A Caminho de Casa – Crítica

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 Não é de hoje que os filmes exploram a relação entre seres humanos e nossos bichinhos, temos as mais diversas abordagens, de “Beethoven” até “Marley e Eu” e “Sempre a Seu Lado”. A Caminho de Casa bebe da mesma fonte e tenta emocionar as audiências ao mostrar um novo lado dessa relação, dessa vez através dos olhos da cachorrinha Bella, interpretada por Bryce Dallas Howard. Não, você não leu errado, interpretada! Como a narrativa se desenrola através desse diferente ponto de vista, ouvimos os pensamentos de Bella, na voz da atriz supracitada.

O longa metragem é baseado no livro homônimo, escrito pelo próprio roteirista do filme (W. Bruce Cameron) e conta a história de Bella, uma cadela de rua que é encontrada por Lucas (Jonah Hauer-King), um estudante de medicina que dá a ela um lugar que ela pode chamar de casa. O primeiro ato é baseado na construção do relacionamento entre os dois através de uma montagem com brincadeiras, cenários engraçados e até mesmo algumas situações absurdas pelas quais os dois passam, essa parte realmente é bem orgânica.

O primeiro ponto de virada acontece quando dois antagonistas, extremamente caricatos, diga-se de passagem, fazem com que Bella e Lucas se separem, porque há, na cidade de Denver, uma Lei que proíbe a posse de Pitbulls, bastando 3 agentes da “carrocinha” identificarem o cachorro  como Pitbull para poder confiscá-lo. A solução encontrada por Lucas e sua mãe, interpretada por Ashley Judd, é se mudar para uma pequena cidade nas redondezas e, enquanto isso, Bella deveria ficar na casa dos tios de uma amiga de Lucas. No dia em que ela seria buscada e levada para o seu novo lar, Bella acaba fugindo e deve percorrer mais de 400 milhas para retornar para sua casa e Lucas. Os atores humanos, inclusive, estão apenas operantes, não se destacam e são muitas vezes exagerados e caricatos.

Como passamos a maior parte do filme acompanhando a Bella, a “narração” de Bryce Dallas Howard se mostra importante, visto que em várias situações ela é necessária para se entender o que está acontecendo e, convenhamos, a maioria das pessoas não prestaria atenção se fosse apenas um cachorro latindo e andando durante uma hora. O problema aqui é que há uma constante quebra de clima e imersão pelo uso excessivo desse recurso, em diversas cenas seria suficiente, e até melhor, deixar apenas os sons de choro da Bella, que, por sinal, é uma cadela de verdade durante a maior parte do filme.

Além disso, há diversos momentos que fazem o uso de Computação Gráfica para representar os outros animais, que quando aparecem sozinhos se misturam bem, entretanto, quando em conjunto a um cachorro de verdade, mostram-se extremamente fracos e perceptíveis. A trilha sonora é extremamente óbvia, genérica e esquecível, não emocionando e várias vezes nem combinando com o que se tem em cena. Os diálogos são expositivos a ponto de incomodarem, especialmente em uma cena ao final do filme que, por motivos de spoiler, não entrarei em detalhes, mas é completamente desnecessário e tira toda a emoção da cena, sendo utilizado apenas para dar uma informação para o público, essa que já havia sido explicada momentos antes.

A Caminho de Casa provavelmente irá te emocionar, especialmente se você tem uma conexão mais forte com animais, eu mesmo chorei em um momento do filme, mas não pela construção feita em cena, e sim pela relação representada na obra. O longa sofre de problemas de ritmo, não sabe manipular bem as emoções que evoca e, apesar de mostrar uma bonita história, é esquecível e funciona apenas pela temática, não pela execução.