão, nunca tivemos uma animação de origem única para o quarteto, pensada exclusivamente para o cinema. Agora nós temos!

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante nos traz de volta aos primórdios dessa história sem pé nem cabeça, só que agora adaptada de uma forma muito mais coerente com a juventude do momento. A começar pelo estilo de animação, é bem nítido as inspirações do Aranhaverso aqui, trazendo aquele visual tridimensional que parece ter sido desenhado a mão. Eu particularmente gostei muito, pois remete tanto aos quadrinhos quanto aos desenhos mais antigos.

Neste longa, acompanharemos versões reimaginadas de Leonardo, Donatello, Michelangelo e Raphael, assim como do Mestre Splinter, April O’Neal e de uma grande seleção de vilões das tartarugas nos desenhos. Quem não é fã hardcore provavelmente não vai reconhecer nenhum dos antagonistas aqui, então além de ser positivo pelo fator surpresa, também é ousado por terem saído da mesmice e decidido iniciar essa história sem o grande rival dos personagens: o Destruidor.

Um dos maiores pontos positivos de Caos Mutante foi a humanizada que deram nos personagens. Cada tartaruga tem sua personalidade e isso permanece intacto aqui, mas finalmente agregaram sentimentos mais lógicos ao quarteto. Eles não são apenas adolescentes ingênuos querendo se divertir, mas acima de tudo, buscam algo que todo mundo já desejou nessa fase da vida: aceitação. Nossos heróis lidam com o grande dilema de não serem bem vistos por uma sociedade de humanos e estão dispostos a fazer qualquer coisa para mudar isso.

Gostei muito da repaginada que deram em cada personagem aqui, inclusive na April, que deixou de ser uma repórter famosa e voltou aos tempos de escola, se tornando uma simples adolescente que sonha em ser jornalista um dia. Todos acabam se unindo por um objetivo em comum, mas desenvolvem uma amizade bastante verdadeira. A química dos personagens é ótima e os diálogos roubam praticamente qualquer cena.

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante é um filme para todas as idades, então acabaram apostando alto no humor para garantir que os adultos também tirem bom proveito desta experiência. Assistimos à versão dublada e todas as piadas estão muito bem localizadas, usando e abusando de memes e expressões que só nós, brasileiros, conseguimos entender. Em alguns momentos pode parecer meio forçado, mas no geral dá para rir bastante.

O humor central do filme também não poupa referências à cultura pop e até mesmo a figuras do nosso mundo. Não esperava menos de um roteiro escrito pelas mentes de Jeff Rowe (Gravity Falls, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas), Brendan O’Brien (Vizinhos) e Seth Rogen (que está em aproximadamente 70% das comédias norte-americanas). Só senti falta de um pouquinho mais de emoção nesse enredo, mesmo que o foco claramente fique em ser engraçado e divertido, acima de tudo.

Quanto às aparições de outros mutantes, achei todas muito bem-vindas, por menor que seja seu papel na história. Não esperava encontrar alguns dos monstros que só chegaram a aparecer no desenho animado clássico, então foi divertido poder vê-los interagindo com as tartarugas em outras mídias. Minha única crítica fica a cargo do vilão principal, que não convence muito, apesar de ter motivações coerentes com o enredo. Acabou que uma ameaça no nível do Destruidor fez falta aqui.

Já na parte da trilha musical, não espere ver nada à altura dos filmes do Aranhaverso, que são o ápice de uma experiência musical dentro de animações cinematográficas. As músicas de Caos Mutante são legais e se encaixam bem com a atmosfera do filme, mas com exceção de uma cena ou outra, acabam não tendo o impacto que poderiam ter. É um potencial desperdiçado, mas que certamente pode ser corrigido em suas futuras sequências.

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante é um filme para toda a família, daqueles que ninguém sai triste depois de assistir. Não chega a ser uma das maiores animações do ano, mas com certeza é o reboot mais interessante dos personagens em um bom tempo. Tem potencial de sobra para se transformar em uma trilogia de muito sucesso, além de provar que as tartarugas continuam tendo muito caldo para oferecer. Já quero mais!