Amor, Sublime Amor – Crítica

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Após exatos 61 anos de um dos grandes clássicos do cinema, o musical Amor, Sublime Amor ressurge em um remake moderno e empolgante dirigido pelo gênio Steven Spielberg, que entrega um trabalho que transcende em emoção e esplendor visual.

Essa é a primeira vez que Spielberg trabalha na direção de um filme completamente diferente de seus anteriores, e nada pode descrever essa experiência se não a palavra: deslumbrante. É de longe uma das produções mais dinâmicas do diretor, que consegue se sair tão bem como se fizesse isso há décadas.

Neste remake, a mensagem ainda é mesma de 1961, mas com uma nova roupagem, atualizado para o público atual. É sobre o grande sonho americano, das inúmeras possibilidades, mas também do lado cruel de ser imigrante e latino nos EUA. Spielberg, junto com o roteirista Tony Kushner, apresenta um novo olhar para o clássico musical, e em alguns aspectos é melhor que o seu antepassado.

Em Amor, Sublime Amor somos teletransportados para o ano de 1957 – com uma belíssima fotografia de Janusz Kamiński – quando o jovem Tony avista Maria em um baile do colégio na cidade de Nova York. Seu romance crescente ajuda a alimentar o fogo entre os membros dos Jets e Sharks – duas gangues rivais que disputam o controle das ruas.

O filme realmente se preocupa em passar uma mensagem de consciência que abrange tudo que é possível em uma sociedade, principalmente sobre o racismo e consequentemente a violência racial.

Sendo assim, Amor, Sublime Amor é a representação crua e ao mesmo tempo maquiada da realidade urbana em muitos lugares, principalmente nos EUA. Chega a ser irônico como o debate tão atual sobre construir muros ou pontes entre pessoas e países pudesse ser tão bem representada em uma obra musical que foi escrito há mais de 60 anos atrás.

Apesar do apelo antiracial, o filme é um romance nos moldes Romeu e Julieta tendo como pano de fundo as favelas de Nova York. É incrível como as canções traçam habilmente os paralelos contemporâneos da história e realidade. Mesmo o romance sendo o fator que embeleza a tragédia, são as performances sutis que geram os problemas apresentados por essa multidão de jovens – principalmente os brancos – motivados para a violência racista.

Em meio a este caos poético e vislumbrante, temos os protagonistas que interpretam os amantes Tony (Ansel Elgort) e Maria (Rachel Zegler). Ambos os atores estão incríveis e performam muitíssimo bem as cenas de seu romance pitoresco e dramático. Zegler surpreende com seu carisma e sua belíssima voz. Já Elgort, apesar de ser a única grande celebridade do grupo, é facilmente ofuscado pelos atores secundários que são incrivelmente talentosos e charmosos em tela, como Ariana DeBose interpretando a icônica Anita, e Mike Faist como o fanático Riff.

Ariana DeBose, apesar de novata nas telonas, tem uma carreira promissora na Broadway e por isso temos uma personagem tão fabulosa e entregue que dá gosto de ver. Não atoa que sua personagem, Anita, ganha mais espaço em tela se comparada com a sua versão de 1961, que rendeu o Oscar para a veterana Rita Moreno, que retorna para interpretar Valentina, a dona da farmácia.

Maike Faist faz de Riff um personagem tão impecável que parece estar em combustão e facilmente ele poderia explodir em chamas ou talvez fogos de artifícios.

Amor, Sublime Amor de Steven Spielberg celebra e homenageia o filme original, mas faz o seu próprio milagre em uma releitura atual, significativa e diversificada, que traz novamente à tona um assunto que merece a sua relevância. Um filme para se emocionar e também conscientizar todas as gerações.