Ace Combat 7: Skies Unknown – Review

ace combat 7 skies unknown screenshot 004

A série Ace Combat nasceu em 1993 pelas mãos da Namco Limited, hoje Bandai Namco, o que significa 26 anos trazendo desafios de simulação aérea. Pode ser difícil para quem começou agora entender o fascínio dos fiéis fãs da série, então vamos fazer um brevíssimo apanhado desses 26 anos para entender como a série chegou no atual momento.

Em Air Combat, primeiro título da franquia, a simulação em arcade focava nos combate com um caça F-16 em diversas missões. Já Air Combat 22, de 1995, é uma continuação do simulador arcade, em que o jogador cumpre as missões de combate aéreo, mas há um contador de tempo que, quando zerado, encerra o gameplay. Aos poucos a série foi ganhando mais recursos e possibilidades por conta dos avanços no desenvolvimento dos simuladores. Também em 1995 o jogo foi trazido para o PlayStation, ainda com o nome Air Combat, fundando o padrão de possibilidades que temos até hoje: o cumprimento de missões e o ganho de recursos para compra de upgrades e itens de recompensa in game, como aviões e mini-jogos para serem desbloqueados.

Em 1997 a série se consolida como Ace Combat e o segundo título para PlayStation traz novamente a história de um mercenário, como no primeiro jogo dos consoles, mas dessa vez com uma missão bem mais importante: impedir uma trama terrorista, ganhando recursos para melhorar sua aeronave. Ao longo dos anos a série foi ganhando adições interessantes e ousando nos desafios, como em Ace Combat 3: Electrosphere, de 1999/2000, com missões praticamente espaciais, além da tomada de decisões que influenciam o jogo (versão japonesa do game) e a inclusão do piloto automático. Aqui também começa a consolidação do mundo fictício presente na série, apresentando o continente de Usea (que já estava presente em Ace Combat 2) em um mundo chamado Strangereal e suas tramas políticas e bélicas, além de importantes mecânicas, como visão 360◦, escolha de mísseis e expansão do sistema de rank.

Ace Combat 4: Shattered Skies, de 2001, e Ace Combat 5: The Usung War, de 2004, são marcos importantes da série, efetivando Strangereal como a conhecemos nos jogos mais atuais e colaborando muito com a ampliação do repertório de aeronaves, trazendo muitas missões e sendo considerado os dois melhores jogos da franquia até então (Ace Combat 4 foi o mais bem-sucedido em vendas e críticas). Ace Combat 6: Fires of Liberation, de 2007, não teve a mesma recepção positiva, mas trouxe o multiplayer online para a franquia.

Ao todo, a série conta com dezoito títulos distribuídos em diversos consoles, incluindo o free-to-play Ace Combat: Infinity (2014), focado no multiplayer cooperativo online, e o mobile Ace Combat: Northern Wings (2011). É uma das mais importantes e populares séries de simuladores e, desde seu nascimentom até então foram muitos altos e baixos, que agradaram mais ou menos os fãs, ávidos por jogos de ação que tivessem como proposta a simulação de combates aéreos. Quantos títulos temos para as novas gerações de consoles que de fato conseguem trazer essa experiência com tantos anos de bagagem em desenvolvimento?  Isso explica muito porquê a série ainda tem jogadores fiéis e cada jogo anunciado gera bastante interesse e expectativa.

Vamos voar!

Alguns jogadores se sentem temerosos em jogar Ace Combat por ser um simulador. Fique tranquilo! Ace Combat 7: Skies Unknown é bastante acessível em termos de mecânica e desde o início o jogo te dá a possibilidade de fazer um vôo mais preciso para jogadores mais experientes com a franquia (ou não), com controles que facilitam as manobras e as perseguições aéreas, além da escolha da dificuldade. Para quem já jogava Ace Combat, o jogo é bem semelhante aos anteriores.

É possível pilotar em três visões diferentes, o que incide diretamente na imersão do game. A visão interna do cockpit proporciona uma experiência mais próxima ao real, mas pode ser desconfortável para alguns jogadores. Por isso é possível jogar em terceira pessoa, tendo uma visão completa da aeronave e do que acontece no entorno, ou em primeira pessoa, visualizando somente as informações de velocidade, altura, radar, armamentos e danos.

Na pele de Trigger, um piloto novato no Esquadrão Mage, o jogador terá que passar por missões de escolta, combate aéreo, investidas em alvos terrestres, entre outras, além de pousar e reabastecer em alguns momentos do jogo. Caso não se sinta seguro para pousar ou reabastecer, é possível pular a manobra, como também é possível inverter o eixo vertical se não estiver acostumado com a simulação do manche.

As missões envolvem a utilização de mísseis ar-ar ou ar-terra, aeronaves reais, como MiG-29 e Mirage-2000, com diferentes atributos de velocidade e resistência, e podem ser adquiridas com os recursos obtidos nas pontuações realizadas nas missões. Há uma novidade: as nuvens cumprem um interessante papel proporcionando atributos de furtividade nas missões com essa finalidade – em compensação, ficar muito tempo nas nuvens faz o avião literalmente congelar.  Infelizmente só há opção de pilotar aviões caça, ficaram de lado os helicópteros e outros aviões de guerra.

Os combates são intensos e a IA dos caças inimigos está na medida certa. Por vezes, alguns combates se estendem e obrigam o jogador a mudar a estratégia para que tenha sucesso. Os inimigos podem ser aeronaves reais ou fictícias, de acordo com a trama desenvolvida no jogo.

A Bandai Namco claramente não quis diversificar o gameplay, apresentando aos jogadores a receita de sucesso já consolidada, mas poderíamos ter aqui um pouco mais de ousadia. Uma maneira seria apresentando uma gama maior de aeronaves, não somente caças, abrindo a possibilidade de investir na física do vôo de cada uma, mudando significativamente a experiência de pilotá-las.

A treta

Por falar em trama, a história trata-se de um grande combate entre Osea e Erusea devido à construção do Elevador Espacial Internacional. Erusea considerou a construção do elevador uma afronta à soberania do reino, atacou e tomou para si o controle do elevador. Cabe a Trigger e ao Esquadrão Mage retomar o controle do elevador e pôr fim ao conflito.

Como em Ace Combat 4, o gameplay apresenta histórias diversas sendo contadas. A narração dos eventos que ocorrem no jogo é envolto na tramas pessoais de personagens secundários contados nas cutscenes. Há o desenvolvimento da história de Trigger e, ao longo das missões, conversar via rádio ajudam a compreender detalhes dos problemas que surgem no Esquadrão Mage, além de apresentações detalhadas dos objetivos antes das missões.

São nestes momentos que o jogador também se sente imerso na guerra travada no continente e passa a ficar curioso com o que acontecerá com os envolvidos na história. Entretanto, é possível se divertir sem dar muita atenção à trama, especialmente nas conversas de rádio que acontecem ao longo do combate aéreo. Caso seu inglês não esteja bem afiado, é possível que se perca alguns pequenos detalhes nessas conversas, já que é bem difícil concentrar-se em perseguir os inimigos e ler a legenda do áudio.

Detalhes técnicos

Já que falamos de áudio, as músicas de Ace Combat 7 não são marcantes e podem até passar despercebidas por um jogador mais desatento. A maioria delas são feitas para acompanhar o ritmo dos combates ou serem mais melancólicas nas cutscenes que contam a história dos personagens.

Em compensação, há um cuidado com a edição de áudio e os sons típicos de um combate aéreo, como mísseis passando de raspão, o som dos motores dos aviões e as intempéries naturais, como ventos.

Os gráficos estão muito bonitos e a mescla com CGs e fotorrealismo deixam o clima do jogo bastante realista, como deve ser em um simulador de combate aéreo. Por isso os jogadores podem abusar nas screenshots para registrar suas máquinas em ação.

Uma paixão: AVIÕES!

Para quem gosta de aviação de caça, os simuladores costumam ser um prato cheio para nos aproximarmos de uma paixão muitas vezes distante da realidade dos meros civis. A aviação militar em geral é muito apreciada por diferentes pessoas e os jogadores de Ace Combat provavelmente compartilham dessa paixão. Assim que um jogo é lançado, todos já querem saber quais são os aviões disponíveis para controlar.

Há no game uma árvore de aviões que permite a aquisição de caças, peças e armamentos diversos, além de outros aviões que são desbloqueados com o avanço na campanha single-player. São 30 aviões para serem adquiridos, de 4º e 5º geração de caças, abarcando inicialmente aviões franceses, russos e americanos.

Além da campanha, é possível jogar missões individuais e também alguns modos multiplayer, tanto cooperativo quanto mata-mata, aumentando o tempo de vida do game e a diversão com os combates.

Ace Combat 7: Skies Unknown é um grande jogo que nos trouxe novamente à era de ouro de Ace Combat 5, com mecânicas sólidas e combates estimulantes, que te fazem chegar às últimas missões com muita diversão. Entretanto, não apresentou novidades que marcassem a franquia e o novo título.

Quem sabe o próximo título reserve alguma surpresa.